Na manhã desta terça-feira o deputado João Salame (PPS) foi escolhido por seus pares para ser o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investifar o tráfico de seres humanos no Pará. O deputado Carlos Bordalo, do PT, foi escolhido para relator, e Celso Sabino (PR), para vice-presidente.

É a primeira CPI a ser instalada na atual legislatura, por proposição do deputado Edilson Moura (PT). No Senado Federal, a mesma Comissão foi criada a partir de proposta da senadora Marinor Brito (PSol-PA) e na Câmara Federal por iniciativa do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). A Comissão foi instalada com a presença do presidente da Alepa, deputado Manoel Pioneiro (PSDB), que assegurou total apoio político e condições de trabalho para o seu funcionamento. Estiveram presentes representantes de diversas entidades, como a Irmã Henriqueta, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

No comércio ilegal, o tráfico de seres humanos é considerado o terceiro negócio que movimenta mais dinheiro, perdendo apenas para o tráfico de armas e o de drogas. Estimativas da Organização Internacional do Trabalho apontam que, em 2005, esta rede criminosa movimentou cerca de 32 bilhões de dólares anuais. “Cada ser humano privado da liberdade é vendido aos mercadores por cerca de trinta mil doláres”, ressalta João Salame.

O deputado do PPS lembrou que em 2008 cerca de 500 mil pessoas foram vítimas de tráfico humano na Europa. E, desse total, 75 mil eram brasileiros. “Na maioria dos casos são jovens e mulheres, afrodescendentes com baixa escolaridade e desempregados, que são atraídos por promessas de bons empregos e uma vida melhor. Sem passaportes, lá são escravizados para atividades sexuais ou econômicas”, denunciou Salame. O deputado ressalta que existem denúncias que o comércio ilegal de órgãos do corpo humano também se beneficia do tráfico, na sua forma mais hedionda.

A região amazônica é uma das que mais fornece vítimas para essas redes criminosas, segundo o deputado. Ele ressaltou que existe também o tráfico interno, com pessoas sendo vendidas para trabalhar em garimpos isolados, geralmente na prostituição, ou mão-de-obra escrava em fazendas. “Vamos passar a limpo todas essas situações”, assegurou Salame.

O presidente da CPI informou que já na próxima quinta-feira será feita a primeira reunião administrativa da Comissão, para definir seu funcionamento, local de trabalho, assessorias e relatorias. “Logo em seguida vamos fazer uma reunião ampla, com a participação de todos os setores da sociedade que têm interesse no assunto, para definirmos nossa agenda de trabalho”, informa.

João Salame disse que espera ampla adesão da sociedade para esse assunto. “Não é possível em pleno século 21 convivermos com o tráfico de pessoas. Milhares de famílias sofrem com o sumiço de seus entes queridos. Esse flagelo precisa ser combatido e eu espero que a Assembléia Legislativa possa dar uma contribuição importante para combater esse crime hediondo com a realização dessa CPI”, conclui o deputado do PPS.