Jornalista Agenor Garcia, em comentário ao post Esmagar soja, esse é o futuro que aguarda Marabá?, critica duramente a tese defendida pelo empresário Divaldo Sousa contrária à construção de eclusas na hidrelétrica de Marabá, para possibilitar a atração da indústria de esmagamento de soja, no município.
Agenor classifica como “nefasta”, a tese do empresário.
O comentário do jornalista:
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Caro Hiroshi,
Construir a hidroelétrica em Marabá sem eclusas, sob o argumento pouco científico, seja do ponto de vista econômico ou ecológico, é uma temeridade. Não merece de ninguém qualquer tipo de apoio. Esmagar a soja em Marabá significa dar o primeiro passo para a verticalização da commoditie.
Seria uma iniciativa excepcional. Surge o farelo, que pode ser utilizado em diversas variantes industriais. Surge o óleo, com possibilidades ainda maiores. Na China, a verticalização da soja resulta em mais de quatrocentos tipos de derivados que geram milhares de produtos e milhares de postos de trabalho.
A não eclusa em Marabá, não significa a chegada desta linha de produção a partir do soja. Esse pensamento não é ancorado em nenhuma tese científica, econômica ou industrial, seja ela de que tipo de cluster possa ela demandar.
Por isso a tese de Divaldo não merece ser levada a sério. Sem eclusas, o futuro de áreas produtivas do cerrado tocantino, do Maranhão, Piauí, e das planícies do oeste baiano, estariam condenadas ao retrocesso. Ficariam sem a possibilidade impar do modal hidroviário para transporte de sua vasta produção. Ora, até mesmo Divaldo sabe a diferença do valor do frete de um modal para outro.
Como pode, defender assim, irresponsavelmente, a tese da não eclusa? É um crime de lesa natureza bloquear um rio. Ele é de Porecatu-Pr, viu por lá as hidros do Paranapanema, todas sem eclusas, engessar uma das maiores vias de navegação da bacia do Paraná, que demanda o rio da Prata e de uma imensa região, seja ela brasileira, paraguaia ou uruguaia.
A tese de Divaldo é nefasta, deve ser discutida e condenada.
Se Marabá não tiver eclusa, não significa vitoria desse discurso obscurantista nem de justificativa para a chagada da industria do soja. Não há, neste caso, causa e efeito plausível. Eclusar as vias navegáveis de um rio é garantir a sucessivas gerações os princípios fundamentais de uma coletividade, tais como um meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e economicamente sustentável a partir de seus recursos naturais renováveis.
Atenciosamente,
Agenor Garcia
Gestor Ambiental
jornalista especialista em Docência do Ensino Superior.
jr
2 de abril de 2015 - 08:25essa que o PT defende,paraece piada olha a avliação do governo que saiu ontem.
Arnilson
1 de abril de 2015 - 18:03Esse debate é esclarecedor. Fico feliz que temos gente como o GARCIA que conhece em maior profundidade.
Lembro-me da experiência da COSIPAR, quando ainda não havia as Eclusas de Tucuruí, transportou minério por alguns meses, com o rio cheio. Foi uma experiência positiva.
A Câmara de Vereadores está realizando debates sobre o desenvolvimento de Marabá, importando-se em conhecer o que pode desenvolver e trazer benefícios permanentes à Cidade.
Creio que seria de muita importância a sua contribuição. Tudo isso prova que temos muito a aprender e aceitar contribuições. Não podemos ficar na opinião de uma ou de duas pessoas. O debate precisa acontecer de modo institucional sob pena de aceitarmos de cima para baixo e reclamar depois.
Agradeço pela oportunidade e deixo um abraço. Tudo de bom ao Sr. Hiroshy e Agenor Garcia.
Arnilson
1 de abril de 2015 - 11:48Creio que seria de bom termo, no modo educado de debater os grandes projetos, os pequenos vamos deixar para depois, o Porto deveria vir primeiro para criarmos o hábito de uso deste, acolhendo a soja e mesmo o minério de ferro.
Acostumar com o uso do Porto Público de Marabá serviria para gerar emprego, a Hidrovia poderia vir em segundo plano.
A Hidrelétrica ainda não contempla as eclusas em seus estudos.
agenor garcia
1 de abril de 2015 - 13:58Caro Arnilson,
A estrutura de um porto e de seus respectivos equipamentos:retroporto,armazéns, silos,esteiras transportadoras, terminais graneleiros, estação de água potável com respectiva caixa d!agua, esgotamento sanitário, proteção espacial com portarias, aduanas, balanças,alambrados e mais, instalações para recebimento de energia e respectiva rede de distribuição, formam os mecanismos iniciais para estruturarmos um porto. Marabá precisa discutir isso. Inclusive com as instituições reguladoras dessa matéria. Há necessidade de pessoal treinado, concursado e instalados nas respectivas áreas de atuação de um porto.
