Essa lei que criminaliza donos de cabarés e prostíbulos é um dos absurdos mais medievais do Brasil.
Um país com a solidez democrática do nosso não pode, definitivamente, conviver mais com essa aberração.
Mulheres que sobrevivem vendendo o corpo, nossas putas de tempos antigos, merecem respeito tanto quanto as madames socialites plantadas no café society das celebridades.
Quem já conviveu com prostitutas saboreando suas agradáveis e respeitosas companhias noturnas, sabe o quanto elas são doces, sofridas e imensamente humanas.
Na juventude, o pôster teve casos inesquecíveis com belas mulheres da vida – como chamavam.
E é bom ir logo dizendo: a palavra “puta” não pode ser vista como expressão ferina da dignidade implícita na vastidão da substância Mulher, nem diminui o ser maravilhoso que lhe habita.
Uma prostituta, como todos bem o sabem, é a mulher que cobra seus serviços, é a profissional. Necessária e útil em muitos segmentos e não cabe a nenhuma legislação julgá-la.
Ser puta é entender a fêmea em sua mais profunda essência; é não estar ao vínculo, justamente, de ter que explicar sua conduta. É livrar-se de etiquetas -, é simplesmente sentir.
O importante, em princípio, é o ser humana: comportar-se como Mulher, Fêmea, Guerreira, porque tudo misturado vira puta – no sentido mais poético e musicalizante.
Feliz da mulher a encontrar um homem que lhe desperte a puta existente dentro de toda fêmea, permitindo sua dança, sua beleza, seu cheiro exalado.
Metade das mulheres do planeta mantém a parte puta adormecida por não ter o seu ‘cafajeste’.
E quem é esse?
É o ‘puta-masculino’, o devasso, o homem sem preconceitos e sem travas, o que se deita e aproveita tudo o que seu corpo pode proporcionar sem ficar preocupado com a hipocrisia reinante na alma de terceiros. .
E no mais, é preciso ter graça nesse viver. Não imaginar apenas a Ave-Maria recheada de graciosidade
Por muito tempo, até seus 20 anos, o pôster andou em cabarés, dormiu com muitas prostitutas, chafurdado, apaixonando-se aqui e ali por algumas delas a ponto de achar que a vida terminava com o término de cada relação.
E nessas andanças, o sadio exercício do aprendizado.
Quantas cenas memorizadas ao longo dos anos de cafetinas bebendo a noite inteira, enquanto aguardavam “suas meninas” copulando até vinte vezes por dia; imagens da sucessão de maus tratos, surras que recebiam do cafetão e dos meganhas, as brigas, a insegurança, o medo e a permanente violência, e pelo fato de estarem sujeitas a contrair todo tipo de doença venérea, com poucos anos de “profissão”, viravam molambos humanos.
Nos cabarés, de tudo um muito.
Velhas putas. Cinquentonas. Quarentonas. Trintonas.
No ponto oposto do tempo, mocinhas de 14 a 20 anos, as preferidas dos coronéis de então, assim como dos oligarcas contemporâneos, ´donos´ dos lugares onde moravam – que sempre as priorizavam, pagando valores altíssimos por algumas horas de prazer.
Recém-chegadas ao ofício, as meninas logo perderiam o viço da pele, o brilho dos olhos, o brilho da vida, que em tais criaturas se esvai com velocidade espantosa – e logo também estariam descartadas – como descrita no bolero de Chico Buarque, imortalizada pela maciez da voz de Gal.
Nos bordéis é assim: em poucos anos a mocinha dadeira vira velha rameira, tão sôfrega e, selvagemente, sugados viço e a seiva da juventude.
Algumas dessas mocinhas, assim como chegavam, abruptamente, desapareciam sem deixar vestígios.
Outras putas envelheciam na casa de origem, aguardando, lentamente, a hora da morte.
Algumas morriam em vida, lentamente, como fruta que amadurece, e a mão de Deus ou dos homens não têm a piedade de estender, para colher um gesto inaugural de ternura.
Ficavam ali desidratando-se, encroando como frutas mal amadas, depois de extraídas de suas almas todo o suco e essência que nelas pudessem ter existido um dia – expostas à curiosidade pública, como espécie rara numa vitrine.
De lá para cá, nada deve ter mudado. Apenas os personagens.
O modus operadi se repete. E as estórias individuais dos cabarés e de suas putas, idem.
