No embalo do post acima, só pala ilustrar, a reação de Juvêncio Arruda, publicada em boa hora no Quinta Emenda, ontem:

Não tem nada de estranha a entrevista da governadora Ana Julia sobre o crash ambiental do estado, conforme interpreta a jornalista Míriam Leitão, de O Globo.

Estranho é o país ficar com o bonus e o estado com o ônus. Os recursos destinados ao Pará no programa Territórios de Cidadania, lançado ontem em Brasilia, começam a mostrar isso. Pela primeira vez o Pará fica na dianteira dos recursos de um programa federal.
Mas ainda é pouco. Ana Julia também deve ir prá cima dos estados emissores de contingentes populacionais, co-responsáveis – pela incompetência de gerar empregos e investimentos em seus próprios limites territoriais – pela desordem demográfica que assola o Pará, embora o governo disponha de instrumentos, no licenciamento ambiental de novos projetos, por exemplo, de contenção de parte deste movimento.

Estranho é a precarização do emprego diante da imigração destemperada. Porque, ao mesmo tempo em que se desfaz as instituições e os serviços de proteção social, destrói o tecido social, destrói as relações sociais, deixa as pessoas entregues a si próprias.

Estranho é o Pará continuar a assistir seu crescente processo de favelização que se difunde por todas as cidades do interior.

Estranho, sim, como diz Juvêncio, é o país ficar com o bonus e o estado com o ônus.

Nos últimos doze anos, as principais intervenções nacionais, em verdade, aumentaram a pobreza urbana e as favelas nos municípios paraenses, elevando a exclusão e a desigualdade e enfraquecendo a elite urbana em seu esforço de usar as cidades como motores de crescimento.

Quem diz isso são dados do IBGE. São os índices que medem a qualidade de vida das pessoas.

Em vez de serem um foco de crescimento e prosperidade, as cidades tornaram-se o depósito de lixo de um excedente de população que trabalha nos setores informais de comércio e serviços, sem especialização, desprotegido e com baixos salários.

A sociedade, ao invés de ser fonte de segurança e proteção para seus membros, retirou deles a fonte de sua sustentação, que é o trabalho.

Estes são resultados, bem palpáveis, evidentes, das políticas e da globalização neoliberal, que Mirian Leitão é uma das principais representantes na grande imprensa.