Sem o pólo metalmecânico no Distrito Industrial de Marabá, a verticalização das riquezas minerais paraenses não passa de utopia.

Quem afirmou foi o presidente da Associação Comercial e Industrial, Ítalo Ipojucan (foto) , durante palestra no 22º Encontro sobre o Corredor Centro Norte. A expressão agregar valor foi muito usada pelo executivo, fazendo paralelos entre o que representará a produção siderúrgica da Alpa e Aline, fabricando laminados, e o fomento de centenas de indústrias numa área específica, caso haja vontade política para se investir no pólo metalmecânico.

Ítalo destaca a necessidade de se juntarem vozes políticas, sem tom partidário, em torno do objetivo. “Não é possível que a classe política do Pará não consiga fazer pressão e resolver esse problema (da derrocagem da hidrovia), para viabilizar investimentos reais em torno do parque siderúrgico”. Apesar de não ter afirmado peremptoriamente, o presidente da ACIM deu a entender  estar  ficando cada vez mais emblemática a possibilidade da haver um retrocesso em tudo o que foi feito até agora em favor da verticalização.

“Não adianta sermos um Estado rico em reservas minerais,sem o aproveitamento de tudo isso a favor da melhoria de vida de nossas populações. De que adianta sermos rico em potencialidades, mas com pobreza extrema grassando nosso povo?”, perguntou.

Ao mesmo tempo em que revelou apreensão em relação às obras de derrocamento do Tocantins, Ítalo não deixou de pautar entusiasmo com a criação   de grupos de trabalhos, criados a partir de encontros realizados em Belém, pelo governo do Estado, destinados a discutir a implantação do Polo Metal Mecânico no Pará. Segundo ele, as oficinas  apresentaram o atual cenário das ações de capacitação e investimentos no Pará; discutiu a construção da matriz das oportunidades, ameaças, forças e fraquezas que impactam a formação de mão de obra para o Polo Metal Mecânico; e definiu estratégias, diretrizes e ações do segmento.

Na palestra, o executivo lembrou o trabalho que vem sendo realizado por empresários do sudeste do Pará, governo do Estado, Vale e a Aço Cearense  (Sinobrás), objetivando identificar as necessidades para implantação do pólo metalmecânico.

Detalhava aqui e ali as nuances do investimento industrial, convergindo, no entanto, quase sempre, para a sua maior preocupação: sem a hidrovia, não há metalmecânico; sem metalmecânico, não há verticalização plena das riquezas paraenses

Outro tema abordado: a parceria entre a Vale e o Grupo Aço Cearense, abrindo fortes possibilidades de fabricação de embalagens metálicas, gôndolas para supermercados, vagões, barcaças e estruturas metálicas, entre outros, a partir da matéria prima fornecida pelo Projeto Aline, arrematando, de novo: – Mas para que isso ocorra, o metalmecânico é fundamental.

Fez lembrança ainda aos esforços da Vale, junto com o governo do Estado, para a qualificação de mão de obra. “Uma parceria do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Marabá com a empresa Vale já qualificou 12 mil pessoas e colocou três mil no mercado de trabalho neste ano, além de promover quarenta e dois cursos de qualificação no município, junto com o Sine”.