Quem entrasse num prostíbulo qualquer para transar o sexo pago, ou quem apenas se entregava ao convívio seresteiro com a boêmia, e ficasse na sala, a ouvir as vozes, numa vitrola, de Nelson Gonçalves ou Carlos Gardel, compartilhava, também, gemidos vindos de quartos próximos – não podendo identificar se eram gemidos da dor de morrer em vida, ou se eram produzidos pela máquina de esfolar e fazer gozar pessoas mortalmente vivas, tristes e solitárias.
Até hoje, quando escuto eventualmente “A volta do boêmio” (sucesso de Nelson Gonçalves), vem à memória, ao mesmo tempo, como sinos da agonia, os gemidos de Rita, a prostituta mais velha de um cabaré que existia no “Jadão”, zona boêmia mais animada de Marabá, nos anos 70 (a turma de então marabaense sabe de quem estamos falando).
Coroa simpática, mas que passava de seus 50 anos, Rita gostava de ensinar menino novo a fazer sexo, pegava os afoitos garotos sem pena, fazendo questão, elucidativa e didaticamente experiente, de mostra-lhes o caminho das pedras. Ou do gozo.
Rita me fez entender porque as putas e os boêmios voltam sempre, a procurar, sedentos, os sítios do perigo e da perdição .
Poderoso magnetismo, fascínio pela queda, e a sede de mergulhar na vertigem, faziam a gente retornar aos puteiros em busca daquelas envolventes “mulheres da vida”.
Rita e seus gemidos. E ais.
Mas, no fundo, ela acumulava também suas dores. Havia pedra de solidão em seu olhar.
Não sei que fim tomou aquela cafetina, só sei, de repente, aqui e agora, de uma baita saudades desses tempos de cabarés à meia luz, a luzinha vermelha à porta anunciando “aqui tem gozo”
O Blog endossa a campanha pela regulamentação, URGENTE, da profissão mais antiga do Planeta.
Viva as putas do Brasil!!!
Francisco Sampaio Pacheco
16 de abril de 2012 - 09:51Fala bicho,
”O tempo do silêncio já passou”
HB, bela matéria
Muito tempo atrás, tempo que não volta mais, atravessei os últimos anos da adolescência em Marabá, Olhando para trás, me vejo juntamente com tantos marabaenses inclusive você Hiroshi. no Clube de mães saltitando as deliciosas machinhas de carnaval,dentre outros lugares. Acabaste de criar asas, a fita voltou né bicho? Do Clube de mães até o JADÃO era um pulo sem contar o canela fina não aconselhável . Diria que a ansiedade era tamanha, lá havia uma puta por nome Margarida. Lembro que era a minha despedida, em seguida estaria indo para a terra prometida(Brasília).
Foi quando ela surgiu balançando os cabelos cor de ouro e uma doçura no olhar.Mas que estouro! Teria que colher todas as rosas do jardim para florir aqueles longos cabelos. Lembrando a Capitu no seu texto!, Mesmo sendo adolescente e um tanto nervoso, parece que dentro do peito o coração deu umas porções de cambalhotas de alegre. Claro achei que naquele momento era o mulecote certo. Tenho em mente que ela foi uma puta na melhor das intenções! Coisas do coração! O tempo passou, eu cresci, mas não esqueci a flor chamada Margarida.
Rita, Mariazinha , Margarida não tinham como fazer uma revisão de vida, com isso matando talvez os sonho dos seus filhos.
Saúdo todas as putas existentes!!
Francisco Sampaio Pacheco
15 de abril de 2012 - 22:51Fala bicho,
O tempo do silêncio já passou
Debruçado sobre a janela olhado o passado III
HB, bela matéria postada por você.
Muito tempo atrás, tempo que não volta mais, atravessei os últimos anos da adolescência em Marabá, Olhando para trás, me vejo juntamente com tantos marabaenses inclusive você Hiroshi.no Clube de mães saltitando as deliciosas machinhas de carnaval,dentre outros lugares. Acabaste de criar asas e a fita voltou né bicho? Do Clube de mães até o JADÃO era um pulo, sem contar, canela fina menos aconselhável . Diria que a ansiedade era tamanha, lá havia uma puta por nome Margarida. Lembro que era a minha despedida, em seguida estaria indo para a terra prometida(Brasília). Foi quando ela surgiu balançando os cabelos cor de ouro e uma doçura no olhar! Mas que estouro! Somente às rosas do jardim seria capaz de florir aqueles longos cabelos em sua alma sonhadora!
