Combater erros e mal feitos é nossa obrigação e faremos sempre que for preciso. Não há razão para duvidar da equipe que foi montada, que se esforça para fazer um bom trabalho, mas não há qualquer dificuldade em responsabilizar quem, por ventura, vier a claudicar. Essa é a minha posição, não abro mão dela, e é a do prefeito Tião Miranda“.

A definição é do vice-prefeito de Marabá Toni Cunha, ao comentar a determinação do governo municipal em enfrentar atos de corrupção, caso sejam detectados.

Sua relação com o prefeito Tião Miranda(foto), combate à corrupção, confirmação de que será ele o candidato oficial da gestão de Tião a deputado estadual, Toni  também fez análise do atual momento político nacional e das demandas na área de saúde do município.

A entrevista do delegado da polícia federal, agora vice-prefeito, aborda outras questões.

 

Você licenciou-se de um cargo público, delegado de Polícia Federal, para ocupar outra função, também pública, dentro de um processo eleitoral. O que você encontrou de diferente nesses campos opostos? O que é mais estressante, exercer o cargo de  delegado de PF ou vice-prefeito? 
Ambas são funções importantes no contexto da melhora de vida da população. A atividade pública, seja qual for, tem a missão de promover o bem estar das pessoas. Sempre fiz isso, com todo afinco, na função de Delegado de Polícia Federal. Agora, com o mesmo afinco, dou o máximo de meus esforços para ajudar o prefeito Tião Miranda a reconstruir Marabá, e estamos conseguindo. Ambas são funções estressantes quando se quer fazer um bom trabalho. Tenho muita honra de ter feito bons trabalhos na Polícia Federal e tenho tido, a par das grandes dificuldades, a mesma honra, em poder ajudar em outra esfera a melhorar a vida das pessoas. A vida pública, não raras as vezes, atrapalha sua vida pessoal, causa exposição desconfortável, mas ter a sensação do dever cumprido e ver que você pode fazer a diferença na vida do semelhante é de um valor imensurável, isso nos faz superar o que é desagradável.
Quando você assumiu o cargo de vice-prefeito divulgou-se que o prefeito Tião Miranda entregou-lhe a responsabilidade de monitorar os passos de secretários e outros auxiliares, focando principalmente no zelo pela ética e na garantia de que a atual gestão lutaria contra a corrupção. Isso tem sido feito por você?
O prefeito Tião Miranda  é o titular do comando do município. E exerce sua missão com firmeza. Não há como me entregar responsabilidades que são do prefeito. Mas, sem dúvida, temos o compromisso comum de não tolerar o errado, o mal feito, seja de quem for. Não titubearemos. Combater erros e mal feitos é nossa obrigação e faremos sempre que for preciso. Não há razão para duvidar da equipe que foi montada, que se esforça para fazer um bom trabalho, mas não há qualquer dificuldade em responsabilizar quem, por ventura, vier a claudicar. Essa é a minha posição, não abro mão dela, e é a do prefeito Tião Miranda.
Já foi detectado algum caso de corrupção no atual governo?
O Estado Democrático de Direito não é o Estado onde o errado não acontece. É o regime onde, se ocorrer o ilícito, ele é combatido com rigor, de modo exemplar para mostrar que não toleramos e prevenir para que não se repita. Em uma máquina tão grande, com milhares de servidores, é impossível não ocorrerem problemas, mas não toleraremos e tomaremos as providências legais necessárias. Essa é a posição do prefeito e a minha diante de fatos que possam chegar a nosso conhecimento. Ademais, a transparência, a criação de rotinas e sistemas precisam avançar, cada vez mais, para evitar possíveis ocorrências.
Historicamente,  a relação de prefeito e vice, durante uma gestão, é alimentada por intrigas, fofocas e disse-me-disse, culminando, maioria das vezes, em rompimento e instabilidade político-administrativa. Como você vem administrando humores e personalidades na sua relação com o Tião?
Tenho, e não é segredo, uma personalidade forte, mas sincera. Assim como tem, também, o prefeito Tião Miranda. Isso, diferente do que alguns podem pensar, ajuda muito mais do que atrapalha. Não somos afeitos a futricas, a fofocas, embora isso seja comum em alguns ambientes políticos. Conversamos, abertamente, sobre quaisquer tema, e isso faz com que não existam intrigas. Divergências de estilo sempre existirão em qualquer lugar, mas sabemos de nossas limitações  e há maturidade suficiente para defendermos os interesses de nossa cidade, em unidade de propósitos. Eu e o prefeito Tião Miranda gostamos muito de Marabá, aqui nossas famílias são pioneiras, e essa convergência de sentimento em favor de nossa cidade não deixa nascer qualquer tipo de intriga ou sentimento menor. Assim tem sido até agora.
