O problema é antigo.

A falta de autoridade das autoridades, mais ainda.

Há mais de vinte anos, os moradores da Folha 27, na Nova Marabá, enfrentam o tormento de ter que suportar  ensaios de uma banda do músico Felismar Rodrigues, pessoa muito conhecida do público  marabaense, e que não demonstra o menor pudor diante do desconforto alheio.

E não tem Secretaria de Meio Ambiente. E não tem polícia; e não aparece viva alma investida em cargo público capaz de dar um basta no crime ambiental praticado pelo moço.

Abaixo-assinado enviado ao blog por quinze famílias residentes no entorno da casa do músico relatam o drama vivido pela população da quadra.

Repórter do blog, depois de receber o documento com assinaturas dos moradores, esteve no local conversando com a população.

Conforme dito acima, o  problema perdura por inacreditáveis 20 anos.

Nesse período, os moradores já recorreram a todos os órgãos competentes possíveis,  ligaram inúmeras vezes para Semma, disque denúncia, disque emergência, e além das ligações já foram pessoalmente formalizar a denúncia na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas nunca receberam, sequer, promessas de solução para o caso.

“A situação é bem complicada, pois a banda não tem horário disciplinado, ensaiando até de madrugada, e piora ainda mais quando se aproxima eventos como aniversário da cidade e carnaval, onde os ensaios passam a ser diários”, conta um dos moradores.

O espaço em que a banda ensaia é uma garagem, e fica ao fundo da casa de Felismar – como mostra a foto abaixo.

Barulho 27

Em umas das vezes que os moradores procuraram o músico,  ele garantiu que resolveria a questão, já que estaria construindo um espaço adequado para os ensaios.

“Esse local realmente estava sendo construído, no entanto, a obra está parada há aproximadamente três anos”, revela outro morador, ao lado de sua esposa.

“O músico tem vários instrumentos, e equipamentos como caixa de som, que ele chega a alugar, o que resulta em outro problema, pois quando os equipamentos são alugados o caminhão que faz o transporte chega entre  4h  e  5h  da manhã, fazendo muito barulho”, revela a senhora.

Além do barulho dos ensaios e do caminhão, os moradores relatam ainda o incomodo causado pelos cinco cães de Felismar, que começam a latir e uivar às 7h ,  acordando a todos.

Verdadeiro pandemônio,  a quadra onde o músico reside – sem que ele demonstre o mínimo de sensibilidade para atenuar os desconfortos que causa aos seus vizinhos.

“A gente não está fazendo uma denúncia, a gente está pedindo socorro. Ele   ensaia dentro do meu quarto, que fica colado à parede do imóvel dele. Não queremos que ele pare, queremos apenas que ele encontre um lugar adequado para os ensaios. Ainda tem os cachorros que latem e incomodam muito. Aqui em casa tentamos acalmá-los chacoalhando alguns grãos de feijão dentro de uma garrafa pet”, conta outra entrevistada, clamando por ajuda do poder público.

“Se a gente mora numa cidade que tem seus agentes públicos eleitos pela população, e não podemos contar com sua presença na hora das dificuldades, como acreditar em cidadania, em respeito aos direitos, se as autoridades não fazem valer o poder  de colocar ordem na casa?”, indaga um senhor de meia idade, residente em frente a casa do músico

“Já fizemos um abaixo assinado uma vez e tiramos outro que incomodava também, mas ele (Felismar) não tem como, ele não mora de aluguel. Se o barulho incomoda do outro lado da rua, imagina quem mora ao lado”,  conta outro morador.

“Não dá para trabalhar em casa, não tem como se concentrar, eles não têm dia e nem horário. A repetição incomoda muito, se fosse pelo menos outras músicas, um repertório variado. Pelo tempo que tem já era para ter um lugar adequado, não é profissional, se fosse já teria uma sala acústica. Me disseram que ele tem um conhecido na Semma, talvez é por isso que eles nunca resolvem nada”, fulmina um rapaz três casas após o imóvel do músico.

“É um vizinho complicado não adianta nem reclamar, se acha o dono da razão. O barulho incomoda muito, é chato. Agora que está chegando o carnaval é que vamos sofrer, se ele tivesse um lugar onde ensaiasse e não saísse o som, ninguém se importava”,  sugere outra moradora, referindo-se ao recurso de isolamento acústico usado por todo músico que ensaia em áreas residenciais.

Repórter percorreu a quadra onde mora Felismar, ouvindo todos os residentes, com o pedido de anonimato.

“Esse rapaz é cheio de razão, às vezes demonstra até certa postura de ameaças, e nós não queremos confusão com ninguém, apenas paz em nossos lares, o que não temos aqui, há mais de duas décadas”, explica um comerciante residente próximo ao local.

 

Casa do músico: na parte superior,  espaço que seria destinado a  ensaios: construção parada.
Casa do músico: na parte superior, espaço que seria destinado a ensaios: construção parada.

 

A partir deste post, o blog estará ouvindo, semanalmente, os moradores da Folha 27 , no entorno da Quadra  15 ,  onde encontra-se o prédio do músico.  (Quadra  15 Lote 6)

Caso o problema não seja resolvido definitivamente, o próprio blog entrará com uma denúncia no Ministério Público, além de  cobrar, a cada início de semana, com posts contundentes, ação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O que não pode – não pode mesmo! -, é a população  (idosos, senhores de meia idade, jovens, crianças e bebês) ficar sofrendo o desconforto de não  tem uma vida de qualidade em face da  insensibilidade de um cidadão que, marabaense da gema, deveria dar exemplo, evitando esse tipo de situação.