A advogada Mary Cohen, que leu o livro   Código da Vida, do jurista falecido Saulo Ramos, é quem lembra do diálogo que Saulo travou com o atual ministro Celso de Melo,  do STF, responsável pelo voto  decisório se haverá ou não novo julgamento dos envolvidos no chamado “Mensalão”.

Diálogo, em verdade, nunca desmentido por Celso.

Está assim no livro, conta Mary:

 

“Apressou-se ele próprio a me telefonar, explicando:

– Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do Presidente.

– Claro, o que deu em você ?

-É que a F. de São Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o Presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles.

Quando chegou minha vez de votar, o Presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor.

Não precisava mais do meu.

Votei contra para desmentir a F. de São Paulo.
Mas fique tranquilo.

Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do Presidente.

Não acreditei no que estava ouvindo.

Recusei-me a engolir e perguntei:

– Espere um pouco.

Deixe-me ver se compreendi bem.
Você votou contra o Sarney porque a F. de São Paulo noticiou que você votaria a favor ?

– Sim.

– E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele ?

– Exatamente.

– O senhor me entendeu ?

– Entendi.

Entendi que você é um juiz de merda !

Bati o telefone e nunca mais falei com ele”.

Nota do blog: Celso de Mello, promotor de justiça do Estado de São Paulo, foi nomeado ministro do STF pelo presidente da República José Sarney, por indicação do advogado Saulo Ramos , então ministro da Justiça.