Demissão de jornalista repercute
Hoje cedo, conversei com o jornalista Carlos Mendes (foto), demitido do Diário do Pará, no final de semana.
O procurei para saber o que realmente havia ocorrido, conhecedor da seriedade com que ele trata o jornalismo.
A demissão de Mendes causou furor nas redes sociais.
E como já é comum, no rastro da demissão, as mais variadas “versões”.
Ao indaga-lo sobre os motivos da demissão, Carlos respondeu:
– Para ser sincero, ignoro os reais motivos da demissão. No blog do Barata tem muitas coisas e lá estão os dois motivos apresentados pelo novo editor-geral, Klester Cavalcanti.
Ao final, Carlos não se absteve de fazer considerações sobre o atual momento da imprensa escrita paraense.
Disse:
Tenho a te dizer que já vivi a coisa dos dois lados – O Liberal e Diário – e isso é péssimo para a liberdade de informação.
O que chega ao público é filtrado pelos donos das empresas, que também agem como editores, plantando-se em suas redações até que o material de domingo seja rodado.
A população fica refém de informações que, algumas vezes, embora verdadeiras, são pintadas com as cores da adversidade política para caracterizar o “outro lado” como ladrão, corrupto.
Sabemos, eu, você e outros jornalistas melhor informados sobre os bastidores da nossa imprensa diária, que esse jogo de cena – na verdade um maniqueísmo sórdido – tem o objetivo de enganar os leitores, fazendo-os acreditar que de um lado está o bem, e do outro o mal.
Ora, bem e mal se misturam e se completam nessas brigas políticas que só atrasam o Pará.
Os eleitores estão sendo subestimados na inteligência de perceber o que se esconde por detrás dos noticiários políticos: a briga pelo poder.
Apontar erros de quem está no governo hoje pode ser um tiro no pé, amanhã, se o grupo que hoje está fora do poder nele chegar.
Vidraça e baladeira são a mesma face dessa moeda politica.
E o povo, onde fica? O povo, para eles, é apenas um detalhe.
Até que um dia desperte.
Quando? Não sei.
Talvez no dia em que evoluirmos politicamente.
A verdade é uma só: a tendência do impresso no mundo é sumir, como já está acontecendo. O Liberal e o Diário cada vez mais estão encolhendo suas tiragens. E os leitores cada vez mais se ligando nas redes sociais, noticiário online e outras ferramentas digitais que os colocam em dia com a notícia, na mesma hora que ela ocorre. Lamentável que grandes jornalistas estejam sendo demitidos em ambos os jornais, para serem substituídos por estágiarios e, lógico, menores salários.
Concordo com o jornalista. Pois passei por situação semelhante a descrita por ele.