Você é muito atuante nas redes sociais, mantendo  total interação com seus seguidores. Qual a contribuição que você tem recebido da população, através dos comentários contato on line em seus perfis digitais?
Uma das coisas que tem me deixado muito feliz nesse novo ambiente é conversar com todos os cidadãos, dar voz a todas as pessoas, principalmente as mais simples. Assim tem sido desde o início do mandato, nas ruas de toda a cidade, nas redes sociais, em meu gabinete. Assim, juntos, conseguimos dividir angústias, buscar soluções e muitos problemas, pequenos e grandes, são resolvidos. A população ajuda muito porque vive o problema e encontra resposta nas redes sociais. Isso tem sido muito positivo. Quando sabemos de algo que precisa ser resolvido acionamos o prefeito, que jamais se negou, inclusive pessoalmente, a buscar as soluções.
Na parte administrativa, o que você considera prioridade a atual gestão municipal atender, até o final do mandato, mas que diante das dificuldades do dia a dia o vice prefeito considera difícil de atingir?
O prefeito trabalha bastante, tem foco. Junto comigo e com a equipe de governo temos avançado muito, de modo que, nós mesmos, nos surpreendemos, afinal assumimos uma cidade em condições extremamente difíceis. Tudo é muito importante, nada é secundário. A saúde, vez que sem ela não há sequência. A educação, porquanto emancipa um povo. Enfim, tudo é muito importante. As questões de saúde, e já melhorou muito, nos tocam muito, mas é preciso que a União cumpra sua missão e repactue, de fato, essa relação entre as cidades. Os hospitais de Marabá não podem, com custo apenas para nossa cidade, arcar com pacientes de toda a região, de várias cidades. Não podemos fechar as portas, são vidas humanas. Precisamos ser compensados por isso, afinal os recursos saem apenas dos cofres de Marabá. Mas vamos lutar, sempre, para evoluir, a par das grandes dificuldades.
Do ponto de vista estrutural, que resvala na saúde, o saneamento básico é um problema. As obras nessa área são muito caras e Marabá tem um passivo de mais de 100 anos. Mas, junto com o prefeito Tião, vamos enfrentar essa questão. Conversamos muito sobre isso e, agora, com nossa cidade com o nome limpo, fora do CAUC, podemos lutar pela captação de recursos externos para avançar nessa questão.
Os hospitais Municipal e  Materno Infantil poderão um dia atingir nível de referência, atendendo a população em suas mínimas  necessidades?
Ambos hospitais melhoraram bastante. Isso é fato, embora precisem melhorar muito mais. Ocorre que, como disse anteriormente, tornaram-se hospitais regionais, com os custos todos para Marabá. Municípios vizinhos, por vezes, não possuem condições e uma multidão de pacientes bate às portas dos hospitais de Marabá. A União tem que, efetivamente, repactuar essa relação. Precisamos humanizar o atendimento, gestões estão sendo feitas para melhorar o atendimento no Hospital Materno Infantil, vez que atende grávidas e novos pequenos cidadãos em momento único. Há escassez de alguns profissionais, mas providências  estão sendo tomadas e, tenho certeza, o atendimento irá evoluir mais.
Há críticas em Marabá contra a decisão do prefeito Tião Miranda praticamente ter descartado equipar e fazer funcionar a UPA que tem um prédio construído na Cidade Nova. Diante das demandas na área de saúde, você aprovou a decisão do prefeito ou procuraria encontrar solução para tornar a UPA realidade?
O prefeito Tião Miranda não descartou nada. Ocorre que recebemos um prédio vazio, sem nenhum equipamento, cheio de defeitos de estrutura e uma cidade em péssimas condições. O hospitais precisando de muitos investimentos. Ainda assim, criamos um centro de especialidades, o Crismu, mamógrafos que nunca funcionaram estão funcionando, há um novo laboratório que precisa e vai funcionar melhor. Precisamos expandir mais a saúde e o prefeito quer isso. Muito será feito pela saúde pública, que fundamental para a população. São apenas 1,5 ano de governo e já há muito progresso.
Ao centro, Toni Cunha reunido com a comunidade.
