A Prefeitura de Redenção, através da secretaria de Saúde do município, realizou processo de de compra de remédios do chamado kit covid, medicamentos ineficazes no combate à doença provocada pelo coronavírus.

O município concluiu, a partir de junho último, licitação na modalidade pregão, que permite a compra de acordo com a demanda assim que os contratos são assinados.

Na ocasião, a ineficácia dos remédios contra a covid já havia sido comprovada e seu uso não era recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Em Redenção, a prefeitura homologou, em 16 de junho, uma licitação que prevê a aquisição de 900 mil comprimidos de ivermectina, hidroxicloroquina, azitromicina e zinco até o fim do ano.

A quantidade seria suficiente para que cada morador do município recebesse ao menos nove pílulas.

Vereador eleito pelo PSD para seu sexto mandato e professor das redes estadual e municipal, o secretário de Saúde de Redenção, João Lucimar Borges, disse não se recordar bem da licitação que realizou.

 

“Preciso verificar, mas sei que a hidroxicloroquina não estamos mais usando. Quando houve toda a discussão em torno do remédio, sentamos com a equipe técnica e decidimos tirar do kit. A azitromicina e o zinco tenho certeza que estamos distribuindo. A ivermectina preciso checar”, dise o secretário fakando com repórter do UOL.

Horas depois do primeiro contato, ele mudou a versão.

Disse que conversou com a infectologista da pasta e que a distribuição de todos os medicamentos licitados já havia sido suspensa. Perguntado sobre quando ocorreu a decisão e quantos kits chegou a distribuir, o secretário não respondeu.

“Quando eu assumi o cargo, em janeiro, houve um pico altíssimo de casos. Todo mundo estava tentando se apegar em alguma coisa, às vezes [o kit] era até uma coisa psicológica para as pessoas.  Agora, estamos evoluindo”, concluiu, admitindo que fez a distribuição dos medicamentos ineficazes ao menos no início do ano.

Com valor de R$ 901 mil, a licitação concluída em junho estabeleceu a possibilidade de compra de até 500 mil comprimidos de ivermectina, 200 mil de azitromicina, 100 mil de hidroxicloroquina e outros 100 mil de zinco até 31 de dezembro.

Após a homologação, o município executa as compras conforme definir —até o momento, nenhum contrato foi assinado com fornecedores.

Desde o início da pandemia, a cidade paraense que, segundo projeção do IBGE, tem 86.326 habitantes, registrou 14.627 casos de covid e 254 óbitos