Tão logo o deputado estadual João Chamon (MDB) divulgou sua proposta de estadualização do Hospital Materno Infantil de Marabá (passar o controle administrativo-financeiro para o governo do Estado), o médico Manoel Veloso reagiu, em suas redes sociais, divulgando post contrário à proposição do parlamentar marabaense.

Em sua justificativa, entre outros argumentos, Chamon  diz que “atualmente o município se encontra em difícil situação financeira para o custeio do mesmo (HMI) e por isso, me somo aos esforços para garantir melhor atendimento a todos que necessitam, lutando pela estadualização do HMI na Alepa” (print acima).

Manoel Veloso, em seu texto de oposição à estadualização, cita o vereador Pedro Correa, presidente da Câmara de Marabá, também defensor da proposta de estadualizar a unidade hospitalar e pessoa de extrema confiança do prefeito Tião Miranda, dizendo que  defender a entrega do hospital para a gestão do estado ” é concordar com a incapacidade do gestor municipal, que não prioriza os gastos com a saúde pública”.

O post de Veloso foi compartilhado por dezenas de pessoas e recebeu centenas de curtidas e comentários.

A seguir, íntegra do texto do médico marabaense:

“Não concordo mas respeito a posição do Deputado Estadual João Chamon (MDB) em defender e apresentar projeto autorizativo para a estadualização do Hospital Materno-Infantil, por ele estar fazendo um bom trabalho parlamentar em defesa de Marabá.

Entendo a preocupação do Presidente da Câmara Municipal de Marabá, Vereador Pedro Correa (PTB) em querer fazer seu papel. Mas, gostaria de vê-lo mais livre do cordão umbilical que o liga ao seu padrinho político. A cidade teria muito a ganhar com sua independência.

Não me junto a esta luta. Defendê-la é concordar com a incapacidade do gestor municipal, que não prioriza os gastos com a saúde pública. 
Existem várias evidências de uma má vontade do Prefeito Sebastião Miranda (PTB) em aplicar nosso dinheiro na manutenção e recuperação da nossa saúde, Elas estão presentes ao longo de sua trajetória política: este próprio HMI sofreu para ser inaugurado, mesmo depois de ter sido recebido praticamente pronto, após o falecimento do Dr. Geraldo Veloso. A saída de Marabá do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CISAT) foi uma de suas primeiras atitudes ao assumir em 2002. Recentemente, tivemos este episódio lamentável envolvendo o não funcionamento da UPA. Nos gabinetes da Secretaria de Saúde, esperam várias decisões de aplicação em investimento na saúde pública, com recursos federais, que não são efetivados por falta de vontade política. A própria Secretaria é gerida por profissional sem conhecimento técnico na área.

A culpa tem sido sempre colocada na falta de recursos. Será mesmo verdade? A arrecadação municipal bate recordes, e a ladainha da falta de dinheiro sempre aparece como justificativa. Será que o problema não seria falta de capacidade técnica e vontade política?

Acho que devemos cobrar mais investimento em saúde pública, porque saúde é nosso maior bem. Obras não deveriam ser a prioridade enquanto nosso povo padece de atendimento digno nesta área.

Não quero que o HMI se transforme em outro Hospital Regional, pouco acessível ao povo.

Precisamos que o prefeito arregace as mangas e cumpra o que prometeu na campanha e não queira se livrar de sua responsabilidade. Que encontre soluções para os problemas e não queira passá-los adiante. Que a câmara Municipal e a Assembleia Legislativa não se tornem cúmplices desta incompetência.

Lamento que as soluções estejam tomando este caminho. Espero que os parlamentares olhem com mais profundidade a gestão da Secretaria de Saúde, e da própria prefeitura, para encontrar os verdadeiros problemas.

Soluções existem. Se livrar dos problemas, jogando para cima dos outros, sempre é um caminho mais fácil. A responsabilidade dos políticos com mandato é maior do que a de quem não tem este poder. Façam valer. Todos temos a ganhar.”