Submetido a tratamento de saúde em Curitiba, o empresário Gilberto Leite, executivo do Grupo Revemar e ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, faz questão de registrar seu desconforto e descontentamento com a discriminação da Vale imposta às empresas da região, conforme denúncia da ACIM em nota oficial assinada em conjunto com a Sicom – Secretaria de Indústria e Comércio de Marabá.
Sempre preocupado em ampliar o leque de envolvimento do empresariado regional com as oportunidades de negócios propiciados pelos grandes projetos da mineradora, Gilberto Leite manifesta sua indignação.
A reação dele com expressões duras demonstram o quanto a Vale está passando dos limites. Gilberto, quem o conhece sabe disso, é um gentleman, elegante no tratamento e ponderado em todas as manifestações. Quando um comentário com sua assinatura chega assim acarregado de mágoa, é porque esgotou-se nele todos os protocolos da boa convivência com a mineradora.
Ainda hoje, é provável que o poster publique ainda opinião a respeito dessa safadeza praticada pela Vale.
A seguir, o comentário de Gilberto:
Olá, Amigo HIROSHI! Saudades de todos.
Apesar da falta de mobilidade, e após 9 dias totalmente fóra do ar, por aqui em Curitiba tudo correndo bem.
Hoje me deparo com mais esta noticia desfavoravel ao empresáriado Marabaense. Ocorrências como esta são muitas. Precisamos achar uma forma de dar um basta a ISTO TUDO. Quero me colocar a disposição para fazer parte deste TIME, as mudanças terão quer ser para JÁ, nesta nova ordem econômica, as estratégias de crescimento para nossa região terão de vir obrigatoriamento da VALE. Por diversos motivos, o principal considero eu SEU PASSIVO SOCIAL, portanto aceitar tudo isto com passividade, NÃO!
Quero parabenizar ACIM e SICOM pela coragem de exporem logo estas feridas a fim de procurarmos o remédio correto para este caso da duplicação da FERROVIA. Para quem não sabe, este projeto envolve recursos na ordem de U$ 12 bilhões de dólares e não beneficia MARABÁ em nada.
Portanto, se não NEGÓCIOS por que amolecer com estes p………
Para encerrar, vejam o despropósito da VALE: ela alega que não tem U$ 400 milhões de dólares para fazer a nossa HIDROVIA, que com certeza só beneficiará a ela. A partir disto, toda enrolação com a ALPA.
Italo, Tatagiba e demais, cacete nestas empresas, não temos nada a perder.
Saudades e todos, abração HIROSHI
Gilberto Leite
Luis Sergio Anders Cavalcante
25 de janeiro de 2012 - 19:29Concordo com o das 20:19 hs. A escolha para gerir a SICOM foi meramente política ao invés de técnica, além do què, tal função/cargo, tem pouca ou nenhuma autonomia. Em 25.01.12, Marabá-PA.
anonimo
21 de janeiro de 2012 - 20:19Quanto a ACIM acredito na sua luta pois possui um presidente capacitado e comprometido com o desenvolvimento de Maraba.
Quanto a SICOM não vejo a menor competencia pois e uma secretaria totalmente acefala e o melhor que o prefeito pode fazer e extingui-la ou colocar alguem competente para administra-la.
Mauri Marinho
20 de janeiro de 2012 - 14:44Parabenizo e dejeso ao amigo Gilberto Leite a sua mais rapida recuperação, pois com a sua atitude de se indignar publicamente em relação a VALE, forrtalece o opinião publica e levará o povo de Marabá e do Estado do PARA, repenssar se a VALE vale apena, ja não é a pimeira vez que somos engando com falssas promessas de desenvolvimento, Marabá hojé sofre com o inchasso em decorrencia das expectativas provienientes da VALE ( ALPA), é isso mesmo Gilberto não temos nada a perder ( em relação a VALE , porque não temos nada da VALE… ).
jose n. filho
20 de janeiro de 2012 - 11:24Há alguns meses atrás fiz um comentário neste blog sobre a postura da Vale com relação ao seu interesse em desenvolver nossa região agregando mão de obra e prestadores de serviços locais, fui duramente criticado quando critiquei o total desinteresse da mesma, hoje vejo mais pessoas com a mesma preocupação que eu e isso me alegra, por que esta passando da hora de tomarmos uma posição quanto a essa postura da vale.
