Assistindo, pela Internet, ao debate promovido pela UFPA em Belém sobre a divisão territorial, na manhã desta quinta-feira, 30, a sensação que alguns personagens da discussão passaram ao poster é a de que estamos todos muitos próximos daquele momento invisível que separa uma vida da outra.
O instante mágico em que são erguidos os copos, em que um lábio é premido contra o outro, em que os corpos se encontram num abraço da definitiva descoberta da felicidade.
E nem é preciso esforço danado para romper a estranha sensação de que as coisas não são bem assim como tentam aparentar nossos eméritos e incansáveis vendedores de ilusão.
Porque ao cruzar a linha imaginária que separa o velho do pseudonovo, continuaremos carregando as nossas aflições coletivas.
Na esfera pública, os dramas serão os mesmos. Inocentes culpados. Culpados inocentes. Espertos superados pelos mais espertos. Cofres sitiados. Gestores ineptos. Contribuintes indefesos.
Mas não há de ser nada. O que seria da esperança se não existisse o desespero? Assim, sem perder de vista o fato de que o passar dos anos sempre rouba-nos algo, o importante, diria Pope (1688-1744), é tentar impedir que o tempo nos roube de nós mesmos.
Sigamos em frente, portanto. Mas é bom evitar soltar fogos antecipados.
Anônimo
2 de julho de 2011 - 21:42Beto Castro
Parabéns pela erudita dissertação.Tudo é mais ou menos assim,mas como voce mesmo diz,pense como seria este Brasil atual com mais estes corrupiões gerados nestes estados-governos com palácios cheios de apaniguados,assembleias tais quais as do Pará cheias de maracutaias,senadores como os que estão lá em Brasilia,secretarías nas mãos dos compadres e etc.Vai ver que aí no sul do Pará como há muita influencia do Maranhão o Sarneyzão ajuda com um cursinho intensivo.
Pense professor :a história fica na história e nos temos que educar o nosso povo e torcer para que daqui a muitos anos possamos limpar o país destes indignos gestores que compram votos e consciencias com bolsas não sei o quê e deixam a juventude de fora do futuro.As fronteiras não devem ser territoriais e sim éticas e de responsabilidade de todos.A corte era no Rio de Janeiro e só lá no sul maravilha havia cultura e poder?Continuamos assim:só no planalto central se decide,os parceiros alí se reunem e decidem sobre nossas vidas e dos nossos filhos.Acorde.
Beto Castro
2 de julho de 2011 - 09:31Correção em tempo, Hiroshi: O nome para a região da Guiana Brasileira (pós-1822) e ex-Guiana Portuguesa ou Guiana Oriental – 2° Distrito (Atual Amapá-Parcial) sugerido por Fausto Souza era PINSÔNIA e não Araguari (Nome sugerido por Teixeira de Freitas, criador do IBGE).
Beto Castro
30 de junho de 2011 - 21:21Seguindo os passos da administração territorial americana, cuja história da colonização e perfil territorial se assemelham em tudo ao Brasil (13 colônias contra 14 capitanias hereditárias), a gestão pombalina aconselhou a Sua Majestade, o Rei de Portugal a delimitar todas as Capitanias do Vice-Reino do Brasil com potencialidades econômicas, fazer levantamentos topográfico-geodésicos e descrevê-las em mapas e textos.
Sua Majestade não titubeou um segundo e instruiu, imediatamente, ao engenheiro-cartógrafo Diogo Soares em documento real de 18 de novembro de 1729 que o citado estudioso formasse uma comissão encarregada de realizar o trabalho sugerido pelo Marquês de Pombal reunindo em um único mapa todos os levantamentos topográficos e documentos geográficos e históricos do Vice-Reino.
Por sinal, na escolha dos demais membros do que foi a Comissão da Carta Geográfica do Vice-Reino do Brasil, cujo mapa, seria concluído e entregue em 1763, lá estava o engenheiro militar e sargento-mór italiano de Mantova e um dos principais responsáveis pela construção da Fortaleza de São José de Macapá, erguida no período entre 1697-1764, além de exímio conhecedor da região, Enrico Antonio Galluzzi.
