Marabá está sitiada pelo fogo.
Num raio de 100 km a fumaça circunda estradas, rios, igarapés e seu espaço aéreo. Quem se aproxima da cidade de avião enxerga de longe o cenário desolador, imensa massa escura concentrada como que denunciando a existência de uma grande explosão com seus efeitos assustadores.
Marabá voltou a ser o centro da atenção dos satélites monitores de devastação. Um dia berço de poetas apaixonados pelas suas belezas naturais, a cidade agora se esvai, grosseiramente dominada pela ira do fogo construído pela mão do homem.
São 16 horas.
As ruas de Marabá estão escuras. A fumaça adensa, atiçando vontades de se fazer algo para impedir essa triste fotografia, cálice de incêndio explícito num jardim sem seda.
Triste fim de semana, retornar ao topo do chão natal e ver-se trágica sensação de cemitério sem túmulos, vidas mortas andando a esmo.
Hoje a noite será cruel. Querer tentar respirar, sem conseguir, o brilho de uma miragem adormecida à flor de pálpebras ardendo de fumaça.
Hiroshi Bogéa
29 de setembro de 2007 - 12:42Anonimo (a) 12:01 AM, mais arrasado, me sinto.
abs
Hiroshi Bogéa
29 de setembro de 2007 - 12:41Melhor do que eu, você conhece o problema, deputado. Que se estende, teimosamente, em direção a Tucuruí.
A sua verve poética, bem sei, incomodada, chafurda também a si próprio diante dessa devastação incontrolável.
Continuemos a gritar, é o que nos resta.
Bom final de semana, Parsifal.
Anonymous
29 de setembro de 2007 - 03:01Arrasou!
Parsifal Pontes
28 de setembro de 2007 - 21:33Olá Hiroshi,
Tudo tem um preço, meu caro.
Esta “feia fumaça que sobe apagando as estrelas” é um centavo dos milhões que estamos pagando para o tal progresso que estamos experimentando.
Se foi esta a opção que se fez, se é isto que gera o tal emprego e a renda tão cantada em verso e prosa pelos arautos do desenvolvimento, que o nosso consolo sejam máscaras, ou uma visita semestral ao pneumologista.
Eu, do rés do chão da minha ignorância desenvolvimentista, não consigo fazer
esta conta com saldo.
Tudo o que eu consigo enxergar são os sinos dobrando somente à quem usufrui do produto final da fumaça.
Desconfio que esta matriz de desenvolvimento em estabelecimento na região, está mais ou menos parecida com os diamantes da África: quem passa o dia cavando as minas morre na miséria, quem recebe a pedra e confere os quilates mora em mansões na Antuérpia e ainda posa de magnânimo fazendo doações à África, que vão parar nas mãos dos ditadores de plantão, que compram armas para vigiar os catadores de diamantes.
Para resumir a ópera, a fumaça nada mais é do que as jaças dos diamantes.
Abraços,
Parsifal Pontes
Anonymous
28 de setembro de 2007 - 21:01De madrugada, depois de 2 horas, é que a fumaçao se espalha mesmo. Está dificil suportar..
ZECA