Estavamos  acompanhando noticiário da importância que está sendo, para o Estado do Piauí, a participação vitoriosa do jovem Izael no “Soletrando 2011”, ao derrotar a paraense Letícia.

Por simbolizar conhecimento e Educação, mais do que o próprio título de campeão, a vitória de Izael é reconhecida como ingrediente tônico a embalar a auto estima do povo daquele Estado.

Aqui em nossa terrinha abençoada, a menina Letícia Caroline Ribeiro, de 14 anos, merecia bem mais do que os alvoroços iniciais da mídia exaltando sua passagem à finalíssima da atração anual do excelente programa do Luciano Huck.

Nem bem terminou a disputa entre os dois jovens, com derrota da paraense, silêncio sepulcral abateu-se sobre o tema, aqui na seara paraora. E olha que Letícia repetia a dose ao ir pela segunda vez à final do quadro educativo, enfrentando, também, um representante do Estado do Piauí.

Mais do que o título nacional, deveria ser valorizada a figura da garota pobre, estudante de escola estatal, como instrumento motivador de  milhões de jovens paraenses, como ela, alunos de escolas públicas.

Letícia deveria ter um tratamento especial do governo do Estado, premiando sua luta pelo fortalecimento do aprendizado.

Particularmente, o blog entende ter faltado sensibilidade às pessoas que cercam Simão Jatene para a utilização da presença de Letícia na final do Soletrando, criando situações favoráveis a um chamamento geral da juventude do Estado em favor da causa educacional, que apresenta índices de desenvolvimento aquém de nossas potecialidades.

Exatamente no momento em que o país ainda respira as dores do massacre numa escola pública de Realengo, a presença de Letícia representa esperança, é um aviso de que nossa juventude pode superar seus medos e traumas, suas incertezas e dificuldades.

Letícia sinaliza tudo isso.

O marketing de governo deveria ter voltado à valorização dessas causas.

Não o foi.

Nem se ouviu, até agora, vozes parlamentares ensaiando algum tipo de homenagem à garota.

Numa Assembleia Legislativa especializada em desviar recursos em esquemas criminosos, é mais fácil condecorar donos de grandes empresas “por relevantes serviços prestados ao Pará” do que dedicar algumas horas exaltando a formidável existência de Letícias paraenses.

Qual dos deputados pensou em propor ao governador a aprovação de algum bônus educacional voltado a estimular o ensino da garota vice-campeã do Soletrando?

Quantos jovens filhos de famílias pobres poderiam ser estimulados a querer imitar Letícia, voltando suas atenções aos estudos de forma mais freqüente?

No Japão, trimestralmente, as 47 províncias do país – como se fossem nossos Estados -, realizam gincanas gerais nas escolas com direito a premiações governamentais, dos municípios e federal, objetivando estimular a disputa entre escolas e alunos. É uma forma que os japoneses encontraram, ao longo dos anos, para sinalizar  o conhecimento no país  acima dos demais valores.

O Governo do Pará ainda está devendo isso a nossa Letícia.