Primeiro foi o decreto assinado por Jair Bolsonaro (9.725), extinguindo 21 mil cargos e funções gratificadas.

Logo em seguida, o anúncio do corte de 30% no orçamento das Universidades Federais.

As duas medidas, quase que simultaneamente, têm um alvo certo: as Universidades e Institutos Federais de Tecnologia.

Foram extintas  11.261 funções com as quais se estrutura a administração das 70 universidades federais, com seus 1,3 milhões de alunos.

E mais 1.870 funções comissionadas de Coordenação de Curso – FCC – destinadas aos professores que exercem a coordenação acadêmica de cursos técnicos, tecnológicos, de graduação e de pós-graduação nas instituições federais de ensino.

Além disso, 119 cargos de direção e 460 outras funções, nestas escolas.

A grande maioria, gratificações modestas, variando entre pouco menos de R$ 300 e R$ 900.

Sem elas, porém, o seu funcionamento vira um caos.

Isso, na cabeça dos olavetes que controlam o Ministério da Educação, deve ser uma medida saneadora pois, segundo o seu guru, o astrólogo Olavo de Carvalho, “a Universidade brasileira é distribuidora de drogas e nada mais”.

A pergunta que se faz em todos os cantos das áreas educacionais  das cidades da região Sul/Sudeste do Pará, depois das irresponsáveis medidas oficializadas pelo governo de extrema direita, é se a Unifesspa (Universidade do Sul/Sudeste do Pará), terá condições de continuar operando diante de minguados recursos.

Oficialmente, a Academia já se manifestou quanto ao seu futuro.

E o que expôs, em nota oficial, é o mínimo que se poderia prever diante do desmonte selvagem do ensino superior promovido pelo desgoverno federal

Como já foi amplamente divulgado, a Unifesspa  vai deixar de receber R$ 13,2 milhões, valor bloqueado que terá impacto no  custeio da universidade  ( funcionamento e manutenção , como pagamento de energia elétrica, água, serviços de limpeza e vigilância).

O que Bolsonaro está fazendo com a Unifesspa e demais universidades públicas, é um ato criminoso, irresponsável e voltado exclusivamente para inviabilizar o ensino superior gratuito.

Dentro desse desgoverno de extrema direita existe uma estrutura privativista que não pretende livrar nem o setor Educacional.

O articulador e executor dessa proposta de privatização do Ensino Superior é o ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem em sua irmã Elizabeth Guedes a figura de preposto dos interesses da família no campo empresarial.

Por isso, a meta de privatizar até o último recurso do Estado e acabar com todo e qualquer direito social dos trabalhadores e do povo pobre no país.

Além desse conveniente parentesco com o chamado “posto Ipiranga”, Elizabeth Guedes é vice-presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup), que representa os interesses de grandes monopólios educacionais, como Anhanguera, Estácio, Kroton, Uninove e Pitágoras.

Como defensora do lucro bilionário dos empresários da educação, Elizabeth já defendeu absurdos como Ensino à Distância (EaD) para cursos de saúde, algo feito sob medida para aumentar os lucros, demitindo professores e reduzindo os custos de infra-estrutura às custas de uma formação precária.

Segundo avaliação de Elizabeth, “o setor particular de ensino superior é o que tem mais avançado em qualidade.”

Muito bem, se qualidade é lucro, o blogueiro  considera a empresária  com a razão, pois programas de transferência de recursos públicos para os magnatas da educação privada – como com o ProUni, que tira renda de impostos que poderiam ser investidos na educação pública para gastar três vezes mais por aluno nas instituições privadas que, via de regra, não apresentam sequer estruturas de pesquisa e extensão – fizeram a fortuna dos empresários durante os governos petistas.

Não à toa, o maior monopólio educacional do mundo, o Kroton-Anhanguera, é brasileiro.

É nesse emaranhado de interesses privatistas que se fecha o cerco às nossas universidades públicas.

Particularmente, a Unifesspa, por ser uma das mais jovens universidades do país, necessitando de recursos sequenciais para montar sua estrutura de campis, é a que mais pode sofrer, podendo, sim, vir a paralisar parte de seus cursos.

Podem anotar, daqui uns dias, quando os cortes orçamentários começarem a ser sentidos.  o real desespero baterá à porta.

Obras de prédios paralisadas, contas de luz em atraso, falta de  tinta nas impressoras, e por aí vai.

Os caratonhas irresponsáveis postos em Brasília não tem a mínima ideia de que muitas cidades do interior têm vida econômica e social conectada com a universidade.

Se há desmonte desses espaços de ensino, são afetados diretamente milhares de vidas e empregos e uma relação cultural muito forte também.

A Unifesspa, com pouco mais de cinco anos, é casa de conhecimento de mais de 5 mil alunos, em 42 cursos de graduação e 18 programas de pós-graduação.

São jovens provenientes de centenas de cidades não apenas do Pará, mas de toda a parte do país.

Mas, o que está por trás disso tudo não objetiva “enxugar a máquina pública” tornando-a mais eficiente.

Não!

O que está ocorrendo é um ataque aos serviços e aos servidores públicos e, em especial à universidade.

Está claro que esse é o foco prioritário deste governo – desmontar as universidades públicas.

Para a Unifesspa sobreviver, será necessária, mais do que já vem ocorrendo,  a união da sociedade em torno de  seus propósitos.

Deputados federais e estaduais, senadores, governador,  vereadores, lideranças sindicais, associações de bairros, populações de todo o Estado, agarrados ao desafio de não permitir o seu fechamento.