Na parte final do artigo abordando violência no trânsito, Lívia Mesquita vai além da leitura que faz sobre causas e efeitos.
Propõe um plano de ação integrada entre os órgãos de segurança do município, para combater o mal.
A seguir, o texto da colaboradora:
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A morte pede passagem no trânsito louco das cidades – Final
(*) – Lívia Rodrigues Mesquita
Marabá não nos distancia dessa realidade infeliz, representada pelo trânsito caótico e violento que caracteriza a cidade, diariamente.
Com percentual de crescimento de frota de veículos superior ao de Belém, o município já conta com 5.8 % da frota de todo o Estado, graças ao seu crescimento de 20%. Acontece que, esse aumento disparado já vem sido percebido por “todos” há muito tempo, embora alguns ainda insistam na brincadeira da cobra cega. E assim, os 16.042 automóveis e as 22.515 motocicletas, ambos emplacados em Marabá (dados de 2010), tornam-se verdadeiros pesadelos para a Saúde Pública, tendo em vista os números trágicos apurados.
Deve-se observar também, a quantidade exorbitante de veículos emplacados em outros Estados, mas que trafegam aqui, numa cidade de vias públicas precárias, onde por muitas vezes, o pedestre precisa disputar espaço com automóveis e motos, motivado pela ausência de passarelas e deficiência das calçadas, parecendo ficar brincando “Amarelinha”.
Assim, embora estejamos vivendo um acelerado crescimento e desenvolvimento da cidade, somos obrigados a conviver em meio a comportamentos provincianos, onde pouco se veem incentivos e parcerias do setor público com o setor privado, visando ações de instrução comportamental no trânsito -, e incentivos à prática da Regra Geral de Circulação e Conduta.
Hoje, com o trânsito municipalizado, Marabá conta com o Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano, sendo que, é sabido, todos os recursos obtidos mediante multas decorrentes de infrações devem ser convertidos e repassados para prover ações voltadas para melhoria do trânsito do próprio Município, tais como, campanhas de educação no trânsito, políticas para prevenção de acidentes, provimento de sinalizações, dentre outros.
Porém, pouco se dirige ao progresso do trânsito os recursos procedentes desse aparelho de arrecadação.
Calçadas esburacadas, ruas escuras, carência de ciclovias e passarelas, placas de sinalização escondidas entre árvores, e, como se não bastasse, impunidade daqueles que mancham dolosamente nossas vias de sangue.
No dia 4 de dezembro de 2011, Marcelo Morhry teve sua carreira de músico findada por uma caminhonete desgovernada na Avenida Transmangueira, conhecida ironicamente como “Avenida da Morte”. Uma colisão de tamanha brutalidade e justificada pelo excesso de velocidade tirou “Marcelão” de nossa convivência, obrigando-o a encerrar seus sonhos, aos 39 anos.
Somente depois de oito dias (12/01), José Alexandre Bernardes de Souza, acusado por conduzir o veículo, apresentou-se á Delegacia Civil, onde nem sequer mandado de prisão o esperava.
“A justiça só é cega
Quando não quer ver
Quando a lei se nega
A se fazer valer
Para uns implacável
Para outros maleável
Ou até negociável
Ter leis em questão
É o mesmo que não
Leis sem efeito, que abrem exceção
Abrem precedentes a dúbia aplicação…” (Impunidade – Tribo de Jah).
…E assim, a lei da impunidade desdenha a lei da vida.
Alguém que usa imprudentemente uma via pública, transformando seu veículo numa arma, e de prontidão a mudar a história de qualquer um que cruzar seu caminho, não pode ser recepcionado por autoridades sem o devido comprometimento em fazê-lo responder pelos seus atos.
O acusado, sob efeito de álcool e municiando uma velocidade bem acima da permitida para o trecho, vitimou além de Marcelo, o mototaxista Alcides Pereira da Silva Filho (36), ambos no mesmo acidente. Sem pensar duas vezes, José Alexandre nem sequer prestou socorros, e, evadindo-se do local do atropelamento, deixou suas vítimas agonizando no mato frio e molhado e à espera de ajuda.