Pouco tempo atrás uma empreiteira da Vale (W O CONSTRUÇÕE ) ficou devendo para inúmeras empresas de Marabá quando abandonou a obra nesta região e alegando falência, levando estas empresas a passarem por grandes dificuldades e a vale como contratante da mesma nunca procurou estas empresas para assumir as responsabilidades como corresponsável, é por tudo isso que postei o comentário anterior e venho parabenizar a posição da ACIM e SINCOM.
Também parabenizar Gilberto Leite e desejar sucesso em seu tratamento e que tem muita gente orando por sua recuperação.
Anônimo
20 de janeiro de 2012 - 10:12Vamos reagir de forma efetiva fazendo com que nossas reivindicações totalmente legítimas cheguem ao congresso nacional, a presidente Dilma e a todo povo brasileiro. Chega de abaixar a cabeça, reclamar e esperar que as coisas aconteçam, pois o tempo está passando e nossos sonhos e oportunidades indo embora com ele. Vamos convocar a população, fazer manifestações como parar o trem da vale por 1 dia, se não formos ouvidos, paramos por 2, e assim por diante, até que vejam que a população de Marabá não aguenta mais este descaso do poder público federal. Estamos amargando este abandono por décadas e não vejo nada acontecer, continuam explorando nossa região como se não fossemos parte deste País, mas sim uma mera colônia a ser explorada, dilapidada, até que não reste mais nada, só bolsões de miséria e violência. Temos que abraçar esta luta como se fosse o último suspiro de esperança de um futuro melhor para todos os Paraenses, não apenas para os do sul e sudeste do Pará, pois esta luta tem que ser de todos. Políticos Paraenses, essa sim é uma luta que merece ser abraçada por todos vocês. João Salame, contamos com você mais uma vez pra tomar frente nesta luta com a mesma garra que teve na campanha do SIM, seja nosso homem de frente, é isso que esperamos de você.
Paulo Eduardo Oliveira Leite
19 de janeiro de 2012 - 21:43Lembrando que a edição 1007 da Revista Exame afirma com todas as letras que a ALPA foi retirada dos planos de investimento da Vale para 2012…
Abelardo
19 de janeiro de 2012 - 17:22Eu já fiz alguns comentários a respeito deste assunto, precisamos dar um basta em relação as posições contrárias aos investimentos em marabá da Vale, eles nunca foram a favor da implantação do projeto ALPA neste município, foi na pressão do Presidente Lula que eles formalizaram o projeto, chega de reuniões e + reuniões sempre com desculpas esfarrapadas, ninguem aguenta mais. Precisamos mobilizar nossa sociedade, para se for o caso, ir para as ruas protestar contra o descaso de muito e muitos anos que a referida empresa tem para com a nossa cidade, como diz o nosso amigo Gilberto Leite ela tem U$ 12 bilhões de dólares para investir na duplicação da ferrovia para beneficiar o Maranhão e não tem 400 milhões de dolares para bancar a hidrovia, que não só beneficiaria a própria Vale como tambem o escoamento de produtos primários de outros estados para exportação através de Belém.
Só pra vcs terem uma idéia a indústria mineral aumentou sua participação entre os principais produtos exportados pelo Pará em 2011 saltando de 86% para 90% no índice de representatividade da balança comercial do Estado, foram negociados US$ 16,5 bilhões de dólares em produtos minerais. O que nos preocupa é a concentração da nossa balança em apenas um produto, que no caso é o minério de ferro, por isso é que temos de verticalizar essa produção. (ALPA) JÁ.
A secretaria da Fazenda estima que, desde setembro de 1996 até o final de 2011, o Estado perdeu cerca de R$ 10 bilhões decorrentes da isenção de ICMS sobre bens minerais estabelecidas pela “famigerada” Lei Kandir.
Abelardo Esteves
Anônimo
19 de janeiro de 2012 - 15:25Só uma retificação: A Hidrovias do Brasil não desistiu do negócio em Marabá, comprou área para a construção de um futuro porto na Vila São José.
Comprou, pagou, o vendedor recebeu e já entregou a área. Que está devidamente cuidada e vigiada, como se fosse ouro puro!!!
Com prazo de dois anos para o inicio das obras do porto.
Então, nem tudo está perdido, se vcs consideram destruir a natureza progresso.
