Luiz Azenha é quem nos conta uma historinha que vem dos idos 1989, quando Lula disputou a primeira eleição presidencial.
Do tempo em que a Globo e Veja, realmente, eram formadores únicos de opinião do país, com suas portentosas forças de audiência de Norte a Sul  – já que naquela época não havia Internet com seus agilíssimos blogues contando o que se passa por debaixo do pano.

Azenha foi no fundo do baú relembrar dos chamados “golpes de véspera”, patrocinados pelos órgãos de comunicação integrantes do PIG ( expressão criada pelo deputado petista Fernando Ferro que Paulo Henrique Amorim ajudou a popularizar e que significa Partido da Imprensa Golpista, que tem Globo, Veja e Folha de São Paulo, entre seus nervosos representantes) -, preservando a prática suja da seletividade das denúncias, das notícias e dos alvos de investigações, para atingir Lula e seus aliados.

Principalmente, na manipulação e divulgação de pesquisas de opinião.

Reservem um tempinho para devorar a excelente matéria de Azenha!

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Pesquisa de dono de jornal

No embalo, Gilson Caroni mostra que o desmilingüido DataFolha aterrisou de vez no subsolo da safadeza, carregado de inutilidade nos seus números desmoralizados.

O blog faz questão de expor, na íntegra o texto do jornalista:

Após nova rodada de pesquisa do Datafolha, tudo terminou como fora previsto. O instituto confirmou o desejo dos donos do jornal, os vaticínios de seus articulistas militantes e a vocação partidária da grande imprensa corporativa. Como era de se prever, o levantamento, sob geral e justificada descrença, revela um mero exercício de acrobacia. Uma inutilidade tão grande que é legítimo se perguntar a quem interessa a pantomima?

Ao justificar o motivo de pesquisas em intervalos tão curtos, o jornalista Fernando Rodrigues explica que “O Datafolha realizou esta pesquisa agora porque também havia feito um levantamento em 24 e 25 de fevereiro, cinco dias após o lançamento oficial da candidatura da petista Dilma Rousseff. Agora, a coleta dos dados se dá também cinco dias após a festa do PSDB para José Serra se lançar na disputa.”

Nem o Barão de Itararé teria produzido melhor script. Nem o circo pegou fogo, nem os trapezistas caíram da corda bamba. Até os diversos palhaços já não conseguem provocar o riso. A platéia, outrora tão influenciável, faz parte do espetáculo e as feras, embora soltas, nada mais fazem senão aprofundar a crise de credibilidade de certos institutos e meios de comunicação. A arte da política comporta cálculos arriscados. Dependendo da estatura ética do atirador qualquer disparo só alveja o próprio pé.

Se a sondagem indica que há 54% de eleitores sem voto definido, qual a relevância da dobra superior da edição de sábado da Folha de S. Paulo que, em manchete, alardeia: “Serra mantém dianteira sobre Dilma”? O que significa, a crer na honestidade metodológica do Datafolha, uma vantagem de 10 pontos de um pré-candidato sobre o outro? Nada, rigorosamente nada. Salvo o que até o mundo mineral sabe: há uma tendência à polarização entre Dilma e José Serra, o filho dileto do bloco liberal-conservador. Para elegê-los os recursos são variados. Vão de manchetes desmentidas no corpo da matéria à censura da imagem do presidente Lula nos telejornais da TV Globo.

Faltando seis meses para as eleições, e com tanta coisa indefinida (composição das chapas, alianças, montagem das candidaturas estaduais), as intenções de voto são muito fluidas para grande parte do eleitorado. Fazer pesquisas em intervalos reduzidos de tempo só interessa comercialmente aos institutos e, como espetáculo, às corporações midiáticas que, conforme seus objetivos político-partidários, dão maior ou menor destaque aos resultados das sondagens que lhe interessam.

Assim, se a pesquisa Sensus foi desqualificada e, posteriormente judicializada, Datafolha e Ibope devem ser “interpretados com maior rigor científico.” Para isso são chamados os mesmos “cientistas políticos”, a maioria, por sinal, colaboradora ativa do Instituto Millenium, versão moderna do velho Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), um dos principais catalisadores do golpe contra João Goulart, em 1964.