Todo condutor tem a obrigação de conhecer e cumprir a legislação. É essa obrigação que determina seu ônus de zelar por um trânsito seguro e pela vida. Porém, José Alexandre optou por sua inobservância, e, cumulando álcool e direção, que é o mesmo que “caminhar numa verdadeira contra mão”, esvaneceu vidas, dissipando os sonhos de três famílias.
Quanto à Avenida Transmangueira, ainda que determinado em lei, é desprovida de acostamento, tornando-se um trecho de potencial risco para todos. Uma via que nasceu para desafogar o trânsito de Marabá vem colecionando mortes provocadas por motoristas que aproveitam da precária iluminação e ausência de fiscalização desse segmento para o cometimento de várias infrações, sendo a mais comum o excesso de velocidade.
Para combater esse calamitoso estado de descontrole de mortes no trânsito de Marabá, urge às autoridades sentarem à mesa para discutir a aplicação de um plano integrado entre forças do Detran, DMTU, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, além de outros órgãos, para o combate à violência nas ruas da cidade.
Não vislumbramos outra saída diante da preocupante e grave situação das estatísticas de mortes.
A parceria dos órgãos citados na aplicação do plano integrado pode ajudar a reduzir a violência no trânsito por meio de atividades educativas, inclusão dos cidadãos na melhoria da segurança viária e maior fiscalização nas áreas críticas.
Previamente, as autoridades envolvidas no plano emergencial definiriam locais e os horários para a realização desse trabalho de maneira integrada com todos os órgãos da Segurança Pública, mapeando os pontos onde o índice de violência está mais elevado, e com isso viabilizar um combate pontual nas localidades.
Inicialmente, numa situação experimental. Depois, aventando a possibilidade das ações se tornarem permanentes.
As forças de segurança, numa estratégia bem elaborada, poderiam atuar na operação sem prejuízo às atribuições individuais de cada força.
Além disso, as polícias Civil e Militar poderiam, aproveitando a união de todos os órgãos, atuar também no combate à criminalidade nos locais da operação. Quem sabe poderíamos estar diante de uma operação pioneira, que poderia gerar resultados grandiosos.
Como forma de conscientização dos motoristas, campanhas educativas deveriam ser colocadas em prática com distribuição de panfletos e instruções em bares, restaurantes, postos de gasolina e nas adjacências dos locais da operação.
Alguma ação lógica e decidida precisa ser feita, urgentemente.
O que não pode continuar é essa onda de mortes descontrolada no trânsito da cidade, sob o beneplácito quase geral das autoridades.
“Segurança púbica é dever do Estado”. Então, devemos ser vigilantes, esforçarmos como em verdadeiras guaritas, e, mobilizar os vários segmentos da Sociedade, de modo a cobrar providências de caráter imediato quando nos referimos ao trânsito.
Trânsito sadio requer metas audaciosas.
(*)- Lívia Rodrigues Mesquita é Bacharel em Direito.
Célia Pinto
24 de fevereiro de 2012 - 22:00Obrigada Hiroshi e Lívia, pelas palavras de solidariedade e pelo interesse! No próximo domingo estaremos na Praça da República juntamente com a Ong Movida para uma pequena homenagem para marcar os dois meses de saudade. Faremos uma panfletagem com uma mensagem educativa. Achamos que é uma boa maneira de homenagear alguem que tanto se dedicou a construir um trânsito melhor. Um grande abraço!
Lívia Rodrigues mesquita
24 de fevereiro de 2012 - 15:42O que nos falta…O cumprimento da Tutela, a nós prometida pela Constituição Federal.O que nos falta…Que nossos representantes tenham compromisso com a vida.O que nos falta…Que a legislação de trânsito não seja “pouco explorada” apenas em exames de admissão de carteira.O que nos falta…Sobra no bolso de políticos,visto que,nunca temos como prioridade uma política voltada para esse problema que dizima tantas vidas. Célia,imagino sua dor,dor da perda,dor da impunidade,dor da revolta.Aguardo notícias suas,gostaria de saber como anda esse processo.Fica a grande pergunta a eles…O que nos resta?
Deixo-te um beijo carinhoso,Célia pinto.
