Pesquisa da acadêmica catarinense Marjorie Basso concluiu que os jornais estampam pouco negros e pardos em suas fotografias. Menos do que eles representam como população no país. Pior: esses personagens aparecem, em geral, em editorias que ajudam a reforçar os preconceitos que rondam. Quase nunca se vêem fotos de negros em editorias como a de Política ou de Economia, ou mesmo nas colunas sociais.

Os jornais são racistas? Certamente, não. A sociedade é racista, discrimina, segrega.

O jornalismo de calendário redime a todos? Também não. Mas destacar as lutas por uma sociedade mais justa e equilibrada é uma pauta da qual nenhum jornal pode se desviar.

O Brasil, último país do mundo a abolir a escravidão em 1888, continua tratando mal sua população negra: menos anos de educação que os brancos, menor salário, maior desemprego, mais delinqüência, mais presos nos cárceres e menos mobilidade social.

Os descendentes dos quatro milhões de africanos que chegaram durante três séculos ao Brasil representam 48% da população, isto é, cerca de 79 milhões, mas seu lugar na sociedade está bem abaixo dos brancos. A ausência de redes pessoais impede melhor acesso a melhores oportunidades de trabalho.

Esta situação supõe um obstáculo para a mobilização social. Os jovens pobres brasileiros, em sua maioria negros, se encontram diante de escassas alternativas que lhes permitam qualquer tipo de mobilidade social ou simplesmente a sobrevivência.

Em consequência disso, a probabilidade de que um negro seja preso é 5,4 vezes maior do que um branco e 3 vezes mais do que mulato.

No Dia da Consciência Negra, é sempre bom lembrar: as cores preto e branca formam a base para a formação de todas as outras cores.