Fiquei me perguntado, como seria o primeiro toque naquele corpo marcado por tantos aventureiros da noite? Ah, esse tempo bom chegou ao fim Eu cresci mas não esqueci aquela flor chamada Margarida!
.Lembrando a Capitu no seu texto!, Mesmo sendo adolescente e um tanto nervoso, parecia que dentro do peito o coração dava umas porções de cambalhotas de alegre. Claro, achei que naquele momento era o mulecote certo. Depois saí daquele lugar chutando latas. Tenho em mente que ela não era somente uma puta, mas uma puta de uma mulher, na melhor das intenções! Coisas do coração!
Rita, Mariazinha , Margarida como tantas outras, não tiveram como fazer uma revisão de vida, e quem sabe matando os sonhos dos filhos!
– A diferença de uma puta para uma donzela,. “A PUTA é assumida sem receio de comentários alheios. A DONZELA se veste de uma capa, mais que por dentro há podridão”
Saudações a todas as putas!!!
Um abraço.
ANONIMO
12 de abril de 2012 - 08:02Tá legal,todo mundo acha a existencia legalizada da profissão “puta”; “profissional do sexo”, normal,necessária; com a babaquice que assola o país,de querer ser “politicamente correto” ( alguém sabe o que é isso ????), Aí fica a pergunta : gostarias que tua irmã, filha ou neta ,atuasse nessa área profissional ??? Para com isso ! Já pensou : E aí zé, como tá tua filha ? Tudo bem, ela é puta, trabalha em Goiania . Bacana ….
Clementine
11 de abril de 2012 - 23:44Realmente puta chama a atenção!!!
Olha quanto comentário.
José Coruja da Silva
11 de abril de 2012 - 22:52Caro Alan, tenho certeza de que boa parte desses mesmos políticos são filhos delas!
Anônimo
11 de abril de 2012 - 21:38Olha, não muito raro em dias atuais, encontramos novas geraçoes de cabarés. Onde diferente das opinioes de alguns poucos comentários, ainda é muito grande a busca por putas (acompanhantes), embora os tempos mudem o objetivo final prevalece. A busca por companhia divertida para fins sexuais, ou näo.
Concerteza seria bem melhor se regulamentassem, pois isso acontecendo ou não “elas” sempre existirão.
Luis Sergio Anders Cavalcante
11 de abril de 2012 - 15:21Hiro e demais, desculpem se me empolguei e até esquecí o assunto principal. Sou a favor da regulamentação da profissão. Em 11.04.12, MARABÁ-Pa.
Luis Sergio Anders Cavalcante
11 de abril de 2012 - 15:09Amigos, nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Os excessos não fazem, nem nunca farão, bem a ninguem. Falo não da mulher-puta seja ela nova ou, digamos usada. O importante é a fêmea saber ser mulher. Não sei nem me importa quem o disse, dizem que todo homem casado gostaria de ter em sua esposa, atitudes(com ele) e disposição sexual de uma puta da rua entre quatro paredes. Ou seja, entre os dois vale tudo. Sim, mesmo porquê, todos sabemos, que, ser do sexo masculino não implica, obrigatoriamente, ser um homem – há que se saber sê-lo. Embora ensaiado (programado) – e assim deve continuar – o jogo da conquista (entre um homem e uma mulher), que envolve olhares, aromas/cheiros, movimentos sutís e/ou não, é muito gostoso. Se o sexo, é pago ou não, é mero detalhe. Sou comtemporâneo de Hiro, João Dias e outros. Sei do que eles estão falando. Viví bastante os ambientes citados. E vivam as mulheres……Concordo com aquele adágio popular de que, ” Se DEUS fez coisa melhor que a mulher, guardou prá ELE. Em 11.04.12, Marabá-PA.
Alan Souza
11 de abril de 2012 - 15:0780% dos políticos do nosso Congresso tem menos moral do que as putas. E estou sendo generoso nessa porcentagem…
ANONIMO
11 de abril de 2012 - 14:08O coruja podia ser pelo menos um pouco original, essa é copiada e já foi repetida um milhão de vezes. Ah… gosto é livre,tem quem paga prá fazer, tem quem não paga. Eu choro…
Mulher de perto
11 de abril de 2012 - 14:04O excesso de liberdade aprisionou ou libertou a puta de toda mulher? Caro Hiroshi, de toda agressão que uma mulher possa passar, a pior é ela ser privada do proprio prazer….faço de suas palavras as minhas: feliz a mulher que encontra o seu PUTO.lindo post!!!abçs
José Coruja da Silva
11 de abril de 2012 - 08:48O Anônimo das 8:13 tem a sensibilidade de uma patada de elefante, ou de um piano em queda livre do 10ª andar!
