Todos têm seu encanto: os santos e os corruptos / Não há coisa na vida, inteiramente má. / Tu dizes que a verdade produz frutos… / Já viste as flores que a mentira dá? (Mário Quintana)

Você pergunta e meus olhos se apertam, minha boca se aperta. O coração também. O que dizer? Não sei. Se penso dizer algo, e digo, as palavras saem como recitadas de uma bula de remédio – com todas as suas indicações e contra-indicações, letrinha miúda fingindo, ao mesmo tempo, intimidade e mistério.É preciso recomeçar do ovo. Do zero. Não quero deixar de dizer que te amo.
Minto quando digo que não quero você. Minto quando digo que quero você.
Minto que não minto quando minto sobre o amor que sinto e não sinto. Esse o mistério insuportável que sustenta nossa liberdade aterradora: tudo é bom; sempre é amor. E isso é tudo que eu sei dizer. Então, me ofereça seu abraço e seu silêncio. Não se trata mais de palavras.