Célia Pinto
24 de fevereiro de 2012 - 14:57Lívia, me contempla o sentimento de indignação que o seu texto revela. Tambem experimento a perda de um ente querido pela imprudencia somada ao descaso das autoridades, que se mostram incapazes de fazer cumprir as leis e aprlicar devidamente os nossos recursos em melhorias no trânsito. Como em Marabá, na capital as coisas não são muito diferentes. O sagrado e constitucional direito de ir e vir ganha estatus de grande aventura diária e ao chegarmos em casa temos a sensação de termos sobrevivido a uma guerra. Assim vivemos um dia após o outro, e a despeito dos exorbitantes impostos e taxas que pagamos, nada é feito pelo poder público para que essa realidade se altere, a não ser pra pior. Meu irmão Adauto Melo era Agente de Transito e foi atropelado no dia 26 de dezembro quando tentava ordenar o rtansito em uma avenida no centro de Belém. Além da indignação que aqui compartilho, uma pergunta me ronda o tempo todo: QUANTAS mortes ainda serão necessárias para que as autoridades de trânsito assumam suas responsabilidades? Sabemos que cada um tem que assumir um papel nesse processo e fazer a sua parte, más cabe ao Estado o papel de indutor e promotor desse processo. Não está cumprindo.
Celinha, sei de sua dor e de toda a família. O criminoso ainda responde ao crime em liberdade? Deixe os leitores do blog sempre informados sobre a luta de vocês para conseguir a punição do culpado. Abs
Lívia Rodrigues Mesquita
3 de fevereiro de 2012 - 17:31Problema de Gestão associada com descaso propõe um tráfego caótico. É o caos insistindo em fazer sentinela em nossas vias. E, aqueles que detêm o poder de mudar essa triste realidade trancam-se em seus gabinetes, cruzando os braços…
A propósito, Lívia, o Correio do Tocantins desta quinta-feira, 2, publicou matéria sobre a violência no trânsito. Depois da publicação de seus dois posts aqui no blog, o jornal também mergulhou na questão apresentando dados estatísticos das mortes ocorridas na cidade, ou seja, uma verdadeira suite ( Em jornalismo, aquilo que designa desdobramentos de um fato).
Luis Sergio Anders Cavalcante
3 de fevereiro de 2012 - 15:22Não só no DMTU, nas varias Secretarias da PMM, responsaveis diretos pelas tais, reclamam, veladamente, de falta de estrutura etc… Peçam o boné….. Mas, preferem a omissão. E o povo ? Ora, o povo é um mero detalhe,. Em 03.02.12, Marabá-PA.
Luis Sergio Anders Cavalcante
3 de fevereiro de 2012 - 11:27Concordo com o Eleutério, porém, há, e devem acontecer ações imediatas e simples. Prá começar, que tal, blitz noturnas à partir de 17/18 hs. diáriamente, para coibir, como exemplo, os aficcionados do álcool que se plantam em bares na orla marítima na Mba. Pioneira, para “tomar umas” e após, saem “dirigindo” como normal, às vezes com som automotivo nas alturas, perturbando muitas pessoas e ao mesmo tempo, colocando em risco sua vida e de quebra as de outrens. A filosofia correta é o “prevenir para não remediar”. Simples, assim, porém, ao que parece, difícil de executar pelos orgãos responsaveis. Em 03.02.12, Marabá-PA.
Lívia Rodrigues Mesquita
2 de fevereiro de 2012 - 06:08Eleutério…É o mínimo que merecemos! explicações..Porém,talvez precisem fazer “cursinho” pra isso…Enfim,reforçando nossa dúvida,fica a pergunta:QUEM?
