Carta de Zico à torcida rubro-negra, explicando seu apoio à chapa de Eduardo Bandeira de Mello, sem, no entanto, aceitar qualquer tio de cargo  no Flamengo.

 

 

 

“No dia 29 de agosto, eu publiquei aqui no site uma coluna em que falava da Chapa Azul, Flamengo Campeão do Mundo, na ocasião encabeçada pelo Wallim de Vasconcellos, mas com um grupo grande de empresários rubro-negros envolvidos. Na semana passada, o nome do Wallim foi impugnado e a chapa acabou sendo registrada tendo como candidato Eduardo Bandeira de Mello. Recebi algumas mensagens sobre a mudança e decidi, mesmo estando aqui em Doha com o Iraque, escrever mais um texto sobre o tema. Que fique bem claro para início de conversa: sigo apoiando a Chapa Azul.

 

Expliquei na coluna anterior que, mais do que um nome, o que me leva a acreditar que este grupo pode ser bom para uma virada no clube é a filosofia que está por trás dele. Profissionais de sucesso em suas carreiras, desprovidos de vaidade e que podem colaborar. Acredito nisso e tenho alguns amigos que fazem parte desse grupo, pessoas que me dão confiança.

 

Participei de reuniões, dei minha opinião e percebi que o grupo tem vários integrantes que poderiam encabeçar a chapa. O nome elegível é Eduardo Bandeira de Mello. Não quero entrar em questões políticas que envolvem a impugnação porque isso, a esta altura, não vai acrescentar nada. E repito: o importante é a filosofia e, por isso, acho que todos os sócios em condições de votar precisam estar presentes nestas eleições.

 

Gostaria de aproveitar para deixar bem claro que não aceito assumir nenhum cargo profissional no Flamengo e vou seguir fazendo o meu trabalho aqui no Iraque ou em qualquer outro clube ou seleção. No momento, tenho contrato em vigor e não pretendo descumprir. Peço a todos que entendam que hoje sou um profissional do futebol, gosto e preciso trabalhar.

 

Já li que há propostas, bem intencionadas, querendo viabilizar a minha volta profissional ao Brasil através do Flamengo. Reafirmo que não tenho nenhum compromisso com cargo no clube, mas continuarei, sempre que estiver no Rio ou for consultado, ajudando em projetos e no que puder colaborar. Se ficasse mais tempo no Rio, certamente estaria mais engajado.

 

Eu acredito e apoio o projeto da Chapa Azul, mas acho eticamente incorreto ligar minha legítima colaboração como ídolo do clube, torcedor, a uma possibilidade de receber um cargo remunerado caso a presidência mude. Não gostaria que o torcedor e o sócio do Flamengo entendessem meu posicionamento desta forma, por isso faço questão de deixar bem claro que esta hipótese está descartada. Não posso – pelo contrato firmado com o Iraque – e não vou – pela minha visão de como deve ser encarada a gestão – aceitar a oferta de cargo remunerado em caso do vitória da Chapa Azul.

 

Esclarecido esse ponto, pretendo seguir ajudando mais ativamente participando das reuniões e no que mais for chamado. O Flamengo é uma potência e precisa entrar num rumo compatível com o seu tamanho, a sua grandeza. Por isso, volto a conclamar os torcedores que são sócios e irem às urnas e votarem na Chapa Azul”.