Coberto de razão,  o deputado federal Wandenkonl Gonçalves (PSDB), ao rejeitar a colocação de sua assinatura  ao Projeto de Lei nº 3453, de autoria do deputado federal Giovanni Queiroz, que propõe a regulamentação de consultas plebiscitárias.

Ao deixar claro as razões que o levaram a negar apoio à  iniciativa de Giovanni, o deputado de Itupiranga deu um tapa na hipocrisia, corajosamente, ao não se permitir ser usado numa proposição fadada ao engavetamento e que tem, como pano de fundo, objetivo claro de prestar contas ao eleitorado do Sim, nesse período de ressaca da proposta divisionista, rejeitada nas urnas.

Não é mais tempo de fazer mise-en-scène.  Busca-se a racionalidade ou a tal sonhada criação de novos estados não passará do que realmente tem sido até agora: sonho.

Wandenkolk absorveu muito bem o sentimento de oposição existente no Congresso Nacional a qualquer proposta de criação de novos estados sem que se discuta à exaustão uma nova configuração territorial para o país.

O caminho menos íngreme ( também não menos tortuoso)  para a concretização de  Carajás, Tapajós e outras propostas de criação de novos estados, é a instalação da Comissão Especial para estudar e propor uma nova divisão territorial brasileira – defendida por Gonçalves.

É por aí.

Esse babado proposto pelo Giovanni,  não passa.

É polêmico pelo caráter individualista  da matéria,  centralizada, de novo, em um produto que acabou de ser rejeitado, aos olhos críticos  da Nação.

Serve, sim, potencialmente,  para fermentar a imagem de Queiroz como “defensor de Carajás”, mas de prático,  vale zero.

Wandenkolk demonstrou sobriedade com sua decisão, além de ter chutado o pau da barraca ao ser exposto à xenofobia e aos berros rancorosos daqueles que defenderam Carajás e Tapajós como o salvação de todos – e é bom que o azedume e as pulgas de plantão não venham dizer que o deputado de Itupiranga está  “conspirando” contra a criação dos dois novos estados. Ele foi um dos parlamentares que mais se expuseram favorável a proposta, tanto que andou sendo escanteado por  figuras expoentes do governo do Estado.

A população tem que ser conscientizada do que é realmente possível fazer de positivo, no Congresso Nacional,  para a criação, num futuro não muito próximo, de novos estados – e não ser exposta, outra vez, a sonhos impossíveis, iludida irresponsavelmente.

Ao invés de  segurar-se na propaganda de um projeto que não vai prosperar no Congresso Nacional, Giovanni faria um bem danado à causa se procurasse cerrar fileiras em torno da instalação da Comissão Especial,  prevista no Ato das Disposições Transitórias da Constituição Brasileira, destinada a estudar a reconfiguração territorial do país.