O primeiro dia da Semana dos Povos Indígenas começou com o debate sobre o empoderamento da mulher indígena com a participação dos maiores nomes do movimento indigenista do País.

Em São Félix do Xingu estão Sônia Guajajara (MA), coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e Nara Baré (AM), titular da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Também participam as paraenses Ângela Kaxuyana, Puyr Tembé, Concita Somprê e Tuíra Kayapó.

O crescimento da representação feminina nas comunidades indígenas é uma das pautas levantadas pelos movimentos sociais junto à Organização das Nações Unidas (ONU).

“Queremos acabar com os estigmas que envolvem a mulher indígena. Não somos apenas belas e exóticas. Não fazemos apenas artesanato e trabalhos manuais. Em muitos casos, comandamos tribos, somos responsáveis pelas plantações, cuidamos da roça e dos filhos e ainda tomamos as decisões que, mais tarde, serão a palavra final em uma discussão”, defende Puyr Tembé, gerente de Promoção e Proteção dos Direitos dos Povos Indígenas da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).

Na foto de Rodolfo Oliveira, cantora Maria Gadu (c), uma das convidadas, com a organizadora do evento, Viviane Cunha.

Jogos

Às 19h desta segunda-feira (16), a Semana dos Povos Indígenas é oficialmente aberta, com apresentações culturais, exposição de artesanato e a aplicação da tradicional pintura corporal.

Na ocasião, o músico Mokuka Kayapó vai entoar o Hino Brasileiro na sua língua materna.

As competições começam às 7h do dia seguinte e ocorrem nas seguintes modalidades: futsal, arco e flecha, cabo de guerra, atletismo, vôlei e futebol de campo – estas duas últimas apenas no masculino. Após os jogos, à noite, tendas vão expor e comercializar o trabalho de cada etnia.

Na quarta-feira (18), é eleita a Miss Indígena e as tribos apresentam mais danças.

No Dia do Índio (19) ocorrem as finais das competições, pela manhã, e uma caminhada pelas principais ruas da cidade, à tarde, defendendo um tema definido pelos próprios indígenas durante a semana.

A organização espera a participação de dez mil pessoas por dia de evento, entre índios e não-índios.

História

A Semana dos Povos Indígenas começou como evento local, uma iniciativa da Prefeitura de São Félix do Xingu para dar espaço e voz aos Kayapós, a tribo mais representativa da região, mas cresceu e hoje é o maior encontro anual de etnias do Estado.

Além de ser uma arena multicultural, tornou-se espaço de reflexão e acolhimento.

Graças ao apoio de diversas instituições, uma gama de serviços é levada aos índios, como a emissão de documentos que dão acesso a direitos, atendimentos médicos e capacitações profissionais.

Este ano, mais uma vez, a ação de cidadania estará presente, garantindo a emissão de documentos (carteira de trabalho, RG e certidão de nascimento), atendimentos jurídicos, de saúde e odontológico, e de assistência social, como a inscrição dos índios no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal e acesso aos principais programas sociais da União, como o Bolsa Família. “É uma lógica que se inverte com a Semana dos Povos Indígenas. Antes os indígenas tinham de ir a Belém atrás desses atendimentos. Agora o governo traz esses benefícios à população”, constata Viviane Cunha, organizadora do evento.

Como nos anos anteriores, a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) vai promover oficinas do programa Biizu – de fotografia, audiovisual e elaboração de texto – atividade bastante aguardada pelos indígenas. “Eles se apropriam desses conhecimentos sobre a comunicação e transformam a própria realidade nas aldeias. É um mundo que se abre em diversas plataformas”, afirma a organizadora do evento.

O blog estará divulgando diariamente a programação da Semana dos Povo Indígenas, através da universitária de Medicina Okitidi Sompré (foto ao lado), da etnia Kyikatêgê, presente ao evento.