Alguma coisa  não bate na fala e  na conta do   comandante-geral da Polícia Militar do Estado, coronel Mário Solano.

Leiam o que ele disse em Marabá, a seguir reproduzido do Correio do Tocantins, coluna Repórter Tocantins:

Questionado se a PM vai manter nas ruas de Marabá as 20 viaturas do  projeto Rede de Proteção ao Cidadão, o comandante da PM observou que as discussões sobre viatura e materiais não são prioridades do Comando-Geral da Polícia Militar, mas sim os policiais.
Indagado se haverá aumento da tropa à disposição do 4o BPM, que atende Marabá e outros 16 municípios da região, que não passam de 500 homens, o coronel Alfredo Solano não respondeu com objetividade o questionamento, limitando-se a dizer que “não se pode tratar as pessoas como números, Existem locais onde valores, costumes e atos são relevantes, e um policial pode tomar conta de uma praça com mil pessoas”.

Agora, quem questiona, é o blog.

Primeiro, que diabos faz um comandante-geral da Polícia Militar se furtando a discutir temas, como número de viaturas e materiais de uma unidade militar da importância do 4o Batalhão da PM, resvalando a questão para o contigente policial?

E quando o repórter entra na questão do número de policiais, discussão a qual ele se diz apto a nivelar, o moço desconversa, sorrateiramente, usando  frases feitas do tipo “não se pode tratar as pessoas como números. Existem locais onde valores, costumes e atos são relevantes, e um policial pode tomar conta de uma praça com mil pessoas“.

A forma como o comandante se comportou na entrevista, ao ser cobrado do alto de sua autoridade, resvala para o deboche e o desdém. Não há outro entendimento, lendo palavra por palavra do que ele disse ao repórter.

Quer dizer, preso apenas à fala do prezadíssimo oficial, manter,  ou não,  as viaturas nas ruas, não é prioridade? Tanto faz como tanto fez?

E a continha rápida, passada pela cabeça do digníssimo oficial, de que um policial dá conta de resguardar uma área ocupada por mil pessoas – isso parte de infalível critério científico ou é um processo revolucionário de seu comando visando policiar  mais com menos profissionais?

Por que a conta é outra.

A ONU recomenda um policial para cada 250 habitantes. Qualquer cabo inciante no quartel sabe disso.

Assustadora a declaração de Solano.

Preocupante mais ainda  porque, vejam só, pode levar a pique promessa do governador  Simão Jatene de que em quatro meses reduzirá o nível de violência no interior, principalmente assaltos a bancos – que nem bem o novo governo sentou o batente já  chegam a seis registrados, segundo dados dos sindicato dos bancários.

Como o 4o BPM possui 500 policiais, pela conta do posudo oficial, ele pode até tirar 250 desse total e mandar pra outro quartel, considerando a população municipal de 250 mil pessoas. Tipo assim: – “empresta a metade do 4o BPM pra quem está precisando!”

Ora, ora, ora, o 4o BPM, como bem registra o Repórter Tocantins, opera em 16 municípios habitados por  620 mil pessoas, conforme censo de 2010.

O 4o BPM necessita de 2.480  policiais, obedecendo universo de policial por habitante sugerido pelas Nações Unidas. Ou seja, está com déficit de 1.980 militares!

Somente para atuar dentro de Marabá, o quartel precisa dobrar seu contingente.

Outra coisa: em segurança pública, caso o comandante não saiba, é bom lembrá-lo, as pessoas devem ser tratadas, sim, como números.

Viaturas, policiais, armamento, tudo proporcional ao campo ocupado.

Sem os números não dá para quantificar eficiência, resultados e, principalmente, os efeitos de tudo aquilo lá na ponta do principal interessado: a população.