Nota da ONG Terra de Direitos:

O caso do indígena Odair José Borari, cacique da Aldeia de Novo Lugar na terra indígena Maró, em Santarém, foi levado à Alta Comissária da ONU para assuntos de Direitos Humanos, Navamethem Pillay, que participou nessa sexta-feira (13) de um evento sobre defensores de direitos humanos. O Cacique Borari, ou Dadá como é conhecido na região, defende a área habitada por comunidades indígenas e ribeirinhas na gleba Nova Olinda, onde há mais de trinta dias a comunidade se mobiliza para denunciar a extração ilegal de madeira e a demora para a demarcação de terras indígenas. Apesar das constantes ameaças e dos dois atentados que já sofreu, Dadá espera há meses por proteção do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

O caso de Dadá foi narrado à Alta Comissária da ONU pela ex-diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Maria Ivete Bastos dos Santos, também ameaçada na região. Emocionada, Maria Ivete relatou que “a situação de Dadá é muito grave e ele realmente corre o risco de ser morto”. A Alta Comissária demonstrou preocupação com o caso e se afirmou que irá acompanhar a situação de perto.

As ameaças sofridas pelo Cacique Borari também foram constatadas pelo Relator do Direito Humano à Terra, Território e Alimentação, Sérgio Sauer, que esteve na região na semana passada. Para o relator, é urgente que as autoridades federais e estaduais atendam às demandas feitas pela comunidade quanto a fiscalização e o controle da extração ilegal de madeira na região. O Pará tem sido um estado emblemático em ameaça aos defensores de direitos humanos. De acordo com o Comitê Brasileiro de Defensores de Direitos Humanos, 34% das pessoas ameaçadas de morte hoje no país estão no interior do Pará.
Judith Vieira – assessora jurídica da Terra de Direitos