ANONIMO
11 de abril de 2012 - 08:13Com o excesso de mulheres ,digamos,”disponíveis” (sem ofender) no atual contexto,muita mulher mesmo,jovens,lindas e ávidas por uma boa perfomance, vem essa turma de pijama,falar de cabaré e puta profissional ? Para com isso… é muita fraqueza ! Tem muita gatinha ,cheirosa ,toda durinha e pouco rodada, na praça ; e apenas querem prazer,boa conversa e um tratamento adequado. O ano é 2012 gente !!
Clementine
10 de abril de 2012 - 23:24Quanta empolgação nostálgica!!!
É muito homem se declarando…
Se eu fosse mulher de um de vocês começaria a me preocupar.
Já estaria beeem preocupada…
anonimo
10 de abril de 2012 - 21:54Hiroschi amigo quanto saudade do canela- fina, cabaré da Fabriça luz vermelha na porta de entrada, dentro luzes que mudavam de cor, deichando olhares diferente.
Amigo tempo que não volta mais, tempo de pagar primeiro a chave, depois o carinho da puta, naquele quarto que as paredes eram papel, tu lembras das pentiadeiras todas emfeitadas e cheirosas, com direito a bacia de aluminho e toalhinha.
anônimo
10 de abril de 2012 - 20:55Hiroshi,
Que saudades das putas, do cabaré da Chicona, e, do caldo da D. Sebastiana. Tempos bons, que poucos tiveram o privilégio de vivenciar.
João Dias
10 de abril de 2012 - 20:14leia-se: essa profissão.
grato.
João Dias
10 de abril de 2012 - 20:12“Rita e seus gemidos”
Devido a minha profissão inical como oficial da Marinha Mercante, no Longo Curso, tive oportunidade de conhecer Países como Holanda, Alemanha e muitos outros do Norte da Europa. Em Amsterdã (Holanda), Hamburgo (Alemanha), essas profissão é regulamentada, com toda proteção do Estado e respeitada pela sociedade. Muitos visitam a título de turismo.
No nosso caso, considerando que o fato social é uma realidade e não se restringe apenas aos cabarés, o melhor caminho é a legalidade.
Acredito que devo ter dado de cara com o nosso HB, depois do Clube de mães, do Alavanca, da ACROB – afinal, a cidade era pequena, preferências idênticas e não tínhamos como se esconder.
João Dias
sds. marabaenses.
João Dias, andamos, sim, trombando pelas cabarés das ruas de Rita, nas madrugadas quentes de uma Marabá cabarezeira. Abs
Ghyslaine
10 de abril de 2012 - 17:18Lindo texto… profundo e cortante… nelas a massa da vida é batida em pedra, exercício do desapego, do sexo sem sentimento, mesmo quando há amor, sexo em suas vidas é comércio e não romance… conheço algumas prostitutas ligadas à luta do Gempac, luta por respeito à lida, saúde, segurança, direitos, remuneração, reconhecimento… Dentre elas a querida Lourdes Barreto a quem trago nesse comentário, com muito carinho e admiração… a ela, e a elas, tomo a liberdade de dedicar um trecho do belo poema que segue:
Mulher da Vida
Cora Coralina
Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.
Mulher da Vida, minha irmã.
…
Ghys, o blog fica rindo de satisfação quando você faz comentários, qualificando a rota. Valeu, menina! Inda mais trazendo, á tiracolo, Cora Carolina. Lindo demais. E, que tal e loisa, entrevistar a Lourdes Barreto? Vamos mexer nesse folhetim? Beijos
waldo brown
10 de abril de 2012 - 16:30E quem é o filho da puta que, com essa moral disfarçada, impede que cabarés. Adoro essa palavra. Sejam criminalizados ? As verdaeiras putas estão debaixo do nariz. Ah, que saudade da “Condor”.
almir
10 de abril de 2012 - 16:17ainda leremos artigos com o seguinte título; ‘por que condenar um homocida, algum dia a morto morreria mesmo???!!!!’
Capitu
10 de abril de 2012 - 15:55Quem disse que nao é bom pra caramba ser chamada de puta às vezes?
Mas só de vez em quando, e pelo homem certo.
Vindo do errado, vira ofensa.
Me sentir uma p… Que delicia!