A advogada Mary Cohen, que leu o livro Código da Vida, do jurista falecido Saulo Ramos, é quem lembra do diálogo que Saulo travou com o atual ministro Celso de Melo, do STF, responsável pelo voto decisório se haverá ou não novo julgamento dos envolvidos no chamado “Mensalão”.
Diálogo, em verdade, nunca desmentido por Celso.
Está assim no livro, conta Mary:
“Apressou-se ele próprio a me telefonar, explicando:
– Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do Presidente.
– Claro, o que deu em você ?
-É que a F. de São Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o Presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles.
Quando chegou minha vez de votar, o Presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor.
Não precisava mais do meu.
Votei contra para desmentir a F. de São Paulo.
Mas fique tranquilo.
Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do Presidente.
Não acreditei no que estava ouvindo.
Recusei-me a engolir e perguntei:
– Espere um pouco.
Deixe-me ver se compreendi bem.
Você votou contra o Sarney porque a F. de São Paulo noticiou que você votaria a favor ?
– Sim.
– E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele ?
– Exatamente.
– O senhor me entendeu ?
– Entendi.
Entendi que você é um juiz de merda !
Bati o telefone e nunca mais falei com ele”.
Nota do blog: Celso de Mello, promotor de justiça do Estado de São Paulo, foi nomeado ministro do STF pelo presidente da República José Sarney, por indicação do advogado Saulo Ramos , então ministro da Justiça.
Domicio Jorge Brasil Soares
19 de setembro de 2013 - 19:47Amigo Hiroshi, embora leigo no assunto, e destarte a matéria ser evindementemente jurídica, o que nos impõe a apreciar e tentar entender o julgamento e opinião técnica de cada um dos Ministros do STF quanto ao episódio denominado “mensalão”, ouso, opinar a respeito. Em meu modesto sentir, o ato do desempate do Sr. Min. Celso de Melo – pretenso virtuoso – em aceitar os embargos infringentes dos já condenados, é decisão no mínimo equivocada e imprudente, pois têm o efeito de vara de condão em tornar mais céticos os decentes, e ainda mais cínicos os “viciosos”. Vai a pique a Justiça pelas mãos de um dos seus mais(?) ilustres timoneiros. É deveras lastimavel a retórica a que recorreu, ainda na introdução do seu ansiado e esperado voto , em que depôs o direito, compulsiva e desprovido de pouca ou nenhuma racionalidade, ignorando a “verdade” exposta e comprovada do mensalão, bem como, desconsiderando a voz das ruas, como se elas nada representassem. Um voto como esse, com esse tipo de abordagem, serve para proteger, na prática, os malfeitores mensaleiros. É o que penso. Em 19.09.13, Marabá-PA.
Josélio P Assunção
19 de setembro de 2013 - 11:11Disse e me disse…
Artigo típico de uma imprensa ultrapassado usada para desinformar e deformar informações como se os leitores fossem marionetes…
Ahh, faltaram umas historinhas dos outros cinco que votaram a favor dos embargos tbm. E outras enaltecedoras dos ministros que votaram contra.
Argumente com fatos dentro do contexto e faça o papel de informar se é que és dotado de conhecimento. Se não o é, Deus dar a condição de sermos.
Isso nos cansa.
Luis Sergio Anders Cavalcante
16 de setembro de 2013 - 18:21Hiro, as “indicações” são justamente para proporcionar a “devolução” do favor quando necessario. Em se tratando desse Sr. Min. Celso de Melo, não acredito que ele vá votar contra os acusados como quer e pensa o Sr. Senador do PMDB/RS Pedro Simon. Prá mim já são favas contadas. O STF, quando do voto do citado ministro, para desempatar o “mensalão”, dará a punhalada final em sí próprio(STF) e na população brasileira – aqueles que ainda acreditam em “moralização” nesse país. Em 16.09.13, Mba.-PA.
apinajé
16 de setembro de 2013 - 14:21nessas esferas do poder,geralmente a conta não fecha.
2+2 nem sempre é quatro.