Após revelar que a diferença entre Serra e Dilma havia se reduzido a apenas quatro pontos no final de fevereiro o Datafolha mostra agora que, passado um mês, Dilma mantém os pontos conquistados até então e Serra retorna ao patamar de dezembro, elevando sua vantagem para nove pontos.

Pesquisa reflete um instante e os resultados devem sempre ser avaliados considerando-se os fatos que antecederam sua realização. Após a divulgação do Datafolha de fevereiro, feito em um momento de exposição favorável a Dilma e após farto noticiário desfavorável a Serra, disseminou-se uma série de análises e projeções precoces apontando a ultrapassagem iminente da candidata petista. Houve uma supervalorização de um resultado pontual.

As entrevistas do atual levantamento foram efetuadas após Serra admitir sua candidatura na TV, em programa popular transmitido para todo o Brasil. No último mês as chuvas diminuíram em São Paulo e, em consequência, a exposição negativa do governo Serra.

Isso o ajudou a reverter o desgaste, crescendo significativamente no sul do país e recuperando-se entre os menos escolarizados e com menor renda, onde o prestígio e o potencial de crescimento de Dilma continuam fortes.

Os resultados atuais devem ser analisados, portanto, em sua verdadeira dimensão: representam um registro deste momento que, comparado com as duas tomadas anteriores, fornece uma sequência que delineia apenas duas tendências iniciais: a curva descendente de Ciro Gomes e a estabilização de Marina. Tanto a recuperação de Serra quanto a estabilização de Dilma ainda terão de ser confirmadas como tendências por novos levantamentos.

A eleição está longe de dominar as atenções da maioria dos eleitores e isso também deve ser levado em conta na análise dos resultados. A pergunta espontânea revela que 59% não sabem dizer ainda em quem irão votar sem antes ver a lista de possíveis candidatos. Esse fator, somado a uma eleição polarizada entre duas candidaturas que atraem a maioria dos votos, ainda pouco cristalizados, deverá gerar alternâncias frequentes ao longo da disputa.

Cabe às pesquisas acompanhar cada momento e aos analistas adotar prudência nas projeções. Não é uma eleição que permite prognósticos.
Texto: Mauro Paulino, Diretor Geral do DataFolha