Hoje cedo, conversei com o jornalista Carlos Mendes (foto), demitido do Diário do Pará, no final de semana.
O procurei para saber o que realmente havia ocorrido, conhecedor da seriedade com que ele trata o jornalismo.
A demissão de Mendes causou furor nas redes sociais.
E como já é comum, no rastro da demissão, as mais variadas “versões”.
Ao indaga-lo sobre os motivos da demissão, Carlos respondeu:
– Para ser sincero, ignoro os reais motivos da demissão. No blog do Barata tem muitas coisas e lá estão os dois motivos apresentados pelo novo editor-geral, Klester Cavalcanti.
Ao final, Carlos não se absteve de fazer considerações sobre o atual momento da imprensa escrita paraense.
Disse:
Tenho a te dizer que já vivi a coisa dos dois lados – O Liberal e Diário – e isso é péssimo para a liberdade de informação.
O que chega ao público é filtrado pelos donos das empresas, que também agem como editores, plantando-se em suas redações até que o material de domingo seja rodado.
A população fica refém de informações que, algumas vezes, embora verdadeiras, são pintadas com as cores da adversidade política para caracterizar o “outro lado” como ladrão, corrupto.
Sabemos, eu, você e outros jornalistas melhor informados sobre os bastidores da nossa imprensa diária, que esse jogo de cena – na verdade um maniqueísmo sórdido – tem o objetivo de enganar os leitores, fazendo-os acreditar que de um lado está o bem, e do outro o mal.
Ora, bem e mal se misturam e se completam nessas brigas políticas que só atrasam o Pará.
Os eleitores estão sendo subestimados na inteligência de perceber o que se esconde por detrás dos noticiários políticos: a briga pelo poder.
Apontar erros de quem está no governo hoje pode ser um tiro no pé, amanhã, se o grupo que hoje está fora do poder nele chegar.
Vidraça e baladeira são a mesma face dessa moeda politica.
E o povo, onde fica? O povo, para eles, é apenas um detalhe.
Até que um dia desperte.
Quando? Não sei.
Talvez no dia em que evoluirmos politicamente.
Marcos Lima Câmara
23 de julho de 2015 - 20:38A verdade é uma só: a tendência do impresso no mundo é sumir, como já está acontecendo. O Liberal e o Diário cada vez mais estão encolhendo suas tiragens. E os leitores cada vez mais se ligando nas redes sociais, noticiário online e outras ferramentas digitais que os colocam em dia com a notícia, na mesma hora que ela ocorre. Lamentável que grandes jornalistas estejam sendo demitidos em ambos os jornais, para serem substituídos por estágiarios e, lógico, menores salários.
Rubens Sampaio
20 de julho de 2015 - 20:58Concordo com o jornalista. Pois passei por situação semelhante a descrita por ele.