Já homenageado com o nome de uma das ruas de Macapá pelo comando da magnífica obra, Galluzzi ou Gallucio como consta da placa daquela artéria urbana e dos escritos históricos da cidade, foi também excelente cartógrafo e teve, certamente, influência na delimitação territorial da futura Capitania da Guiana Oriental – Segundo Distrito, conforme configurada na magnífica carta de 1763.
Entretanto, os Comandantes titulares das demais Capitanias da época e os prestigiosos áulicos da corte fizeram ouvido de mercador para as instruções geopolíticas sábias e competentes que vieram de Portugal em período de transição para a Independência, enquanto os Estados Unidos da América emplacariam 50 Unidades Federativas Territoriais já em 1910, o Brasil ficaria estagnado em 21 no mesmo período. Não é necessário comentar os resultados de ambos.
Seria importante enfatizar que tudo que o Brasil possui atualmente em termos de informações territoriais, censitárias, demográficas, sócio-econômicas, geográficas, produtivas, ambientais, escolares, de planificação e desenvolvimento humano, se deve à semente plantada pela Comissão da Carta Geográfica do Vice-Reino do Brasil.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o nosso tão importante e querido IBGE, desenvolveu-se a partir daquela fértil semente plantada pelos três mosqueteiros do Rei, Diogo Soares, Domingo Capucci e Enrico Antonio Galluzzi.
E assim, no bojo da Carta Geográfica da Comissão de Diogo Soares e seus heróicos companheiros de jornada, com a força intelectual do Padre Manuel Ayres de Casal, as unidades federativas reclamadas pelas populações abandonadas à própria sorte pela Corte brasileira foram surgindo, uma por uma, seguindo os passos e medidas estratégicas de Sua Majestade El-Rei de Portugal há cerca de 280 anos atrás.
Veja a lista da obra geopolítica de um povo diante da omissão paralítica dos conservadores de plantão. Se deleite com o extraordinário progresso do Estado do Paraná (1853), Amazonas (1850), de Rondônia (1943-1970), de Tocantins (l988), ou com os parcos vinte anos dos pequeninos Amapá (1943-1988) e Roraima (1943-1988) e do Estado miniatura de Alagoas (1822). Vibre com as tão sonhadas Xingutânia e Tapajônia, caracterizadas pelos novos Estados de Carajás e Tapajós, em vias de consulta plebiscitária para 2011. Tivessem os povos dessas capitanias sido ouvidos e as ordens de Sua Majestade cumpridas e estes Estados mais novos que após 280 anos, apenas começam a sua caminhada em busca da cidadania de milhões de compatriotas, todas estariam em patamares de progresso e educação muito superiores.
Você já pensou meu Caro Hiroshi, se as tão sonhadas Xingutânia e Tapajônia tivessem sido criadas a 280 anos como instruído pela Rei de Portugual, assim como, foram criadas as demais Capitanias relatadas no Mapa da Comissão Geográfica de 1729, como seriam os Estados de Carajás e Tapajós, nos dias atuais, com todas as riquezas que possuem?
Pense, então que o oficial Fausto de Souza apresentou o mesmo projeto da Comissão Geográfica em 1884, juntamente com os projetos do Paraná, Amazonas que foram aprovados em 1850 e 1859. Mais uma vez, as mesmas figuras retrógradas de Belém impediram os sonhos dos povos da Xingutânia, Tapajônia e Araguari (atual Amapá), que estavam inscritos no referido projeto.
Vamos supor que não. Então pense, que a Comissão de Sistematização da Constituinte de 1988 criou o Estado de Tapajós, juntamente, com os Estados de Santa Cruz, Triângulo, Juruá, São Francisco, Maranhão do Sul, Tocantins, Amapá e Roraima e apenas os três últimos foram aprovados no final.
Agora faça um exercício de imaginação, sem o pessimismo dos acontecimentos fortuitos cometidos por políticos ao longo destes quase 03 séculos, como seria o Brasil hoje? Evidentemente, as coisas não irão mudar do dia para a noite, como nada neste mundo. Entretanto, não se pode perder tantos séculos na vida de um povo e de uma Nação, sob pena de continuarmos a ser um país subdesenvolvido para sempre.
Todos os documentos citados encontram-se a disposição do insigne jornalista, os quais, poderão ser solicitados através do meu endereço eletrônico contido na instrução do comentário.