O que pode ser mensurado é o fetichismo atávico de segmentos que, desde sempre, controlaram o aparelho do Estado e não se conformam em terem sido apeados de lá pelo voto popular. Entronizado no altar de devoção de suas lideranças orgânicas, a prestidigitação golpista é uma possibilidade renovada. Para isso, no caso do diário paulista, há sempre um funcionário de plantão na segunda página. Ora inventam epidemias e caos aéreos, ora legitimam sondagens que interessam à família Frias.

Eles já aprenderam que, terminada a temporada, a troupe mambembe, avalia o prejuízo, amarra a lona e parte para a estrada, mais uma vez tentando distorcer a realidade, mais uma vez na contramão da democracia. As determinações de classe não falham.

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Só o Serra Salva

Paulo Henrique Amorim, ferinamente mortal, cai de sola na safadeza da Folha, que extraiu ao avesso, criminosamente, frase de um discurso de Dilma Roussef em que ela lembra a época da ditadura dizendo que nunca fugiu da luta pela redemocratização do país.

PH ratifica aquilo que todos nós, embrenhados a todo instante nesse mundo do jornalismo nacional, sabemos há tempo: fato de que o PIG agora quebra de vez, caso Zé Serra não ganhe a eleição.

Vamos à leitura do Amorim, porque nenhum de vocês pode deixar de ler a denúncia que ele faz!

Só o Serra salva as empresas do PiG (*). Daí, o desespero

por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada

Na revista Carta Capital desta semana, na pág. 27, Leandro Fortes conta que a Folha “demorou CINCO DIAS para publicar o desmentido enviado pela assessoria da candidata e reconhecer formalmente o erro”.

O erro foi um erro ou foi de propósito ?

O erro foi inventar uma frase que a Dilma não disse: “eu não fugi da luta e não deixei o Brasil”.

Nos cinco dias em que a Folha censurou a carta de desmentido, o PiG dançou e rolou em cima do “erro”.

A Folha já tem uma rubrica no passivo com a Dilma: a ficha falsa.

E a circulação da Folha é a que mais cai, dos jornais impressos.

A Abril e a Veja – a última flor do Fáscio – não sobrevivem a outro mandato presidencial sem compras maciças de livro escolar.

O negócio de revistas desaba, a ponto de a internet, hoje, ter mais publicidade que as revistas.

A situação da Globo é a mais crítica.

Ela faz negócios escusos com o Serra, à luz do sol.

Como a operação para o Serra agasalhar um terreno que a Globo – como a Cutrale – invadia há 11 anos, num ponto valorizado da cidade de São Paulo.

O bolo publicitário da tevê brasileira não cresce, significativamente.

A TV Globo, durante trinta anos, cresceu com uma equação – 50% de audiência e 75% da verba publicitária.

Como a tevê absorve 50% de toda a publicidade brasileira, ela tinha 75% de 50%, ou seja, de cada R$ 1 investido em publicidade no Brasil, ela ficava com R$ 0,37.

Essa equação – inaceitável num regime de democracia – mudou.

O bolo não cresce e as concorrentes começam a tomar audiência e faturamento dela.

Ela não vai conseguir ser o que é, com menos audiência e menos dinheiro.

A qualidade vai cair – e a concorrência se acirrará.

No campo da imprensa escrita, a Globo acaba de ganhar em seu território, o Rio, um adversário considerável, o grupo português “Ongoing” – ler na Carta Capital desta semana, na pág. 50.

O “Ongoing” lançou um jornal de negócios, o Brasil Econômico, para ir para cima do Valor, que é da Folha e do Globo, e acaba de comprar um jornal popular no Rio, O DIA.

Os portugueses querem ir para a televisão

E já entraram nos nichos do mercado onde há oxigênio para a imprensa escrita: o popular e de negócios.

Ou seja, a Globo passou a ter um corrente de peso a lhe morder os calcanhares, já que o grupo vem de Portugal com variados interesses empresariais.

Logo no início do Governo Lula, o professor Wanderley Guilherme dos Santos dizia que a mídia impressa brasileira só tinha um poder remanescente: o de gerar crises.

