Desconsiderando o estribucho do pensamento medieval de uma minoria que andou querendo desconstruir a viagem de Ana Julia a Eldorado – inclusive com apoio de página inteira numa publicação estadual -, a governadora só demonstrou bom senso e sensibilidade ao incluir sua presença nas cerimônias ecumênicas de condenação ao massacre da Curva do ‘S’. Circulando no meio dos trabalhadores rurais, a entrega de Ana ao contato físico com mulheres, homens e jovens pode ter o poder de reduzir no futuro a imensa cicatriz de feridas abertas pelo próprio Estado em sua relação selvagem com os excluídos. Nem se discute aqui o valor imenso que representa a concessão de pensão às vítimas da tragédia. Vale mais o coração, o reconhecimento ao vivo de que há uma multidão a postos querendo carinho, voz e vez.
Isso Ana acaba de fazer, pisando o mesmo chão de dor e desprezo que durante onze anos Almir Gabriel tentou desconsiderar sua existência.