Sentado no banco do ônibus observo um belo exemplar de fêmea, sentada em banco oposto, que teima em sorrir para mim.

Sorriso estranho, porém cativante.

De repente, ela se levanta e dá sinal para saltar.

Com um sorriso, convida. E eu, sem titubear, desço junto.

Nem bem deixamos o ônibus, num ato de ousadia, ela me puxa para um canto da rua, enlaçando meu corpo com seus braços frios. Sinto frio dos pés à cabeça.

Pergunto seu nome.

            – Eu me chamo Maria, Maria da Boa Morte.

Entro em desespero. Tento me desvincilhar dela, mas não consigo.

Seus lábios tocam os meus, transmitindo um frio que congela  a alma.

Imediatamente grito, desesperado:

                         – Socorro!

Nesse momento, percebo estar me debelando na cama de meu quarto, em plena madrugada de domingo, acordando de um louco pesadelo.

Levanto-me, vou ao banheiro, tomo água, ligo a TV, e fico ali, quietinho, esperando o sono voltar de novo.