Você tornou-se conhecido, na área política, por defender discurso de combate a corrupção. Essa linha é defendida sempre em seus postagens ou nas conversas com a população. O seu partido, o PTB conversa para fechar acordos visando a eleição majoritária de outubro. No Pará, como você se comportaria diante da possibilidade do PTB  se coligar com o MDB, partido considerado um dos que mais praticou atos de corrupção e roubos em suas diveras esferas?
Não tenho compromisso com a corrupção praticada por ninguém. Quem praticar atos ilícitos que responda, na forma da lei, de modo a ser responsabilizado, como deve ser. Ingressei no PTB convidado pelo Prefeito Tião Miranda, a maior liderança política do município, para disputar as próximas eleições apoiado por ele. Entendemos que precisamos, junto com todos os integrantes do nosso grupo político, estar juntos, por Marabá, pela nossa região. O Brasil precisa de uma ampla reforma política e partidária, apenas assim teremos partidos mais firmes, principiológicos. Meu partido é Marabá, o Pará, o Brasil. Com relação à eleição majoritária, não há debate partidário que eu tenha participado sobre essa questão. Ainda haverá o momento, quando das convenções. Já disse e repito que, democraticamente, serei fiel aos meus princípios e eles são inegociáveis. Com relação a partidos que mais ou menos praticaram a corrupção, digo-lhe que partido não pratica corrupção, pessoas a praticam. De fato, em muitos partidos, uns mais outros menos, existem pessoas corruptas. Que os corruptos, estejam em que partido estiverem, paguem por seus atos, na forma da lei. Tive a honra de participar da Operação Lava Jato, membros de inúmeros partidos estão implicados nesse importante trabalho, o que demonstra que a corrupção não é culpa de um partido, apenas. Temos que combater a impunidade (a operação fez isso), fazer as reformas e dar a resposta nas urnas, democraticamente.
Eu divulguei esta semana  a informação de que o prefeito Tião Miranda escolheu você como candidato oficial dele a deputado estadual. A postagem que eu fiz procede? Essa posição do prefeito é definitiva?
Fui convidado pelo prefeito, como já disse questionado por você ao telefone, para ingressar no PTB e ser apoiado por ele para uma candidatura a deputado estadual. Há uma pré-candidatura. Muito me honrou o convite do prefeito, que é a maior liderança política local, mas é uma candidatura de grupo, que penso ser de Marabá e região, supra partidária, portanto buscaremos apoios de muitos outros importantes atores da política municipal e da região. Temos uma aliança de lealdade recíproca com o prefeito e já demos muitas provas disso. O prefeito é conhecido por ser um homem de palavra e não há porque duvidar disso.
Além de Marabá, quais outros municípios do Estado você pretende trabalhar em busca de votos que possam levá-lo à AL?
Nossa base é Marabá e região e, seja como for, lutaremos por ela. Contudo, defenderemos ideias para o nosso Estado, que é tão rico, mas tão sofrido e explorado. Discutiremos, sinceramente, ideias onde queiram nos ouvir.
Como você avalia a situação política atual do país, sob o olhar de um agente público que atuou na Polícia Federal?
O Brasil passa por um momento único, de depuração. A operação Lava Jato trava o maior combate à corrupção da história mostrou que o Brasil não é mais o país da impunidade. Pobres ou ricos, se cometerem ilícitos, precisam ser responsabilizados. Viveremos a eleição mais importante desde 1988, talvez desde 1945. A população precisa mostrar que não quer mais o errado, o sem compromisso. Depois disso, precisamos fazer as reformas, principalmente a política, de essência. Aí sim poderemos dizer que nosso país entrou em uma nova era.
Você defende a presença dos militares na gestão pública do país, caracterizada numa intervenção do Exército, ou você é daqueles que luta ideologicamente pela manutenção da democracia na mão de civis?
Os militares possuem muita credibilidade no país. Já contribuem na administração pública, em muitas esferas, dentro das forças armadas e fora delas. São muitos profissionais, das mais diversas áreas, de altíssimo nível. Não tenho dúvida que as forças armadas são absolutamente conscientes de seu papel de defender o país, a democracia, o povo brasileiro. Sem duvida, as forças armadas, hoje,  são guardiãs  da democracia, da lei e da ordem.