Para avaliar a concessão do crédito, a IFC exigiu estudos de impacto tanto das atividades do Bertin quanto em sua cadeia de fornecedores no Sudeste do Pará. Foram contratados para isso os serviços da consultoria Arcadis Tetraplan, que levou em conta a região de Marabá e outros 16 municípios do entorno, cujos estudos estão sendo apresentados à sociedade.
A intenção declarada do Bertin ao pleitear dinheiro do Banco Mundial justamente para suas ações na fronteira agrícola amazônica é obter da instituição uma espécie de “selo” de certificação de boas práticas. Para uma empresa de capital brasileiro que exporta 80% de sua produção para mais de 70 países, a boa imagem no exterior é uma questão prioritária. Ficou bem claro na audiência que o Bertin já está desenvolvendo um projeto para limpar sua cadeia de fornecedores.
A comunidade tomou conhecimento, com critérios de auditagem apresentados, que estão sendo cortadas as relações comerciais com os pecuaristas acusados de grilagem de terras, violência agrária, desmatamento ilegal e uso de trabalho escravo, cujo processo está sendo denominado de “os quatro critérios críticos'”. O Bertin está criando um sistema informatizado de compra de gado que só vai aceitar os fornecedores isentos de problemas legais nos quatro quesitos. Na prática, a criação do cadastro “limpo” de fornecedores de carne ao Bertin pode representar um avanço em alguns temas.
O blog conseguiu checar que a análise da Arcadis Tetraplan aos fornecedores do Bertin de Marabá detectou comércio com quatro produtores que constam da “lista suja” do trabalho escravo.