DANIEL DE SÁ
19 de janeiro de 2012 - 14:33Ilustríssimo Senhor GILBERTO LEITE,
Estou muito feliz com relação a sua visão do modo como a Empresa VALE vem tratando a nossa região sul do Pará, assim como o Brasil. Marabá e o Pará precisa ter mais presente invocando os direitos, de fato, cidadãos do quilate de sua pessoa, que mesmo estando em condições limitadas de atuação, busca de algum modo alertar a todos como a VALE vem se apropriando de toda riqueza da nação, em especial do Pará, sem dá conta de suas responsabilidades sociais!
Dessa forma, vale a pena buscarmos compreender as palavras do Senhor Divaldo Salvador, que tratou do assunto, que já alertava pela falta de compromisso para com os compromissos de preparo da intermodal de logística, visto como meio de beneficiamento social às populações que aqui estão.
Mineração: A Vale, a Hidrovia e o destino da verticalização mineral no Pará
No artigo “Hidrovia do Rio Tocantins: da notícia e sua lógica”, o empresário Divaldo Salvador * tece suas reflexões sobre o futuro da verticalização mineral no Pará, a partir dos interesses da megamineradora Vale e os planos do governo federal.
Quando fui informado que a obra para construção da Hidrovia do Rio Tocantins tinha sido retirada do PAC, fiz uma avaliação sobre a disposição da Vale, o projeto ALPA e o cancelamento desta obra. Pensei o seguinte: a Vale tinha um plano “B” e irá executá-lo, ou seja, vai implantar o projeto ALPA com a logística da Ferrovia Carajás, independente da construção da Hidrovia Tocantins.
A lógica foi pensar que a importância da Hidrovia para o Governo Federal restringia-se a viabilidade da ALPA, e, não o é. A ALPA é, com certeza, muito importante, mas a hidrovia é muito mais. A hidrovia não existe pela ALPA e sim, ao contrário. A ALPA existe porque tem logística, a Vale tem sua própria logística e pode existir sem a hidrovia, mas todos os demais projetos não o poderão, pois a logística da Vale é só dela e de mais ninguém. A Vale está correta, pois para se manter futuramente no mercado nas mesmas condições de hoje terá que multiplicar-se por três e a logística é o gargalo.
Os fatos a partir do anúncio da Hidrovia
Quando foi anunciada a conclusão da eclusa de Tucuruí e a inclusão das obras da Hidrovia do Tocantins no PAC – por nosso, então, Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva – ficou patente sua existência e, a partir daquele momento, Marabá recebeu entre muitos outros:
– Linave – empresa de Logística fornecedora de serviços na Amazônia, inclusive para a Vale, a procura de terreno para instalar-se. Depois do anúncio da retirada da Hidrovia Tocantins do PAC, desistiu;
– Hidrovias Brasil – do fundo de investimento Pátria e Promon, com projeto arrojado de portos, associada à Brink Logística estabeleceu contrato de compra e venda de terreno em Marabá, pagou sinal para estudos iniciais. Depois do anúncio da retirada da Hidrovia Tocantins do PAC, perdeu o sinal de negócio e desistiu;
– Cargil – aportou, em Marabá, com oito executivos, procurando pela mesma oportunidade, com ela trouxe de arrasto o Governo do Estado do Mato Grosso, pois, neste caso, o custo da Soja pode ser reduzido pela logística, Paranaguá x Tocantins em até US$ 40,00/ton. Com o preço internacional da Soja hoje na ordem de US$ 500,00 /ton, nós estamos falando de 8%, o que significa a diferença entre ser viável ou não;
– Cimento Nassau – tendo um pré-contrato com a Alpa para retirada e beneficiamento de escória granulada, a empresa está refazendo seus custos e, com certeza, descartará a possibilidade de verticalização desta matéria-prima em Marabá;
– Bertolini – depois de realizar estudo de viabilidade econômica e financeira adquiriu terreno à margem do Rio Tocantins. Depois do anúncio da retirada da Hidrovia do PAC, vendeu;
As empresas citadas estão buscando oportunidade para prestação de serviços através da Hidrovia Tocantins, mas vão transportar o que? E, aqui, vou me ater apenas a algumas das possíveis cargas, pois em um pensamento mais amplo vale lembrar que o Pará é um dos poucos estados do Brasil, em análise simplista, que pode separar-se da federação por benefícios fiscais. O Pará importa grande parte de industrializados consumidos e tem tudo para ser industrial. Mas, não tem mercado e, não o tem, por não ter logística. Só é viável a produção em grande escala e o mercado local é restrito.
