Na audiência pública do projeto Serra Leste ocorrida em Marabá, num cantinho do auditório, o poster anotou com atenção o disse me disse dos oradores. Ao lado direito do palco, sentavam-se executivos da Vale do Rio Doce e, no oposto, representantes do Ministério Público. Ali se via indisposição para gestos e declarações de afinidades. Até o Estado levou seu quinhão de reprimenda.

Cena 1
Com todas as letras, a promotora Eliane Moreira lamentou “profundamente” a ausência do secretário estadual de Meio Ambiente. “Compreendo perfeitamente essa ausência, afinal o secretário não nasceu no Pará para ter compromissos com esses problemas”, disse.
Valmir Gabriel Ortega, titular da Sema, nesse caso, tem a seu favor o benefício da agenda: no exato momento em que se realizava o encontro de Marabá, ele estava reunido em Belém com representantes de madeireiros do Oeste, em audiência marcada com bastante antecedência.

Cena 2
Ao acusar o prefeito Sebastião Curió de coagir na audiência de Curionópolis os manifestantes contrários ao projeto, o procurador de Justiça Raimundo Moraes fez apelo no sentido de que a comunidade de Marabá se sentisse, nos debates, livre para se manifestar de acordo com sua consciência.

Cena 3
Os promotores públicos estão deixando patenteado o interesse em endurecer o jogo durante o calendário de consultas populares. Por ocasião da convocação das audiências, o Ministério Público, por alguma razão ainda não explicada, não incluiu a Vila de Serra Pelada na agenda de debates. Cobrada agora pelos garimpeiros, sabe-se que a promotoria estadual, baseada em algum deslize jurídico, pode, a qualquer momento, anular as reuniões até agora realizadas e zerar o jogo incluindo a comunidade de Serra Pelada no processo de debates. É bom explicar que Serra Leste fica localizada nas imediações de Serra Pelada.
Próxima audiência pública do projeto será em Belém.