(*) Por Ítalo Ipojucan – É  o termo que se poderia atribuir, a relação da gigante da mineração Vale e seus fornecedores no Pará e Maranhão. Notícias das mais diversas e escabrosas, dando conta de impasses nessa relação,  foram estampadas em blogs , circulado via  e-mails , jornais e pronunciamentos da classe política em esferas próprias.

O certo é que de fato ela existe, e  bem complexa. 

A  gigante divulga uma política socialmente correta de que tem como premissa, primar por uma relação saudável  e equilibrada com  seus “parceiros”, como forma de manter,  para sua própria comodidade,  uma  alternativa plural e qualificada no seu cadastro de fornecedores.

Para tanto, números, estatísticas e  gráficos enriquecem, de forma  acachapante, a apresentação dos seus executivos,  por ocasião de rodadas de negócios, demonstrando o crescimento em compras e contratações locais, comparados  com períodos   anteriores.

Divulga ainda como meta, aumentar progressivamente a participação local nesses indicadores.

Entretanto, na prática, o anunciado  não tem se configurado  bem assim.

Na praça de Parauapebas, local de concentração dos projetos, existe uma listagem infindável de registro de quebra de empresas no curso da execução de contratos com a mineradora. Não é o caso e não convém aqui nominá-las.

O registro apontava, em passado recente,    empresas do centro-sul  no centro das ocorrências, o  que poderia sugerir como possível  origem,  uma  precificação equivocada em função do desconhecimento da realidade local.

Além do avanço desses problemas  para   municípios vizinhos, ao longo da Estrada de Ferro Carajás,  verifica-se  que empresas locais e regionais já se enquadram também nos processos de quebras e insolvências. Também não é o caso de aqui mencioná-las.

Nesse cenário, o desequilíbrio contratual existente tem apresentado agruras das mais diversas. A insolvência dos compromissos atinge, em cheio, a cadeia comercial das cidades. Muitos são os estabelecimentos prejudicados, alguns com  a própria  existência comprometida.

Não é falso afirmar  que,  de certa forma,  o comércio local dessas cidades esta  a financiar com suas mercadorias e serviços o capital de giro dessas empresas.

A verdade nua e crua, é que entre a teoria defendida pelos  diretores  e a prática verificada em campo, a  distância é grande.

Em campo, na prática, parece enfronhada a idéia de que nessa relação, o contratado é  vilão, bandido, não o parceiro. O tratamento desigual é motivo de relato de vários fornecedores. “ A utilização banalizada de  instrumentos de pressão previstos contratualmente,  inicialmente aterroriza, depois compromete mesmo a condição de equilíbrio do contrato – são as notificações e multas” -, relatam.

Agrava a situação, a constatação de outras práticas que contribuem para o azedamento da relação comercial, como  atraso nas medições mensais que refletem em atraso nos pagamentos e de  decisões unilaterais em glosa de valores das medições, por exemplo.

Assim, recomendável seria  estabelecer um canal de diálogo, de conversação,  que envolvessem  outros  atores no  processo, como  Associações Comerciais, Secretarias de Governo  e Vale.

Nesse sentido, por iniciativa da ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá), ACIA (Associação Comercial e Industrial de Açailândia)  e ACIP (Associação Comercial e Industrial de Parauapebas),  diretores e gerentes da Vale, aceitaram o convite para enriquecer de informações e possíveis encaminhamentos delineados na ocasião para o polêmico cenário. 

Na próxima publicação, o assunto será abordado.

  (*)  Italo Ipojucan é empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá.