Terminou a audiência segunda audiência da ação judicial movida pela mineradora Vale contra o professor universitário Evandro Medeiros.

Durante oitiva ocorrida hoje no fórum de Marabá, os advogados da Comissão Pastoral da Terra – CPT, responsáveis pela defesa, iniciaram solicitando o arquivamento do processo a partir do argumento entregue por escrito contestando os elementos que  constituíam a base da acusação e que reportavam a minha pessoa a liderança da manifestação [incitação ao crime] e a efetivação da obstrução dos trilhos [crime contra ferrovia e risco de provocação de acidantes], para os quais não existiam provas concretas [um cartaz que não havia como direcionar a autoria e uma foto de manifestantes e minha ao microfone, num contexto em que várias pessoas usaram o microfone para se posicionar].

O advogado da Mineradora Vale, responsável pela acusação sustentou os dois argumentos e reafirmou a denuncia.

A juíza aceitou e recebeu a denuncia e então passou a ouvir as testemunhas de acusação e defesa.

As testemunhas de acusação entraram em contradição, o preposto representante da empresa não estava no local no dia da manifestação, afirmou não existir cancelas e mecanismos de controle de passagem de veículos e pedestre no local, informou horários imprecisos sobre transito de trem de passageiros e carga, não conhecia o nome dos bairros, disse que teve informação de que eu era o líder das manifestações e não apresentou novos elementos de sustentação da denuncia. O funcionário terceirizado  informou que existe cancela e mecanismo de controle  de passagem de veículos e pedestre no local, que a ferrovia fica num cruzamento com uma avenida, que me ouviu ao microfone e também outras pessoas, que não me viu dando ordens ou orientando os membros da manifestação, que o trem de passageira provavelmente já havia passado e só voltaria a noite, que não houve interdição com pneus ou coisas similares, etc.

O depoimento do funcionário terceirizado corroborou com os depoimentos das duas testemunhas da defesa, a professora Célia e o morador da comunidade onde aconteceu a manifestação, João Reis, que relataram que a cancela que bloqueia o transito sobre os trilhos e anuncia passagem do trem nunca baixou, que não houve bloqueio, que não liderei a manifestação, que o ato foi pacífico e não se demorou no local, que não houve danos a ferrovia, que os trens de passageiros e carga nunca chegaram ao local.

Ouvidas as testemunhas a juíza solicitou do professor relato dos fatos.

A defesa solicitou a absolvição e o advogado da Mineradora Vale, mesmo com o constrangimento das contradições de suas testemunhas de acusação, insistiu pedindo a condenação e alegando que “o direito ao protesto acaba quando invade área de interesse alheia, no caso da Vale S.A”.

Em seguida encerrou a sessão e disse quer iria proferir a sentença posteriormente.

Agora, a sociedade marabaense aguarda  sentença  favorável à absolvição de Evandro.