Ontem, 15, passava de sete da noite.
O poster tomava tacacá, na praça Duque de Caxias. Num banco da praça, um casal namorava.
Beijava-se.
Beijo apaixonado, que fez lembrar o estonteante beijo do casal de amantes do “Jogo da Amarelinha”, do Cortázar.
Bem ali, de repente, a imagem descrita pelo escritor belga criado na Argentina, brotou.
De lampejo.
Quem
“Toco sua boca, com um dedo toco o contorno de sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo de minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar.
O beijo do casal da praça de Marabá, loucamente apaixonado na noite de sexta-feira, trouxe a poesia de Júlio, para refletir; e acordar. Para discordar do panorama geral, recriando a humanidade adormecida em silêncio e medo.
“Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de ciclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se aproximam um dos outros, sobrepõem-se, e os ciclopes se olham, respirando confundidos, as bocas se encontram e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem como um perfume antigo e um grande silêncio”.
Ritmo é tudo em Cortázar, que antes de dar um texto seu como pronto, declamava-o em voz alta para ver se tinha ritmo.
O ritmo, e mesmo o timbre, da voz do Cortázar real corresponde exatamente ao ritmo e timbre do Cortázar de minha cabeça.
Mérito da literatura dele, que soube como ninguém projetar-se no papel através de seus personagens.
“E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.”
Hiroshi Bogéa
18 de maio de 2009 - 16:55Ora, parceiro…eu sempre acesso. Mas agora parece que você está atualizando ele com mais frequencia. Faça isso!
Abs
João Lima
16 de maio de 2009 - 23:39Alô, alô Hiroshi!!!
Acessa o meu Blog, abraço!