Não há como ouvir Madeleine Peyroux cantando La Vie En Rose, e não se ver, de repente, vivo, naquilo que te justifica e perdoa, toda graça e doçura. O resto é história, matéria de esquecimento. Eu prefiro esses retratos súbitos que são a música a me lembrar de olhos suplicantes e não o duro registro que o rancor insiste em guardar de erros a dois.

Ouvindo Madeleine, toda doçura que há.

O resto, dane-se o mundo. Porque bem já sei que a vida é vestibular pra santos e neste momento não quero lembrar senão o melhor.

E que tudo o mais vá pro inferno.

Antonio Maria, o belíssimo pernambucano que compôs “Ninguém me Ama”, disse que “só se ama com a vida inteira”. Então… Se já são tantos os fardos, incertezas presentes, os mistérios, para que guardar também o lixo?

Que “de tudo fique um pouco” para ir compondo o chão da alma.

Sem alguma dor não há poesia -, e a gente se aprende, é na ausência e na falta.