O Movimento Social de Ribeirinhos da Bacia Hidrográfica do Rio Pará está em frente à sede do Ministério Público Federal (MPF). São representantes de 7.850 de 82 comunidades de Barcarena e Abaetetuba.

Alegam estar fora do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o MPF, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e a Norsk Hydro / Alunorte.

Enfrentando prejuízos após os crimes ambientais da empresa norueguesa, nos dias 17 e 18 de fevereiro deste ano, os ribeirinhos demandam o pagamento do salário emergencial e demais compensações que se estenderam a apenas quatro comunidades do bacia do rio Murucupi.

Entre 16 e 18 de fevereiro, com chuvas intensas, ocorreu o vazamento de efluentes da bacia de resíduos de bauxita DRS2, da fábrica da Hydro Alunorte, em Barcarena.

Após denúncias, técnicos do MPPA, MPF, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e Instituto Evandro Chagas (IEC) constataram que além do vazamento, havia algumas tubulações ilegais que despejaram poluentes no solo da floresta e rios da região.

Essas tubulações não constavam nos projetos que obtiveram licenciamento ambiental. Tinham a função de, em caso de chuvas intensas ou vazamentos, escoar os poluentes de forma mais rápida, só que sem nenhuma espécie de tratamento.

O presidente da companhia norueguesa, Svein Richard Brandtzæg, chegou a reconhecer a poluição e pediu desculpas.

A própria operação da bacia de resíduos DRS2 foi questionada pelo MPPA, que questionou um “licenciamento experimental” concedido pela Semas, que é ilegal.

A agente de saúde Lidiane Marinho, das comunidades Vila de Beja e Rio Arienda, de Abaetetuba, diz que vários moradores passaram a apresentar coceiras e outras doenças de pele ao entrar em contato com a água.

Quem bebeu, passou a desenvolver problemas digestivos diversos, como diarreia e vômitos. A poeira e cheiro da água provocou doenças respiratórias.

Paulo Feitosa, líder do movimento social dos ribeirinhos e presidente do Instituto Barcarena Ambiental, reforça que muita famílias tradicionais, quilombolas, pescadores e donos de barracas de praias estão seriamente prejudicados pela poluição da bacia hidrográfica do rio Pará.

As comunidades se baseiam nos estudos do IEC e Laboratório de Química Analítica e Ambiental (Laquanam).

Economicamente, Barcarena e Abaetetuba estão prejudicados. A pesca e o turismo travaram.