(Como, agora, a de Belo Monte …)

Gerar crises para tomar uma grana do Governo.

É o que faz o PiG.

E mais, como demonstrou a presidente da associação dos jornais: hoje, no Brasil, o PiG é a oposição.

(Ainda mais que o candidato da oposição não tem o que dizer. A não ser que sempre foi candidato. O que sempre se soube.)

Esta eleição de 2010 coincide com o aparecimento de um nova realidade empresarial: a entrada da internet no jogo e a democratização das fontes de informação.

O PiG brasileiro só tem uma salvação.

Eleger o Serra.

Pelo menos no Data-da-Folha.

Daí, o desespero.

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Pesquisa nefasta

Em outro plano, o lúdico José Roberto Toledo aborda as últimas pesquisas desencontradas dos principais institutos do país.

Na íntegra, também, o texto de Toledo, do Estadão:

Esqueça os números e se concentre na história que eles contam. Mesmo assim, as versões contadas pelos institutos são irreconciliáveis. As tendências apontadas pelo Datafolha não batem com as traçadas pelo Sensus, que não são iguais às apontadas por Vox Populi e Ibope. A cada semana muda o narrador e, com ele, os rumos da novela eleitoral.

Segundo o Datafolha, a intenção de voto estimulada em José Serra (PSDB) caiu no começo do ano e voltou a subir, retornando aos patamares de dezembro. Já de acordo com o Sensus, Serra nunca saiu do lugar e continua no mesmo patamar que tinha em novembro.

Vox Populi e Ibope contam, até agora, uma história parecida entre si, mas divergente das duas anteriores. Como o Datafolha, os institutos detectaram uma tendência declinante de Serra no começo do ano, mas não viram, até agora, nenhum sinal de recuperação.

Sobre Dilma Rousseff (PT) os institutos tampouco concordam. Pelo Datafolha, ela cresceu rápido, mas bateu em um teto que a deixa distante de Serra. Para Sensus e Vox Populi, a tendência de crescimento de Dilma persiste e ela se aproxima cada vez mais do rival, se é que já não empatou com o tucano.

O único ponto em comum entre os institutos é a pesquisa espontânea: Serra e Dilma estão empatados tecnicamente. Mas muitos eleitores respondem ”Lula” ou ”candidato de Lula”. Sinal de que a petista tende a crescer.

Na ausência de fatos que chamem a atenção da maioria do eleitorado para a sucessão, os narradores tomaram para si o protagonismo da novela eleitoral. Paralela à dos candidatos, disputam uma corrida dos institutos.

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Pesquisa nefasta 2

Por fim, para fechar a atualização deste domingo, Luiz Nassif, contando “os bastidores da pesquisa Datafolha”.

As organizações Folha, sempre elas, liderando safadezas para influenciar a opiniao pública favorável a Zé Serra Alagão:

Os bastidores do caso Datafolha começam a aflorar.

Alguns dias antes do lançamento da candidatura José Serra, correu a informação de que o Instituto Sensus divulgaria sua pesquisa no mesmo dia. Poderia ser o anticlímax para Serra.

Dias antes, o Sensus passou a levar tiros da Folha, tentando desqualificar a pesquisa antes de saber o resultado. Um repórter foi incumbido de ouvir os donos do Instituto. Percebendo o jogo, ele informou que, devido às chuvas no Rio, os resultados sairiam após o dia do lançamento da candidatura Serra.

Em vão. Os tiros prosseguiram e a velha mídia começou a deixar pistas pelo caminho. O Datafolha preparou uma pesquisa de emergência, não programada. O Jornal Nacional anunciou que, dali para frente, só divulgaria resultados do IBOPE e do Datafolha.

Saiu o resultado do Datafolha, chamando a atenção geral, a ponto de ser colocado em dúvida pelos próprios jornalistas da Folha. Em vez de jogar com margens de erro em todos os estados, para beneficiar a candidatura Serra, o Datafolha jogou toda a variação no sul. E aí escancarou os erros cometidos, abrindo margem para fortes suspeitas de manipulação da pesquisa.

Foi o mais desgastante episódio na vida do instituto – que conquistou credibilidade nos anos 80 ao fazer o contraponto ao IBOPE.