Eleutério Gomes
1 de fevereiro de 2012 - 21:27Não há fórmula mágica nem modernas leis para minimizar ou até mesmo zerar as mortes no trânsito de Marabá ou de qualquer outra cidade do mundo. O problema está no indivíduo atrás do volante, ele é que dirige com imprudência, faz ultrapassagens arriscadas, assume a direção bêbado, não guarda distância segura em relação ao veículo da frente, se enclausura no seu carro, liga o ar refrigerado, levanta os vidros e passa a ter superpoderes. A pergunta é, ou, as perguntas são: Que motoristas estão formando as autoescolas, agora pomposamente chamadas de centro de formação de condutores? Qual a complexidade dos testes psicoténicos que, tecnicamente, devem determinar se o indivíduo tem ou não preparo para dirigir? De que forma são feitos os testes práticos? Está havendo facilitação para que o candidato seja aprovado, mesmo que não esteja preparado? Se está havendo, a troco de quê? Os agentes de trânsito estão mesmo fiscalizando o movimento de veículos nas ruas? Ou estão somente escorados nos postes multando à distância? O que pensa o pai do menor que dirige nos fins de semana, quando a lei está descansando em berço esplêndido? Que ele e seu guri são muito espertos por estarem burlando as leis? Por que muita “gente boa” comete verdadeiras atrocidades no trânsito e sequer é incomodada pelos agentes da lei e continua ao volante, matando? Quem tem coragem de responder a cada uma dessas perguntas, com sinceridade? O super-homem bêbado do volante? A autoridade condescendente? O examinador complacente não se sabe a que troco? O agente ocioso de suas funções? Quem?
Giovani
1 de fevereiro de 2012 - 18:36Livia concordo plenamente o trânsito esta realmente loco
e isso e uma problema que deve ser resolvido rapido e as pessoas tem que se ligar e melhor o tranzito não so em Marabá mas em outras cidades que vive cheia de ingarrafamento
cansado d corrupção
1 de fevereiro de 2012 - 18:23Ja ouvi por varias vezes agent do DMTU dizendo que n faz blitz na trans-mangueira pq la é escuro.Ficam c medo d asssltos!! Isso sim q é falta d vergonha ao quadrado! não zelam pela nossa segurança nas ruas, n zelam por um transito saudavel…Mas eles zelam p “tufar” a conta bancaria deles…
Anônimo
1 de fevereiro de 2012 - 17:55Esses agengtes do DMTU só se preocupam em multar e exisgir grana, mas quando é para colocar ordem no trânsito, nunca aparecem. Gostei de sua ideia para combater a violencia no transito, Livia
Morando na Cidade Nova
1 de fevereiro de 2012 - 17:32Livia seria mais fácil combater a violencia no trânsito se realmente as autoridades de Marabpa toimassem vergonha na cara e fizesse isso que vc está sugerindo no seu artigo.
Fanny
1 de fevereiro de 2012 - 14:36Ao contrário do que sugere a nossa colega, o que vemos é o descaso e as pessoas tentando remediar o que é de responsabilidade dos órgãos de trânsito, fazendo lombadas sem qualquer orientação; sofrendo com os alagamentos na duplicação da Rodovia Transamazônica e seguindo, durante as falhas do semáforo, sem a presença de um agente de trânsito em plena Avenida Antonio Maia, e por ai vai…
Precisamos da implantação de uma política de trânsito, de uma engenharia de tráfego, e de um pouco mais de sorte para escaparmos sãos e salvos enquanto nada é feito…
Com a palavra o Detran, DMTU, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal.
Reinaldo
1 de fevereiro de 2012 - 12:34O problema maior é a passividade com que as autoridades de Marabá combatem o mal do trânsito. Nada fazem, é verdade. A proposta da redatora é pertinente e deveria ser perfeitamente realizada.
junior dafia
1 de fevereiro de 2012 - 12:28O brasil não precisa de mais leis e sim que cumpra-se as leis que já temos com rigor sem discriminaçao de credo religioso classe social e ou racial. precisamos de um trabalho continuo de educação no transito, pra que as gerações futuras tenham mais respeito e principalmente educaçao no transito…
Nazaré Vieira
1 de fevereiro de 2012 - 12:14Lícia o que vc propoe é a simplicidade da simplicidade, pra combater as mortes no trânsito. Pena que nossas autoridades não estejam comprometidas com qualquer tipo de ação nesse sentido. Parabens pela proposta
Carol
1 de fevereiro de 2012 - 12:08Mulher tu tem um talento nato mesmo hein!!! Parabéns pelo texto… bjo bjo
Fica a dica né!!!
Wander
1 de fevereiro de 2012 - 11:59Esse texto deveria ser publicado em folha e endereçado às autoridades…Eles fzem vista grossa p um problema cuja solução é uma so.Vamos cobrar,colocar esse governo p trabalhar…Eu perdi meu filho num acident provocado por motorista bebado e n habilitado….uma dor q n sara..