Em pronunciamento durante sessão remoto da Câmara Municipal de Marabá, a vereadora Cristina Mutran condenou a exclusão de outros segmentos da Saúde dos benefícios da bonificação temporária e transitório aos profissionais da secretaria de Saúde de Marabá que trabalham nas tendas montadas  na área externa do Hospital Municipal.

O abono salarial votado no plenário não se estende aos profissionais  do Samu, agentes comunitários de saúde, entre outros.

Cristina Mutran foi o primeiro voto  entre os vereadores que se abstiveram de aprovar a matéria, alegando que, como profissional também da área de saúde que já foi por muito tempo, não poderia jamais se posicionar favorável a um projeto que beneficia apenas um setor da extensa rede que luta atualmente, dia e noite, para tentar salvar vidas da Covid-19.

“Não voto contra a minha classe na Saúde. Trabalhei muitos anos no TFD (Tratamento Fora do Domicílio),que atualmente integra a linha de frente nessa batalha contra a pandemia; é lá no TFP que se recebem os pacientes doentes da Covid. Ou seja, hoje, todos os funcionários da área de saúde pública estão envolvidos diretamente nessa batalha para salvar vidas. Eu vou me abster desse projeto porque está errado. Se eu der meu voto favorável, estarei sendo injusta favorecendo apenas um grupo de funcionários. Não podemos deixar de fora o Samur, essa gente que passa o dia e noite transportando doentes para o hospital; não podemos deixar de fora desse projeto os agentes comunitários de saúde. São eles que visitam as residências. Outra, se for para dar abono somente a quem está debaixo das tendas, como é que um laboratorista pega o vírus trabalhando, e morre -, e essa pessoa teve contato com quem? Teve contato com um paciente contaminado de coronavírus. Portanto,, esse abono tem que ser para todos – e essa minha posição é inflexível”, disse a vereadora ao justificar seu voto de abstenção.

Além de Cristina, votaram por abstenção os vereadores Gilson Dias, Irismar Melo, Ilker Moraes e Ronisteu Araújo.

Em outro momento, Cristina foi incisiva quanto a sua postura política.

“Eu quero deixar bem claro que não estou votando contra a administração. Eu estou votando pelo que é correto! Se o governador, que é do meu partido, fizer alguma coisa errada eu o condenarei. E se agir corretamente, recebe meu aplauso. O mesmo digo em relação ao prefeito de Marabá. Portanto, meu voto é uma questão de justiça e coerência. Sinceramente, não posso ser favorável a esse projeto de lei enviado pela prefeitura de Marabá, porque ele vai contra meus princípios de profissional médica e contra as aspirações de meus colegas da mesma área profissional. Temos que ser justos com eles.”