Importante reunião ocorreu em Brasília, no meio da semana que chega ao final, entre integrantes da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara Municipal de Marabá e a mineradora Vale.

De um lado, o presidente da CDE, vereador Miguelito Gomes, representando a comissão – do outro, o diretor de Relações Institucionais da Vale no Brasil, Luiz Ricardo de Medeiros Santiago (foto).

Inicialmente, falando em nome de todos os membros da CDE (posteriormente, a presidência da comissão obteve tempo para que todos os demais integrantes admoestassem o representante da mineradora), Miguelito lembrou os diversos ciclos econômicos experimentados pelo município de Marabá, desde sua fundação, para em seguida ironizar o modus operandi da companhia.

 

Ciclo das Promessas

– “Em Marabá, nós já tivemos o ciclo da extração de diamantes nos rios da região; o ciclo da borracha; ciclo da castanha; ciclo  da extração madeireira; ciclo do ouro; ciclo da pecuária; ciclo do minério, e agora vivemos às voltas com o  ´Ciclo das Promessas´ tocados pela Vale, pelos governadores de plantão e pela classe política de modo geral”, sapecou Miguelito, ao provocar o representante da mineradora para os temas que seriam abordados posteriormente.

 

A essa provocação, Luiz Ricardo disse que a mineradora está vivendo novos tempos, tendo humildade para enfrentar as adversidades, admitindo que as tragédias ambientais de Brumadinho e Mariana serviram de ensinamento para o perfil da empresa.

“Eu gostei de ouvir isso do executivo da Vale, falar de humildade, palavra que não havia no dicionário da Vale  em sua relação com as comunidades”, destaca Miguelito.

 

Cumprir o que deve

O presidente da Comissão de Desenvolvimento jogou à mesa algumas demandas, ainda em abertas, que a Vale vem ´levando com a barriga´. Exigiu que cada tópico fosse cumprido para que a confiança entre as partes fosse restabelecida.

Entre as demandas, a construção da  segunda ponte rodoferroviária sobre o rio Tocantins.

Ações para induzir a consolidação do Distrito Industrial de Marabá para geração de emprego e renda, estimulando a vinda de novas empresas para Marabá.

Miguelito cita, como exemplo, a  tão falada planta da Tecnored, que possui projeto de baixa emissão de carbono para a cadeia produtiva.

“Esse projeto é muito interessante e viável, já que foi elaborado com base sustentável para a instalação de planta industrial em Marabá, um produto inovador para a produção de ferro gusa, matéria prima para a fabricação do aço. Com esse projeto, a Sinobrás seria beneficiadam podendo, com isso,  ampliar sua capacidade de produção, gerando mais emprego”, explica Miguelito, lembrando que a planta da Tecnored foi apresentado ao governo do Pará pela própria Vale, mas que ficou sobrestado.

Comissão reunida com a direção da Vale, em Brasília

“A região de Marabá demanda por ações que busquem maior desenvolvimento e acreditamos que esse projeto tem tudo para dar certo, pois incentiva o agricultor a produzir matéria prima, além de melhorar a produção de proteínas e fazer a economia circular na região. O governo do Estado está disposto a viabilizar esse projeto o mais rápido possível. A verticalização do ferro no Pará é um anseio da população local há tempos e agora teremos uma nova proposta para tornar isso uma realidade”, disse Miguelito.

 

Fórum Permanente

 

Nesse sentido, propõe-se a criação e cumprimento de um Fórum Permanente entre a Comissão de Desenvolvimento Econômico e a mineradora, para discussão dos interesses comuns, como buscar a implantação dos projetos citados com acompanhamento permanente.

 

Rodovia Salobo-Marabá

A Comissão de Desenvolvimento  exigiu da Vale a construção da rodovia ligando a mina do Projeto Salobo à sede de Marabá.

“Atualmente, os marabaenses precisamos ir por Parauapebas, para chegar até o Salobo. É necessária a imediata construção da rodovia, que seria a qualificaçlão da Estrada do Rio Preto, já existentes, mas que recebesse tratamento digno, como sua pavimentação, explica Miguelito.

Para essa questão, o diretor da Vale prometeu fazer estudos e apresentar uma proposta em 45 dias, quando o Fòrum Permanente realizará sua reunião ordinária.

 

Belo Monte

Durante reunião, Miguelito responsabilizou a Vale pela explosão demográfica registrada nos últimos anos no município, advinda dos grandes projetos anunciados pela mineradora, e nunca executados.

Explosão demográfica causadora de problemas como aumento da violência, surgimento  relâmpago de bairros na periferia advindo de invasões, citando alguns.

“Se não fosse a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, que arrebanhava diariamente centenas de pais de família desempregados, rumo a Altamira, não sabemos o que seria de Marabá. Belo Monte salvou o município”, conta o vereador, em seu nono mandato parlamentar.

 

Ferrovia do Pará

Por fim, a boa notícia, anunciada em primeira mão pela mineradora: a construção de Ferrovia Paraense, ligando Marabá a  Barcarena.

“Quando estávamos cobrando a promessa da mineradora de  que  iria arrumar  algum grupo econômico para implantar a ferrovia de Marabá a Barcarena, promessa feita anos atrás,  Luiz Ricardo disse que estava revelando em primeira mão que a própria Vale iria construir a Fepasa, ligando nosso município ao porto de Barcarena”.

Além de Miguelito Gomes – presidente da Comissão de Desenvolvimento Socioeconômica -, participaram do encontro com a Vale, Pedro Corrêa Lima, presidente da Câmara; Márcio do São Félix, secretário; Alecio Stringari, Aerton Grande, Coronel Araújo, Vanda Américo e Ricardo Pugliese, e o secretário de Indústria e Comércio de Marabá.

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Atualização (14/08)  às 14h25:

O blog trocou mensagens com o setor de comunicação da Vale, a respeito do traçado da ferrovia.

Resposta da mineradora:   “o traçado ainda está em estudo”.