Um agente de trânsito do município de Tucumã, no sudeste do Pará, expõe sua demissão depois de ter pedido que o prefeito da cidade, Celso Lopes Cardoso (PSDB), retirasse o seu carro de cima de uma faixa de pedestre.

Não fica claro, nas imagens, qual foi o momento exato do fato, mas a gravação feita pelo próprio agente de trânsito mostra uma caminhonete branca estacionada em cima de uma faixa de pedestre.

O funcionário público relata, enquanto filma, a situação que passou.

“Pedi para o senhor prefeito tirar o carro dele de cima da faixa – falei ‘Dr. Celso, bom dia, o senhor está em cima da faixa’, mas sabe o que ele falou? ‘Tá demitido!'”.

Em cima da carroceria do veículo, as imagens mostram um colete com a inscrição “agente de trânsito”, o qual é retirado da caminhonete por um homem que aparece na filmagem vestindo uma camisa verde.

Ele não chega a ser identificado. Enquanto ele supostamente guarda o colete, o agente de trânsito continua:

“A pessoa que é para dar exemplo, tá aqui ó! Todo errado! Trei meu colete, tá ali. Pode ficar com meu colete, pode ficar com meu serviço, porque ficar vendo coisa errada e ficar calado só porque tem um cargo, é uma palhaçada!”, desabafa.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a infração por estacionar na faixa de pedestre é considerada grave com multa de R$195,23 e cinco pontos na habilitação.

 

Prontuário do prefeito

Celso Lopes Cardoso (PMDB) vem a ser aquele nacional que, em dezembro de 2003, passou 20 dias foragido depois de ter sido acusado de matar o vereador Adão Lote (PSB).

À época, ele exercia seu primeiro mandato na prefeitura.

A prisão preventiva foi decretada pela desembargadora Terezinha Moura, do Tribunal de Justiça (TJ).

O prefeito de Tucumã naquele período e o seu vice-prefeito Aparecido Rodrigues, que  também ficou foragido, foram denunciados pelo procurador Ricardo Albuquerque, do Ministério Público Estadual.

Lote foi assassinado em maio de 2023, dentro de casa, por dois pistoleiros, quando tomava banho.

Cardoso e Rodrigues tiveram a prisão determinada também porque estariam ameaçando de morte o juiz da cidade, Flávio Sanches Leão, o delegado Raimundo Benassuly, que investigou o assassinato, e a viúva do vereador do PSB de Tucumã, Ivanilda Souza.

Após o prefeito render-se à polícia, o subcomandante do batalhão, major Eliel Guimarães, alegando que o quartel não possui instalações adequadas para receber presos da Justiça, encaminhou Cardoso para a Penitenciária de Marituba, na Grande Belém, onde ele ocupa uma cela individual. “Essa foi a maneira que encontramos para cumprir a ordem da Justiça”, afirmou Guimarães.