De Ítalo Ipojucan, secretário de Indústria, Comércio e Mineração de Marabá, o blog recebeu o texto reproduzido abaixo, narrando encontro em Brasília na CNT – Companhia Nacional de Transporte.
A narrativa do secretário mostra o quanto está cada dia mais difícil viabilizar a hidrovia Marabá-Barcarena.
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Com o objetivo bem definido de nivelar a todos os participantes, conhecimento do estágio em que se encontram diversos processos de investimentos federais ligados a logística de transporte na região, ocorreu na manhã dessa quinta-feira (11/07), uma ampla reunião na sede da CNT – Companhia Nacional de Transportes, em Brasília DF.
Participaram representantes do DNIT, EPL, ANA, M.TRANSPORTES, ANTAQ, CNA, CDP/PA, SEICOM/PA, SICOM/MBA, ACIM/MBA, FENAVEGA, SINDINAV, CARGIL, REICOM dentre outros, além do anfitrião, CNT-Companhia Nacional de Transportes – um grupo de peso, sem dúvida.
Uma reunião sem cunho oficial, mas importante para atualizar informações e contextualizar cenários. As ponderações do setor privado, das entidades de classe, do município de Marabá-SICOM/ACIM e do Estado do Pará, ecoaram unanimes em demonstrar a preocupação com a lentidão das definições de investimentos federais em logística , já de algum tempo prometidas para o Estado do Pará, e que estão a travar a condição de desenvolvimento regional e consequentemente do país.
A pauta consistiu em debater os temas:
1-Realocação do derrocamento do Pedral do Lourenço ao PAC II e ser executado segundo o projeto elaborado pela UFPA.
2-Estratégia de divulgação da Carta de Marabá à Presidência da República, diversos órgãos de Governo Federal, bancada parlamentar federal dentre outros.
3-Retomada do projeto e construção do Porto Público de Cargas de Marabá.
4-Construção concomitante da eclusa junto com a barragem, na futura usina de Marabá.
Após considerações, o DNIT se manifestou pontuando que a Marinha não conseguiu concluir no tempo anteriormente previsto, a avaliação dos dois projetos apresentados pelo DNIT sobre o derrocamento (UFPA/VALE). pelo que solicitou prazo até o próximo dia 17/07/2013 para apresentação das suas considerações.
Segundo o DNIT, a resposta básica que o órgão quer da Marinha após análise é; qual conceito entre os dois projetos ela homologaria, e possíveis recomendações advindas da avaliação para que a homologação seja possível.
Quando encaminhou os dois projetos à Marinha, é porque o próprio DNIT vê uma divergência muita grande entre um projeto e outro. Considerando que os dois projetos utilizam o mesmo “comboio tipo”, não poderia haver uma divergência tão grande em conceitos de largura de canal(um de 70 mts e outro de 140 mts). Em seu traçado (canal), os projetos se assemelham com algumas alterações pontuais nas curvas.
Em suas considerações o Sr. Godoy do PHE – Plano Hidroviário Estratégico do M.Transportes, informa que o poder de polícia na navegação é da Marinha. Ela que vai dizer que tipo de embarcação vai passar nesse canal. Nesse sentido, entende que o canal projetado de 70 mts é muito acanhado em termos de largura, considerando principalmente a correnteza local. Entende que por precaução e para que futuramente a Marinha possa homologar a embarcação que vai passar pelo canal, é melhor definir um canal de maior adequabilidade.
Diante do questionamento sobre a disponibilidade de recursos no Governo Federal para os investimentos, não pestanejaram, “recurso não é problema”.
De qualquer sorte, todos concordaram que os passos seguintes realmente dependem desse parecer da Marinha, pelo que decidem aguardar esse momento. Importante destacar que todos os órgãos federais se pronunciaram favoráveis a realização dessa obra. Em palavras que destacam essa importância, o Sr. Godoi, do Plano Hidroviário Estratégico do Ministério dos Transportes informou estar debruçado sobre o estudo da logística hidroviária Nacional.
