Está se tornando consenso na base aliada de Sebastião Miranda (PTB) de que ele fez pouco caso pela sua sucessão, medindo o movimento dos ventos ao sabor da popularidade do governo sem fazer a conta de que em política uma grande aliança pesa muito na hora da onça beber votos.

As principais cabeças interessadas no processo com assento às conversas informais de Miranda (entenda-se pré-candidatos), confessam preocupação com as cores do horizonte, listando alguns questionamentos.

Primeiro, perguntam se Tião Miranda estaria mesmo interessado em dedicar-se de carne e osso à campanha eleitoral como principal agente, lutando para eleger seu sucessor. Há controvérsias.

Segundo, indagam por que o prefeito não caracterizou seu candidato a tempo suficiente de torná-lo familiar ao crivo da população, disponibilizando-o ao favoritismo das pesquisas com pelo menos 15 percentuais, de preferência pública.

Dos nomes conhecidos supostamente integrantes da base aliada do prefeito (Asdrúbal Bentes, Ítalo Ipojucan, João Salame e Maurino Magalhães), dois deles, Asdrúbal e Maurino – exatamente os que aparecem bem à frente das pesquisas, empatados tecnicamente em torno de 25% -, não são do coração de Miranda.

Asdrúbal Bentes, apesar de demonstrar fidelidade ao administrador, foi co-autor da ação eleitoral que cassou o mandato do prefeito pelo período de cinco meses, criando profundas feridas até agora não cicatrizadas, apesar das aparências e gestos de demonstração em contrário.

Maurino Magalhães, enquanto permaneceu prefeito no período da cassação de Sebastião Miranda, tomou decisões administrativas contrárias a orientação do titular, além de ter dado declarações compreendidas pelo staff do cassado como de implantação de novo status quo político.

O que mais irritou Sebastião Miranda foi ter retornado ao cargo para administrar, por um bom tempo, dívidas herdadas do curto período de Maurino, que ao assumir a interinidade encontrou nas contas bancárias da prefeitura saldo superior a R$ 7 milhões.

Os outros pré-candidatos, deputado João Salame (PPS) e o atual vice prefeito Ítalo Ipojucan, não superam a casa de dois dígitos, em todas as pesquisas realizadas, apesar de ambos terem baixa rejeição.

Nos últimos dias, quando intensificaram rumores de que o prefeito de Marabá teria optado pela escolha do nome do deputado estadual do PPS, nos bastidores, o descontentamento dos demais personagens da base aliada foi geral. Sem admitirem publicamente, Ítalo e Asdrúbal passaram a conversar com outras pré-candidaturas numa sinalização de que podem rachar o grupo que dá sustentação ao prefeito marabaense caso o ungido seja João Salame.

Ao dar para si mesmo o prazo de 15 de junho como data limite para aguardar a definição do prefeito, o deputado Asdrúbal Bentes sinaliza a preocupação de não querer ficar isolado no processo. Nas ultimas horas, sabe-se que ele andou conversando demoradamente com lideranças nacionais do Partido dos Trabalhadores.

O encontro do Chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, com o vice-prefeito Ítalo Ipojucan, nesta quinta-feira, é um indicador da impaciência a dominar os principais personagens da base aliada de Sebastião Miranda.

De repente, a leitura que se faz é de que o prefeito de Marabá teria perdido o time do processo, ficando a reboque dos acontecimentos.