Evento denominado Cúpula dos Povos, foi aberto está tarde, no Aterro do Flamengo. Aguarda-se em torno de 20 mil pessoas debatendo questões como a pobreza, a biodiversidade e diversos temas vistos ao olhar das organizações não-governamentais, nacionais e estrangeiras.

Até às 12 horas desta terça-feira, foi intenso o movimento de trabalhadores montando tendas e estandes em toda a extensão do Aterro.

 

 

Os primeiros participantes das atividades da Cúpula dos Povos, no Rio, encontraram poucas informações e infraestrutura inacabada nos alojamentos destinados a diversos movimentos sociais e integrantes de Organizações Não Governamentais (ONGs) que participam do evento.

 

Ainda há pouco, um dos coordenadores dos núcleos de inscrição do evento informou ao blog que cerca de  15 mil pessoas já estavam cadastradas  para os alojamentos em dois Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e no Sambódromo do Rio.

Um quarto alojamento foi montado pela prefeitura do Rio na Quinta da Boa Vista para receber um grupo de cinco mil participantes que encontraram problemas para se cadastrar nos alojamentos oficiais da Cúpula e para visitantes avulsos.

Na manhã desta sexta-feira, a situação no local ainda era precária ( fotos acima), com a infraestrutura básica sendo instalada já com os participantes acampados.

Cerca de 100 participantes, entre estudantes universitários e integrantes de movimentos sociais diversos, chegaram ao local desde quarta-feira sem estrutura montada de banheiros, chuveiros e segurança. O local não conta com controle de acesso e a área das barracas está cercada por uma fita de isolamento.

“Chegamos na madrugada desta sexta, depois de 20 horas de viagem de Brasília até aqui e não conseguimos tomar banho até agora. Espero que até domingo a estrutura esteja concluída”, afirmou o estudante Rodrigo Lotario, de 28 anos.

Danuza Rodrigues, integrante de um grupo de artistas que acompanha a Cúpula, também reclamou da estrutura oferecida aos participantes. “Sempre participamos de fóruns sociais mundiais, mas estamos acostumados com outra infraestrutura. Eles convidam as pessoas mas nos deixam de qualquer jeito, sem informação”, afirmou.

Organizado por cerca de 200 organizações da sociedade civil, como o movimento indígena, de mulheres, de negros, por religiosos e ambientalistas do mundo inteiro, a cúpula pretende denunciar “as causas da crise socioambiental”, além de se contrapor ao conceito de economia verde, defendido na conferência da ONU que reunirá chefes de Estado no Riocentro.

Em entrevista à  imprensa acampada no Aterro,  um dos organizadores da cúpula, Ivo Lesbaupin, disse que as soluções apresentadas pela Rio+20 “são insuficientes em relação à gravidade da situação” do planeta. “Nossa intenção é fazer uma análise crítica das falsas soluções, como a economia verde, e apresentar caminhos para enfrentar a crise ambiental que vivemos”, explicou.

Com o tema Na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, serão promovidos nos próximos dias debates, assembleias, shows e manifestações. Entre as mais importantes está o protesto na Vila Autódromo – comunidade ameaçada pelas obras dos Jogos Olímpicos, em Jacarepaguá, na zona oeste – que ocorrerá dia 20, paralelamente à abertura do encontro de cúpula da conferência.

Experiências bem-sucedidas nas áreas de agroecologia e energia renovável serão apresentadas em minicursos durante o evento. Passeios a empreendimentos considerados tóxicos na Baixada Fluminense estão sendo divulgados. Um Fórum de Mídia Livre vai debater políticas de comunicação, entre outros temas, e uma rádio na internet vai amplificar as declarações dos participantes.

Quem deu as caras no Aterro do Flamengo no início da  tarde foi ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, garantindo que o  nível de participação da sociedade civil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) não tem precedente.  Segundo ele, mais de 1 milhão de recomendações foram encaminhadas por meio da plataforma online criada pelo governo federal para reunir propostas populares sobre desenvolvimento sustentável.

O ministro lembrou que as sugestões que receberam maior apoio, também por meio da plataforma digital, servirão de base para os debates presenciais no Rio, durante os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, que começam amanhã (16), no Riocentro.

Patriota minimizou a importância de uma possível vinda do presidente norte-americano, Barack Obama, à conferência. De acordo com ele, esse não é o tema mais importante do evento. “Isso não é assunto da Rio+20 neste momento, com toda essa movimentação governamental, ambiental e social, com 193 países trabalhando. Os Estados Unidos decidirão uma questão relativa a eles, quem é que os representa. A informação que eu tenho é que a delegação americana será chefiada pela secretária de Estado, Hilary Clinton, e terei grande prazer em recebê-la”, disse, em entrevista diante das tendas que compõem a Cúpula dos Povos e que abrigarão os debates populares – , ainda em fase de montagem, algumas delas, no início da tarde.

O poster registrará lances dos debates que começarão, oficialmente, a parte deste sábado, 16.