Louvável a dinâmica empreendida pelos atuais secretários de Governo do Dr. Simao Jatene. Deveras fiquei impressionado com a pontualidade, foco e decisão em construir alternativas e encaminhamentos para o restabelecimento de um setor produtivo paraense importante. Tudo ocorreu em recente reunião na sede de Governo/SEIR na capital.

Em Marabá, o setor de ferro gusa, estagnado desde a deflagração da crise econômica internacional de 2008, foi responsável pelo desemprego de milhares de pessoas em sua cadeia de produção. Uma infinidade de valores deixou de circular no comércio do sul do Pará. Valores significativos, constituídos na forma de salários, impostos, fornecedores, financiamento de bens de consumo dentre outros, simplesmente sumiu.

Desde então, uma combinação de fatores tem protelado o retorno da produção. Das onze unidades industriais, somente três, atualmente, encontram-se ativas e com sua produção a limites mínimos. Excetua-se ao grupo a Sinobrás, que produz gusa líquido para compor com a sucata o processo de produção de aço.

A sustentabilidade do setor, sempre questionada, foi alvo de diversas ações de órgãos de fiscalização. Multas impressionantes que sem dúvida nenhuma, colocava em cheque a própria existência da empresa.

O instituto Observatório Social (www.observatoriosocial.org.br), em edição especial de fevereiro 2011, tem como chamada destaque “A Floresta que virou cinza, devastação ambiental na cadeia produtiva do aço”, matéria que aborda o setor guseiro do país.

Sete anos depois de o relato a seguir, volta a criticar o segmento e o seu suprimento de carvão – em momento que o setor alimenta perspectivas de retorno.

Resultado de amplo trabalho jornalístico de 2004, relata em profundidade a forma ilegal da produção de carvão, aponta a existência de trabalho escravo, carvão produzido com madeira retirada de áreas de preservação ambiental, corrupção generalizada na estrutura do Estado, envolvendo funcionários públicos, políticos, Sudam etc….

Enfim, fulminante bombardeio, associando grandes grupos globais do setor de ferro e aço, como financiadores da devastação ambiental na Amazônia – Gerdau, Vale, ThyssenKrupp, Nucor Corporation, NMT, Ford, General Motors, Toyota e Nissan são citados.

Por fim, admite que a publicação da matéria em 2004, forçou as empresas a reconhecerem o problema, formatando, consequentemente, um pacto pela erradicação do trabalho escravo, bem como a criação do Instituto Carvão Cidadão, o que contribuiu para promover ações práticas no combate das não conformidades.

O setor tem também seus problemas internos.

As críticas internas apontam para o distanciamento de algumas empresas com a comunidade local. Chova ou faça sol, há que se reconhecer a importância desse segmento no cenário econômico regional. Impossível, em breve visita ao Distrito Industrial de Marabá, não se lamentar em observar a gigante estrutura do parque totalmente paralisada.

No primeiro encontro com o Governador Simão Jatene em fevereiro passado, a ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá) já demonstrava a sua preocupação com vários assuntos de interesse do Sul do Pará. Dentre eles, o setor de produção de gusa.

Na ocasião, a título de sugestão, ficou o registro da possibilidade de criação de equipe técnica de governo para construir cenários que apontassem a viabilidade do retorno desse setor à produção. Naturalmente, de outro lado da mesa estaria o setor interessado, partilhando dos estudos e encaminhamentos.

Posteriormente, o Secretário de Assuntos Estratégicos, Dr. Sidney Rosa, liderando a condução dos trabalhos, reconheceu a importância do setor para a economia paraense. Destacava então a necessidade de amplo exercício para estudo desse possível retorno da atividade guseira no DI de Marabá tendo como premissa básica, a condição da plena sustentabilidade ambiental.

Entenda-se como sustentabilidade, a condição de inovação tecnológica do setor e da solução das questões ambientais como o carvão vegetal e sua origem legal.

A formação de uma equipe técnica de governo, em conjunto com o setor, foi devidamente constituída nessa reunião, num primeiro passo prático, dentre muitos que serão necessários, buscando a normalidade produtiva do segmento.

Plenamente correspondida, minha expectativa inicial estava se consolidando.

Objetividade, praticidade e técnica demonstradas pela equipe de governo, composta pelos secretários Sidney Rosas (Ass.Estratégicos) , Tereza Cativo (Sema) , Antônio José, David Leal e seus assessores.

Parabéns pela condução inicial.

O que presenciei, foi a determinada intenção do governo em apoiar o setor produtivo, sem naturalmente deixar de pontuar as ações necessárias pelo empreendedor.

Sugestões, compromissos e metas a serem estabelecidas e cumpridas.

Outras etapas já definidas, darão continuidade ao trabalho idealizado e os caminhos para concretizá-los.

Enfim, uma luz no fim do túnel.

 

Texto de Italo Ipojucan, Presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá