De um lado, uns quatro ou cinco madrilenos atônitos diante da explosão do lance; de outro, baixinho e veloz, furiosamente o toque de genialidade se solta no gramado suntuoso do Santiago Bernabéu aos pés do maior jogador do planeta.

Messi dá prosseguimento à bola deixada pelo companheiro e arranca, rumando para o lado esquerdo do ataque, como se repetisse o lance preferido de sair em diagonal para a esquerda com intenção de arrematar também com a esquerda.

De repente, o giro fulminante em sentido oposto, rumando para a direita, seguido de quatro ou cinco madrilenos, atônitos com o a explosão do lance.

Como única reação, aos quatro ou cinco madrilenos só lhes resta correr no rastro dos pontos geométricos divinamente desenhados no gramado pela jogada do argentino.

Frisando a imagem do lance completo, quadro a quadro, a formatação geométrica pode resultar linhas ziguezagueadas como desenhos de um exame cardiológico.

Por fim, a bola no fundo da rede. Os marcadores do belo atacante, como única reação, põem as mãos nos quadris como briosas lavandeiras.

No único lance em que realmente apareceu em todo o jogo, está todo o Messi, está todo o argentino, está o Planeta Bola sendo reverenciado com um elemento inédito, revolucionário e criador: a molecagem.

Gol moleque, como moleque foi Garrincha.