Destacou que no fundo se procura a solução mais adequada para o Brasil. ” As cargas que estão congestionando cada vez mais os portos do Sul, derivam do NORTE. O Brasil precisa inverter essa matriz de transporte, fazendo com que as cargas produzidas no Mato Grosso, Goiás, Pará e Sul do Pará, saindo pelo Norte, deixem de competir com as cargas do Sul. Então é prioridade de governo, procurar soluções de escoamento pelos portos do Norte”.
Nesse contexto o Tocantins se apresenta como uma solução que acredita, vai mudar significativamente a logística nacional.
A sequência da pauta, foi a leitura da Carta de Marabá. Lida, foi aprovada por todos. Vai ter encaminhamento oficial, em comissão formada pelas entidades que subscrevem a mesma, à Presidência da República, Ministério dos Transportes, DNIT, Marinha, Casa Civil, Bancada Parlamentar Federal.
Destacado pelo setor produtivo e ANTAQ, a necessidade de retomar junto a EPL, o cronograma das ações dos investimentos públicos na estrutura portuária de Marabá e Vila do Conde, de forma a oferecer estrutura de embarque e desembarque aos negócios da hidrovia evitando que tal investimento se restrinja ao setor privado.
O tema a respeito da eclusa na UHE-Mab, pelo avançado da hora, restringiu a se registrar junto a ANA – Agência Nacional de Águas e demais órgãos federais presentes, como inconcebível sem as eclusas. O exemplo é exatamente o momento atual, em que se debate a navegação do Tocantins, os erros ocorridos nos conceitos das obras anteriores e seus reflexos negativos para as comunidades.
Vamos aguardar os próximos desdobramentos . Particularmente entendo que o problema é bem mais complexo e minha percepção é de que existe um longo e acidentado caminho a ser percorrido.
A complexidade não reside só no caso do derrocamento. Na verdade um conjunto de investimentos estruturantes são necessários para que a navegação seja realidade absoluta ou plena.
Os investimentos na Plataforma Intermodal em Marabá (Porto Público), dragagem e sinalização do rio Tocantins de Tucuruí à Vila do Conde, dragagem do Canal do Quiriri na entrada da baía do Marajó e a saída do Quiriri, ampliação do pier principal e construção de outros dois no Porto de Vila do Conde são obras que necessitam de contemplação concomitantes ao derrocamento, ai sim, a navegação no Tocantins estará no caminho certo.
Enxergo cada adiamento e suas justificativas pelo Governo Federal, como ações protelatórias. Talvez resultado de um possível trauma, cuja causa encontro no registro da história recente de Marabá, com anúncios que deram em nada.
Não posso entretanto, deixar de reconhecer, nas manifestas colocações de todos os representantes do Governo Federal presentes às reuniões, que esse é sim um tema em que estão debruçados.
Pode não figurar na prioridade e velocidade que desejamos, e exatamente em virtude disso é que necessitamos de aliados, principalmente da bancada política Estadual, em todas suas esferas, o que diga-se de passagem, tem deixado a desejar, com algumas e raras exceções.
Italo Ipojucan
Lei Kandir
16 de julho de 2013 - 11:53Que é preciso acabar com a LK, estou de acordo. Mas é muita ignorância, desconhecer os benefícios de uma hidrovia. Ela economiza diesel pela quantidade de carga que transporta. O frete baixa.As embarcações contratam tripulações, pilotos,engenheiros náuticos, homens de convés, estivadores, conferencistas operadores de guindastes, de containeres, de maquinistas, de mecânicos para isso tudo, sem falar de vigias, de fiéis de armazéns, eletricistas, caldeireiros, metalúrgicos, ferramenteiros, engenheiros de produção, técnicos em ações náuticas classes que são bem remuneradas.Os estaleiros recebem encomendas e geram postos de trabalho e renda.As oficinas náuticas recebem demandas para atender as questões mecânicas.A capitania dos portos engajam novos militares para náutica, mecânica, reparos, sinalização, fiscalização, controles. A receita abre concurso para ações de alfândega. Os fornecedores de combustíveis, abrem inúmeros postos de trabalho. Armazéns são construídos para abrigar mercadorias e bens. Esteiras rolantes, munkes, carros pipas. Trilhos novos são assentados. Locomotivas são operadas neles. Novos vagões são fabricados. Portos são abertos e neles todo pessoal de apoio e manutenção são contratados. São milhares de trabalhadores. Só uma pessoa muito besta mesma, como esse Pereira, que vem dizer que uma minoria é que é beneficiada.Esse discursinho de esquerdista boboca precisa morrer agora. Neste instante.Desconhecer as vantagens de uma hidrovia é desconhecer o desenvolvimento do vale Mississipi, do Volga, do Danúbio, do Reno, do Pó, do Paraná, do Prata, do Amazônas. Não pode existir pessoa mais desinformada do que esse Pereira. Que ele venha para o debate. Pois ainda vou falar dos klusters do soja, do boi e dos minérios. Uma coisa, só uminha ele tem razâo: precisamos acabar com a lei Kandir. Oresto queele postou, é merda.