Por outro lado, concomitante às providências acima mencionados, que não são todas, aliás, uma hidrovia não significa só o derrocamento do Pedral do Lourenço. Sem essa obra,não há porto. O porto de Marabá tem que ligar a nossa economia às docas de Vila do Conde e Belém. E dalí, o mundo. Portanto, é quivocada e sem nexo afirmar que a hidrovia tem que vir depois. Ela vai exigir um terminal. Bem como sinalização, bacia de manobras, uma agencia de capitania, drenagens regulares e fiscalização. Em terra, na influência do porto e no curso do rio, a cargo do IV Distrito Naval. Notícias dando conta de que a hidro de Marabá não disporá de eclusas, são gravíssimas. Não podrão ocorrer. E somente uma sociedade mobilizada e competentemente representada, deve exigir das autoridades federais que este crime de lesa natureza não seja perpetrado aqui.
Atenciosamente,
Agenor Garcia
Bressan
1 de abril de 2015 - 09:12Concordo plenamente com os questionamentos do Jornalista Agenor Garcia. A defesa de bairrismo econômico é totalmente atrasada. O próprio Ministério de Planejamento trabalha com a lógica do desenvolvimento regional, da integração das obras de infraestrutura, justamente para evitar bolsões isolados de crescimento econômico.
Por exemplo, ali no Tocantins a Ferrovia Norte Sul, operada pela Vale, exclusivamente transportando grâos vindos do Mato Grosso, Goias, para o porto de São Luiz.. Com esse tipo de discurso do Sr Edivaldo, podemos sepultar, inclusive a hidrovia. Gente, a câmara de vereadores não devia nem abrir espaçõ para debater um absurdo destes.
agenor garcia
1 de abril de 2015 - 14:30Caro Bressan,
O assunto merece ser debatido na Câmara dos Vereadores. O que aconteceu, além da discordância de um e de outro vereador da tese da não eclusa, foi o olímpico silêncio dos edis. Despreparo?, desinteresse?, desconhecimento?. Nós eleitores precisamos saber. O debate precisa alçar voos maiores do que os limitados pelo silêncio dos vereadores de Marabá. Precisamos das palavras dos deputados, também.
Atenciosamente,
Agenor Garcia
Apinajé
31 de março de 2015 - 20:00caro agenor,
olha eu aqui metendo a “colher nesse pirão”,concordo contigo em parte.
acho que a tese do Divaldo pode e deve ser discutido,exatamente como estamos fazendo,eu,um leigo,ouso dá palpite nesse assunto,mesmo sem base científica nenhuma,concordo contigo que uma hidroelétrica sem eclusa seria um absurdo,desses comumente vistos em terras “brasilis”.
sendo assim,continuo com minha tese,digo que essa obra não sai,pelo menos nos próximos vinte anos digo que não sai, a hidrovia,a hidroelétrica e se por ventura saísse,não duvide,seria sem a bendita eclusa.isso é só um palpite.
falta nos líderes regionais de verdade,daqueles com força política suficiente para barganhar com o governo federal uma obra dessas,infelizmente não temos lideranças capazes de fazer o famoso toma lá dá cá da política brasileira,as nossas lideranças estão à margem desse processo,não por falta de vontade,falta-lhes competência.
ainda que me digam que a obra seja fundamental para o Brasil(e acho que seja)não acredito que o governo venha prioriza-la,as forças “ocultas”tenderão a canalizar os possíveis recursos necessários para um empreendimento desse porte para outras regiões com maior peso político no cenário nacional.
sabe aquela estória? “se a farinha é pouca,meu pirão primeiro”
agenor garcia
1 de abril de 2015 - 14:24Caro Apinagé,
A Hidroelétrica de Marabá (2.160 MW), será construída. As eclusas serão incluídas no projeto. Seria uma lástima repetirmos os erros da Hidro do Lajeado-Palmas (902 MW) e do Estreito-Ma e To (1087 MW).
No mais, gostaria de saber onde é que tú não concorda comigo. Preciso dos dados para me corrigir e engrandecer o debate.
Atenciosamente,
Agenor Garcia
Apinajé
1 de abril de 2015 - 19:17Caro Agenor.
A discordância do seu ponto de vista é quando tu diz” a tese do Divaldo não merece ser levada a sério”merece sim,até para que a parte sensata possa se defender.
Sabe como é,no país dos absurdos,não duvido que existam outros tantos “Divaldos”fazendo coro em defesa de suas teses mirabolantes.
discordo também em relação a execução dessa obra,eu digo que não sai,já expus os motivos,pura “achologia”nada mais que isso,por mais autorização de edital que se anuncie,penso que eles mesmos cuidarão de travar o empreendimento,problemas ambientais,erro na licitação,erro no projeto etc…guarda o que te falo,”achismo” também é ciência.
no mais tô contigo.
não torço contra não,muito pelo contrário.
um abraço
Adevaldo Souza Araujo
Wanderley Mota
31 de março de 2015 - 17:57Acho que o nome deveria ser “HIDROELÉTRICA” mesmo, tem tudo à ver, afinal,”HIDRO” é um prefixo Grego para água.