Release da Câmara Municipal de Marabá informa que vereadores decidiram exigir da mineradora Vale investimento no município.

Demorou a se ler notícia sobre o assunto, já que os parlamentares marabaenses parecem não entender a necessidade de cobrar com dureza  a falta de compromissos da mineradora para com as demandas do município, local de onde a multinacional retira grande parte de suas riquezas, deixando  pendências sociais das mais sérias e insolúveis.

Vamos ao que diz a nota da CMM.

 

Um tema monopolizou a sessão ordinária da Câmara Municipal de Marabá nesta quarta-feira, dia 17 de março, que aconteceu remotamente. O principal assunto debatido foi a falta de investimentos relevantes da mineradora Vale em Marabá, deixando um legado de promessas, gerando muitos danos ao município.

O presidente da Câmara, vereador Pedro Corrêa Lima, fez um duro pronunciamento, levantando um histórico de promessas não cumpridas pela empresa com Marabá e região. Ele fez uma retrospectiva lembrando que em 2010 o Governo Federal, junto com a Vale e Governo do Estado, estiveram em Marabá e lançaram a pedra fundamental da Aços Laminadas do Pará (ALPA) fato que gerou grande repercussão e expectativa em toda a região, atraindo pessoas em busca de oportunidade. “No final não veio nada, deixando apenas problemas socioeconômicos”.

Já em 2015, no governo Simão Jatene, destacou que houve um diálogo sobre renovação de incentivos à Vale, que ganhou incentivos de 140 milhões de reais mensais do Governo do Estado. “O governador pediu para que fosse construída uma siderúrgica em Marabá e a Ferpasa (Ferrovia Paraense). Resultado, nem siderúrgica nem ferrovia e os incentivos foram renovados”, alfinetou Pedro.

Em 2016, ainda na gestão Jatene, Governo do Estado, Vale, Cevital e município assinaram um protocolo de intenções para implantação de uma siderúrgica em Marabá com investimento de R$ 2 bilhões, para iniciar em 2016 e concluir em 2017. Resultado: nada aconteceu e a Cevital nem veio.

Em 2019, o Governo do Estado se reuniu novamente com a mineradora e a empresa Concremat e assinaram o protocolo de intenções para implantação uma laminadora de aço em Marabá e, novamente, nada ocorreu até agora.

Pedro Corrêa também relembrou que Marabá e a região não tiveram benefícios da mineradora. “Está na hora de tomarmos uma posição. Exigir que a Vale venha trazer realizar investimentos em Marabá. Não podemos aceitar que uma companhia que leva as riquezas não deixe nada”.

O presidente da Câmara anunciou que irá criar uma Comissão de Desenvolvimento para tratar do assunto e de outros temas relacionados ao crescimento socioeconômico de Marabá. “A empresa precisa explicar por que não realiza investimentos aqui. A mineradora deve dialogar com o município, Governo do Estado e trazer investimentos, emprego, renda e verticalizar a produção de minério que tantas vezes prometeu em nosso município”.

Por fim, o presidente falou que não há desculpa para realização de reuniões, visto que pode ser iniciado ainda durante a pandemia, de forma remota. “Estive em uma reunião em 2018 onde a Vale tinha feito um estudo de viabilidade de produção de 1 milhão de toneladas de aço para o consumo interno e a diretoria da empresa havia autorizado e não saiu do papel. Está na hora de irmos atrás para que a mineradora apresente o projeto de produção de aços planos para o município de Marabá”.

Um dos mais críticos sobre a relação da mineradora Vale com Marabá, o vereador Miguel Gomes Filho solicitou apoio jurídico da Câmara para que, caso não haja resposta das solicitações dos vereadores ou que a empresa não sente para debater investimentos para Marabá, ele entre com ação na justiça contra a empresa.

Miguelito solicitou que a Vale construa um hospital de 100 leitos nos moldes do que fez em Açailândia-MA e dê todo apoio técnico para aquisição imunizantes para o município de Marabá.  “Esses projetos geraram expectativa nos empresários e nas pessoas atrás de emprego. E a Vale deve ser responsabilizada por isso. Devemos cobrar na justiça essa situação, porque essa companhia não nos respeita”. 

Alécio Stringari, Ilker Moraes, Vanda Américo, Raimundinho do Comércio, Elza Miranda, entre outros legisladores, foram na mesma linha e prometeram subir o tom contra a empresa, que não cumpre a palavra com Marabá. Para ela, a Câmara precisa contratar alguns consultores especialistas em investimentos no setor de mineração para ajudar na compreensão dos projetos que estão sendo gestados pela Vale nesta região. “É bom nos anteciparmos e dando palestras para nós, dando orientação, conhecimento e informando sobre o cenário de mineração para cobramos com maior conhecimento de causa”.

Vamos buscar o diálogo com a Vale e com todas as empresas, mas se não tivermos via de mão dupla iremos para outras ações. Por enquanto, vamos buscar uma mesa de negociação e direitos. Chega só de ônus, queremos os bônus também”.

Pandemia

Ao usar a tribuna na sessão de terça-feira, 16 de março de 2021, o decano vereador da Câmara Municipal de Marabá, Miguel Gomes Filho, o Miguelito, fez duras críticas à mineradora Vale em relação ao minúsculo apoio que tem dado ao município de Marabá relacionado à covid-19. De acordo com ele, a empresa entregou, ao município de Açailândia, no Maranhão, um Hospital de Campanha com 60 leitos, UTI Móvel e ambulância, com exclusividade para o atendimento da covid-19.

Esse apoio, segundo Miguelito, ocorreu em parceria com o Governo do Estado. “E para Marabá, o que essa mineradora faz? É como sempre, quase nada. Essa Vale é imprestável para Marabá. As riquezas que ela usufruiu eram todas de Marabá. Ela não deu nada para a cidade. Não tem nada dela aqui, a gente recebe bem e essa companhia era para ser “persona non grata” em nossa cidade. É doentio o tratamento que a Vale dá a Marabá. Nada deixa aqui, a não ser o buraco”.

A vereadora Elza Miranda reconheceu que Marabá tem uma grande inimiga chamada Vale. “Antes era Vale do Rio Doce, mas como de doce nunca teve nada, ficou só Vale. Lembro que no passado fizemos uma grande manifestação para que a Vale fizesse uma ponte rodoferroviária. Vamos fazer um grande movimento para que essa mineradora cumpra condicionantes para Marabá”, esbravejou.

 O presidente da Câmara, vereador Pedro Corrêa, informou que já requereu que a empresa vá à Câmara para prestar informações sobre o andamento da construção da nova ponte e sustentou que a data será marcada levando em consideração o momento atual da pandemia.