Abraços,
Porco D’Agua.
pereira
16 de julho de 2013 - 09:23Acontece que a hidrovia é para viabilizar a exportação de três produtos: minério, boi e soja. São exatamente três produtos que não pagam ICMS conforme a Lei Kandir. Ou seja, as elites locais tem interesses que coadunam com interesses das elites estrangeiras e do Centro-Sul do País. As riquezas naturais de nossa região são exauridas para beneficiar uma minoria, grandes grupos econômicos. Enquanto isso aumenta a degradação ambiental, a pobreza e a precariedade dos serviços essenciais à população local como saúde, educação, transporte, moradia, saneamento básico, entre outros, sem contar o número alarmante da prática análoga a de escravidão. Quer dizer, os bens naturais de nossa região deveriam servir ao povo e não a certos grupos econômicos que enriquecem cada vez mais. Se os 12 trens da Vale, que levam todos os dias quase 500 toneladas de minério, não pagam ICMS, agora vamos ver as grandes embarcações levar não só minérios, mas bois, soja e outros, sem pagar ICMS e prejudicar ribeirinhos e pescadores com o fluxos das barcaças pelo leito do rio Tocantins. Que desenvolvimento é esse que enriquece uma minoria, causa graves problemas ambientais e faz ficar mais pobre a maioria da população?
casemiro
15 de julho de 2013 - 16:36Concluindo a reflexão iniciada no comentário anterior, em vez de estimular a produção através de investimentos em infraestrutura, para alavancar o crescimento econômico e segurar a inflação, vemos agora o governo utilizando-se de algumas medidas do receituário econômico perverso da era FHC: alta nos juros, corte de investimentos, valorização do real, perda do poder de compra do salário mínimo, redução da massa salarial, entre outras aberrações utilizadas na era FHC para segurar a inflação. Dos pontos relatados anteriormente o governo petista já adotou a alta nos juros e o corte nos investimentos, se continuar neste ritmo, daqui a pouco vamos ter a indesejável impressão de que o PSDB voltou a governar o país.
casemiro
15 de julho de 2013 - 16:11Em qualquer país desenvolvido a opção pelo transporte hidroviário é prioridade máxima quando se pensa em redução dos custos e melhoria na infraestrutura de transportes. Quando se pensa em um governo que está patinando no crescimento econômico nos últimos anos, pensamos que a equipe econômica deveria enchergar estes investimentos em infraestrutura como a única saída para fazer a oferta e os investimentos voltarem a crescer, pois apenas o crescimento da demanda (consumo) dos últimos anos tem jogado o país para um espiral inflacionária que não vai diminuir enquanto a oferta de bens e serviços não voltar a crescer. Na verdade a equipe econômica do governo sabe disso, mas talvez prefira alocar os recursos escassos do orçamento federal em obras eleitoreiras em regiões mais populosas como o Nordeste e o Sudeste. Enquanto isso a popularidade da presidente despenca junto com a economia ladeira abaixo.
Hudson Jr
15 de julho de 2013 - 13:28Ou seja, enrolação do Governo, ano que vem irão usar isso como promessa de campanha e Marabá continuará na mesma de sempre, vendo o TREM levar todas as riquezas e aqui ficarem só as mazelas!