Vivia-se a atmosfera de escolha do candidato do PSDB à presidência da República, na extensão dos anos 2009 e 2010.

O esforço concentrada do antagonismo entre José Serra e Aécio Neves, ambos governando São Paulo e Minas, ocorre nas duas capitais – São Paulo e Belo Horizonte.

Na linha de frente da disputa, dois jornalões tradicionais.

Na capital paulista, o jornal mais antigo do país em circulação, o Estadão, dá o tom, escalando colunistas para detonarem Aécio Neves.

É ali, na redação do diário pertencente à família Mesquita com exatos 135 anos de existência, que entra para a história do jornalismo brasileiro publicações de artigos e editoriais de caráter duvidoso, sem o menor critério ou compromisso com a verdade.

Defendendo ardorosamente o nome de José Serra, o Estadão escala o então colunista Mauro Chaves (já falecido) para detonar Aécio.

O adestrado profissional não perde tempo, redigindo texto que insinua o vício do ainda governador de Minas com a cocaína:

Pó Pará, governador”, este o título do artigo publicado no centenário jornal na tentativa de desmontar o crescimento, entre os tucanos, da pré-candidatura mineira.

Na parte que cabe à  entourage aecista, o troco não demora.

Em duas ocasiões, petardos surgem atingindo José Serra de partidários do então governador mineiro incrustados na redação do jornal “Estado de Minas”.

As ações ocorrem em virulentos editoriais e através de discursos públicos, numa demonstração de quanto é fedorenta, a deliberada promiscuidade das relações da grande imprensa brasileira com determinados personagens políticos.

Não apenas nas páginas cada mais desqualificadas dos jornalões, como, também, fuça à fuça.

Aproveitando a presença de José Serra numa solenidade em homenagem aos 80 anos do jornal Estado de Minas, o jornalista Álvaro Teixeira de Castro, preposto do “informativo” , falando em nome dos Diários Associados, solta o verbo em direção ao então governador paulista, que se encontrava ao seu lado:

– “São Paulo, não mexa com Minas, que Minas sabe dar o troco”, descaradamente assume seu lado vadio, o representante do jornal mineiro.

Já não bastava a disputa pelas páginas dos jornalões.

Exigia-se esforço bem mais explícito, com amostragem de cara e identidade dos proprietários da tradicional mídia.

Detalhes de toda essa patifaria são contados pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., em seu livro “A Privataria Tucana”, e servem para identificar até que ponto chegaram os donos da grande imprensa brasileiro na luta pela defesa de seus interesses particulares, em detrimento do interesse público.

Em proporção reduzida, mas com o mesmo grau de selvageria e inverdades, fatos idênticos ocorrem nas redações dos maiores jornais do Pará – e pelo país afora.

Enquanto a promiscuidade agiganta-se, a pequenez das circulações diárias da imprensa escrita rola ladeira abaixo num prenúncio de que brevemente esses papeluchos desfigurados serão meras lembranças na memória de antigos leitores.