Jobson, o jogador de Conceição do Araguaia flagrado duas vezes no exame antidoping por uso de cocaína, é mais um jovem do interior deste país a ser castigado duramente pelo peso da transição do ocaso para a fama. Igual a ele, outros garotos vivem a mesma situação: o sonho de ser ídolo esmagado pela saturação psicológica de estar entre dois mundos.

O mundo da miséria e do isolamento no interior de vilas e bocadas, e a descoberta da possibilidade de se tornar ídolo num grande clube de futebol.

É tênue, muito tênue, a linha a separar situações opostas.

De origem pobre vivida nas ribanceiras do rio Araguaia, Jobson quis ser apenas mais um Adriano da vida.

Ou outro ídolo dele famoso.

A exposição desse caso na mídia e as especulações criadas em torno da situação vivenciada pelo jogador, sujeito a ser banido dos esportes, devem ser analisadas com cuidado.

Se já estava vulnerável a ponto de usar cocaina ninguém sabe a quanto tempo, Jobson corre agora o risco de se transformar num marginal, com todos os riscos que isso representa para a sobrevivencia de um garoto que queria apenas ter seu nome gritado pela torcida num dia de domingo ensolarado.

O caso Jobson retrata a necessidade, cada vez mais urgente, dos dirigentes de clubes criarem departamentos específicos para o desenvolvimento do chamado trabalho psicopedagógico, uma novidade no Brasil, mas fundamental para o atleta ser acompanhado logo em que o mesmo passa a ser domínio dos clubes.

O trabalho psicológico deve ser feito de forma gradativa, a fim de que o esportista aprenda a lidar com as pressões à medida que vai crescendo profissionalmente.