Depois de quase cinco anos ausente do garimpo, andar agora pelas ruas de Serra Pelada dá uma sensação de estranha convivência com aquele formigueiro formidável de gente que tanto chamou a atenção do mundo.
Não há mais gente como outrora, é certo, mas é como se um filme reprisasse, as ruas da vila, as pessoas falando de ouro – ainda ! -, o vai e vem de pernas e bocas, agora uma comunidade bem mais idosa.
A poeira avermelhada continua a subir, agora assanhada pela ação de carros cruzando ruas. Naquele tempo, eles eram raros.
A vila de Serra Pelada deixou de ser uma currutela, para se transformar em comunidade servida por água potável, n´algumas partes de suas residências, centro de saúde e escolas.
A recém inaugurada pelo prefeito do município de Curionópolis, escola Ângela Bezerra, é o assunto da vila. Talvez pela grandiosidade de sua estrutura exatamente construída para dar conforto aos filhos do lugar.
Onde se para buscando uma boa conversa, o bate-papo gira em torno da recente presença, no lugarejo, do prefeito Wenderson Chamon, participando do ato de inauguração do bonito prédio educacional.
“Todo serviço que o Chamonzinho faz é assim, bem feito”, ensaia elogio, o dono da lanchonete onde doze pessoas rolam a conversa do dia, narrando o que de bom o prefeito tem levado para a comunidade.
Curioso, peço para conhecer a escola.
E lá seguimos, oito vileiros conduzindo o pôster, puxando papo que vai da última assembleia geral dos garimpeiros, convocada para aprovar um contrato da Coomigasp com uma empresa que vai explorar a chamada “montoeira”, a necessidade de se aterrar um buraco que está atrapalhando o trânsito numa ruela que liga nada a nada.
Chamonzinho, e a nova empresa, assuntos revezados.
– “Prefeito foi quem fez mais pelo garimpo”, diz um.
– “O Curió só tinha muita conversa”, garante outro.
– “Pelo jeito, deve ter ainda mais de 100 toneladas de ouro”, exagera um terceiro, prevendo o que a Colossus pode apurar na exploração mecanizada do “novo” garimpo.
Ao chegar à escola inaugurada, de cara dá para justificar o sentimento de orgulho dos moradores em relação ao reforço educacional construído pela prefeitura de Curionópolis.
O prédio imenso se harmoniza ao lado de uma quadra poliesportiva, formando um conjunto de conhecimento fincado no meio do garimpo.
Salas de aula climatizadas, espaços obedecendo a lei de acessibilidade, laboratório de informática com dezenas de computadores, cadeiras escolares anatômicas (foto acima).
Num corredor, tenho acesso a sala de artes, onde crianças exercitam todo tipo de manifestação e, consequentemente, suas capacidades cognitivas.
Obra de inclusão da mais alta qualidade.
A Serra Pelada com seus problemas sociais continua do mesmo jeito, mas há novos caminhos, há comprovados esforços para melhorar a vida de novas gerações, de filhos de filhos de muitos que aportaram na vila sonhando em “bamburrar”.
A longo de mais de 30 anos, os 8 mil habitantes do garimpo ainda sonham em meter a mão no ouro, só que ao lado de outra geração, focada em desafios mais consistentes.
Jovens idealizadores de novos tempos, falando em se formar, buscar conhecimentos, pegar a “boroca” em trajeto invertido: do garimpo pra cidade.
A Escola Ângela Bezerra (abaixo), entregue como foi à comunidade, torna o caminho da liberdade mais fácil, para tantos meninos e meninas que sonham em ser engenheiros, médicos, jornalistas, enfermeiras, empresários……
vitoriaa guinaraes
13 de setembro de 2015 - 13:10Duvido se essa escola ta do mesmo jeito.vidros quebrado e o arconficionado nao presta,tudo com defeito