Os governos tucanos passaram doze anos falando em fortalecimento da “base produtiva do Pará”, e esqueceram-se (ou não tinham preocupações com isso) de criar condições para distribuir dignidade no seio da base humana do Estado. À exceção de raríssimos conjuntos habitacionais construídos em algumas cidades para servidores públicos, não se tem conhecimento de investimentos aplicados em gestões passadas cujo (arre, palavra!) foco pretendesse reduzir bolsões de miseráveis da periferia.

Conhecendo detalhamento o Projeto “Cabelo Seco”, idealizado pela secretaria de Desenvolvimento Urbano Regional (Sedurb), dá um prazer danado imaginar cerca de quatro mil pessoas morando em casas dignas, com ruas saneadas e água de qualidade nas torneiras. Mais prazer ainda saber que o bairro a ser beneficiado é o que deu origem a cidade de Marabá, ocupado, desde os primórdios, por famílias pobres de pescadores, com rendimento médio entre 1 e 2 salários, que nem banheiros internos possuem em suas casas caindo aos pedaços, grande maioria sustentada por paredes de sapé.

18% das moradias do ´Cabelo Seco´lançam dejetos sanitários a céu aberto.

Não fica por ai.

O bairro têm como atividade econômica, além da pesca artesanal, conserto de embarcações, lavagem de roupas (as tradicionais lavadeiras do Cabelo Seco), e pequenos comércios. Em função disso, o projeto prevê respeito a esse status quo, ou seja, manutenção do uso compartilhado do espaço público de uma comunidade que utiliza os rios Tocantins e Itacaiunas (ambos se encontram ali) para a complementação de renda.

Ao final de execução dos projetos de extensão da orla na parte do rio Itacaiúnas, em continuidade a orla do Tocantins quase concluída pela prefeitura, construção de habitações e urbanização do bairro, o Pará estará sendo apresentado como Estado que cuida realmente de sua gente periférica-, respeitando tradições, modus vivendi. Habilitando-se, com isso, a conviver com gente feliz disposta a integrar sua verdadeira base produtiva.

Cláudio Puty, secretário de Governo, ativou recentemente start da concorrência das obras de urbanização do Cabelo Seco, orçadas em R$ 15 milhões.

Essa aí merece comemoração. Por um bom tempo.