O sul do Pará é uma região das mais ricas em reservas minerais. Todos falam sobre o minério de ferro e sabem deste, unicamente, porque existe logística própria: a Ferrovia Carajás. Lá, também, tem corpos minerais de: cobre, zinco, manganês, bauxita, cassiterita, chumbo, entre outros;
Diante do anúncio da retirada da Hidrovia do PAC, grandes players multinacionais e outros – não tão grandes – e, principalmente, os pequenos, assanharam-se. Iniciaram-se trabalhos para viabilizar a exploração mineral, pois, não estamos falando de ouro que virá, com certeza, por conseqüência. Estamos falando de grandes volumes de minérios que precisam de logística.
Ressalto que o preço histórico internacional do minério de ferro, no período de 1975 a 2002, foi de aproximadamente US$ 30,00 MT/FOB estivado. Hoje, custa em torno de US$ 150 dólares MT/FOB, em conseqüência da alta demanda internacional, principalmente da China, que passou sua produção de aço de 300 milhões de ton/ano para 550 milhões de ton, no último ano.
No entanto, os grandes bancos trabalham com a perspectiva de manutenção do boom das commodities até 2017, a razão não é a diminuição da procura, mas porquê o mundo inteiro tem minério – e em grandes quantidades – o que não existe é logística.
Logística está sendo construída ao redor do planeta e, só será competitivo aquele País que a tiver. O Brasil, melhor dizendo, o Pará, não pode perder esta oportunidade, pois, se assim o fizer, vamos continuar somente com a Vale que já tem a sua própria;
Estão na região, prontos para produzir e exportar, entre outras: Ferros, Codelgo, Brasil Mineral, Anglo American, Trafigura, Vertical, Recursos Minerais do Brasil, Colussos, e mais uma gama de pequenas. O Sindicato dos Produtores Minerais do Estado do Pará conta hoje com oito associados. Com a hidrovia não serão menos que 50.
Com o advento da ALPA temos, por consequência, o polo metal mecânico – grandes projetos cuja viabilidade só se dará mantendo seus tamanhos. Assim sendo, o mercado não será só o Estado do Pará, mas o mundo. Mas, sem logística não existirá pólo metal mecânico. Para ficar em um só exemplo: a empresa procurada para construir uma laminação de chapas grossas, a partir das placas da ALPA, e daí um estaleiro, está se instalando em PECEM, no Ceará. O motivo: a logística.
A conseqüência de um porto da Cargil será, com certeza, a diversificação da produção agropecuária e da implantação de indústria de esmagamento de grãos com produção de óleo, ração e adubo. Tudo isso só será viável se existir logística.
A RMB S.A. coordenou equipe técnica que já havia concluído os estudos de viabilidade para iniciar a engenharia básica de uma indústria para produção de 1.200.000/MT ferro gusa, a partir do minério de ferro próprio e carvão mineral importado, a exemplo do que a Newco faz em Trinidad Tobago. Os sócio-investidores determinaram que não fosse mais investido nenhum centavo antes de ter certeza da Hidrovia. O anúncio do cancelamento da obra da Hidrovia Tocantins já foi um desastre. Sua confirmação significará retroagir a 1972.
Precisamos ter a certeza da sua retomada e gritar aos quatro ventos, bem alto, para recuperar o tempo perdido.
O parque siderúrgico de Marabá, para produção de ferro gusa, com dificuldade por não ter o melhor valor agregado, poderia se transformar em uma siderúrgica para produção de aço do tamanho da ALPA. Poderia agregar-se aos produtores da nossa vizinha Açailândia (MA) e teria o dobro da produção prevista para a ALPA. Mas, isso tudo só com logística.
É importante ressaltar que todas estas empresas sabem uma das outras e que todas são viáveis. A Hidrovia Tocantins é mais importante que qualquer outra obra. Podemos afirmar com toda a certeza: existe um Pará antes e outro depois da hidrovia.
Da forma prevista hoje, com um número restrito de passagens diárias pela Eclusa de Tucuruí, nossa Hidrovia Tocantins nasce pequena, com 13.000.000/MT/ano. Devemos pensar em usar nove segundos de energia elétrica – necessários para cada passagem pela eclusa – a mais e atingir o número 80.000.000/MT/ano e isto compensará a energia não produzida.
Nós, os Paraenses, contamos com isto.
* – Divaldo Salvador é economista, administrador, executivo da RMB. Cidadão Marabaense, após receber com honra o título da Câmara Municipal de Marabá, em 2006.